O comprometimento visual é comum entre pessoas mais velhas e é associado às quedas e à redução da qualidade de vida. Problemas visuais em idosos muitas vezes não são relatados aos serviços de saúde. O rastreamento tem sido recomendado, pois a visão poderia ser beneficiada por meio do incentivo ao tratamento dos idosos com problemas visuais. Esta revisão encontrou cinco estudos em que a visão foi testada como parte de uma avaliação de triagem mais ampla. Nenhuma melhoria na visão foi relatada dois a quatro anos após o rastreamento, em comparação com idosos que não foram selecionados. Isto pode ter ocorrido pela falta de um claro plano de intervenção para os problemas visuais detectados no rastreamento. Em outro estudo, o risco de ter deficiência visual em ambos os olhos foi semelhante com o rastreamento universal e o padronizado, três a cinco anos após essa triagem.
Não há evidências de que a triagem de idosos assintomáticos, baseada na comunidade, resulte em melhorias na visão.
Como os objetivos do rastreio de múltiplos componentes em pessoas idosas são amplos, o benefício relacionado a inclusão de um componente de visão no rastreamento deverá depender de uma melhoria na visão dessa população.
Avaliar os efeitos do rastreamento em massa para detecção de deficiência visual em idosos na melhoria da acuidade visual dessa população.
Foram pesquisadas as bases de dados the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (que contém o the Cochrane Eyes and Vision Group Trials Register) (The Cochrane Library, fascículo 1, 2008), MEDLINE (1966 a Fevereiro de 2008), EMBASE (1980 a Fevereiro de 2008), PubMed (em 8 de Março de 2006; últimos 90 dias), UK Clinical Trials Gateway em 29 de Fevereiro de 2008, SciSearch, listas de referência de ensaios clínicos relevantes reportados e artigos de revisão. Entrou-se em contato com os investigadores para identificar ensaios clínicos adicionais publicados e não publicados.
Foram incluídos ensaio clínicos randomizados de triagem de acuidade visual ou multicomponente para a identificação de problemas visuais em indivíduos com 65 anos ou mais, em um cenário de comunidade.
Ambos os autores, independentemente, extraíram os dados e avaliaram a qualidade dos ensaios clínicos.
Dados referentes ao desfecho visual estavam disponíveis para 3.494 pessoas em cinco ensaios clínicos de avaliação multicomponente. O tempo do seguimento variou de dois a quatro anos. Todos os ensaios clínicos utilizaram medidas de auto relato de deficiência visual, como ferramentas de triagem e como medidas de resultados. Em quatro destes estudos, os indivíduos que relataram problemas visuais foram encaminhados a serviços oftalmológicos ou a um médico. Em um ensaio clínico, os idosos que referiram problemas visuais receberam informações sobre os recursos da comunidade projetados para ajudar aqueles com déficit visual. As proporções de participantes dos grupos de intervenção e de controle que relataram problemas visuais na avaliação dos resultados foram de 0,26 e 0,23, respectivamente (risco relativo para deficiência visual de 1,03, intervalo de confiança (IC) de 95% 0,92-1,15). Dados de desfecho visual também estavam disponíveis para 1.807 pessoas com 75 anos ou mais em um ensaio clínico randomizado do tipo cluster no qual as práticas gerais dos médicos foram randomizadas em duas estratégias distintas de rastreio; universal e padronizada. Três a cinco anos após o rastreamento, o risco relativo para acuidade visual inferior a 6/18 em ambos os olhos comparando o rastreio universal com o padronizado foi de 1,07 (IC 95% 0,84-1,36, P = 0,58). A pontuação média do questionário de função visual de 25 itens do the National Eye Institute foi de 85,6 no grupo de triagem padronizada e 86,0 no grupo de triagem universal, uma diferença de 0,4 (IC 95% de -1,7 a 2,5, P = 0,69).
Traduzido por: Joyce Godoy Farat, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato:portuguese.ebm.unit@gmail.com