Pergunta da revisão
Avaliámos a eficácia dos glicocorticoides no crupe em crianças para determinar se reduziram os sintomas do crupe, o retorno aos serviços de atendimento, a duração da permanência nos serviços de atendimento e a necessidade de tratamentos adicionais; ou se teve efeitos adversos.
Contexto
O crupe provoca inflamação e edema da garganta e da traqueia, resultando em rouquidão, tosse intensa e respiração ruidosa. Os glicocorticoides podem reduzir o edema, facilitando a respiração.
Esta revisão foi publicada anteriormente em 1999 e atualizada em 2004 e 2011.
Data da pesquisa
Pesquisámos artigos publicados até Abril de 2018.
Características dos estudos
Foram incluídos 43 estudos (4565 crianças com idade até 18 anos) publicados entre 1964 e 2013. Os glicocorticoides investigados incluíram beclometasona, betametasona, budesonida, dexametasona, fluticasona e prednisolona. A maioria dos estudos (n=26; 60%) comparou qualquer glicocorticóide com placebo. Destes, 15 (58%) testaram dexametasona em comparação com placebo. Três estudos compararam doses de 0,6 mg/Kg a 0,15 mg/kg de dexametasona, uma questão clínica comum. Metade dos estudos (n=22; 51%) incluiu doentes do ambulatório que recorreram a serviços de consulta ou urgência - 18 (42%) na América do Norte, oito (19%) na Europa, sete (16%) na Ásia e 10 (23%) na Austrália. Vinte e seis (60%) estudos compararam os glicocorticoides com tratamento placebo; quatro (10%) compararam glicocorticoides com epinefrina; 11 (26%) compararam um glicocorticoide com outro glicocrticoide; três (7%) compararam um glicocorticoide com uma combinação de glicocorticoides; cinco (12%) compararam os glicocorticoides administrados por vias diferentes; e quatro (9%) compararam os glicocorticoides administrados em diferentes quantidades.
Fontes de financiamento
As fontes de financiamento incluíram: governo (12%), instituto académico ou de investigação (7%), indústria (19%) ou fundações (7%). Mais da metade dos estudos (56%) não referiu as fontes de financiamento.
Resultados principais
Os glicocorticoides melhoraram os sintomas do crupe em duas horas (evidência de qualidade moderada), e o efeito durou pelo menos 24 horas (evidência de qualidade baixa). Os glicocorticoides reduziram as taxas de retorno aos serviços, admissões e reinternamentos (evidência de qualidade moderada). Quando tratados com placebo, 204 de cada 1000 crianças regressaram aos serviços de saúde. Quando tratados com glicocorticoides, 74 a 153 de cada 1000 crianças regressaram aos serviços de saúde. Os glicocorticoides reduziram o tempo de permanência nos serviços de saúde em 15 horas (variação de 6 a 24 horas), mas não houve diferença na necessidade de tratamentos adicionais. Dos estudos que compararam os glicocorticoides com placebo, 50% colheram dados sobre os efeitos adversos. Quatro estudos reportaram a ocorrência rara de infeções secundárias (por exemplo, pneumonia e otite). A maioria dos outros efeitos adversos não foi grave (por exemplo, sofrimento emocional, hiperatividade e vómitos). Não é certo qual o melhor tipo, quantidade e modo de administração (oral, inalado, injetado) de glicocorticoides para reduzir os sintomas de crupe em crianças.
Qualidade da evidência
A maioria dos estudos (98%) teve limitações de ordem metodológica, viés de reporting, ou ambos.
Traduzido por: Rute Baeta Baptista. Pediatria Médica; Hospital de Dona Estefânia; Área da Mulher, Criança e Adolescente; Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Área Disciplinar Autónoma de Fisiopatologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, com o apoio da Cochrane Portugal.