Exercícios dos músculos ao redor do ânus, com ou sem biofeedback (que auxilia a perceber quando os músculos estão se contraindo) para o tratamento da incontinência fecal em adultos

Incontinência fecal (incapacidade de controlar as evacuações ou perdas fecias) pode ser um problema muito embaraçoso e socialmente restritivo. Existem muitas causas possíveis, incluindo lesões que ocorrem durante o parto nos músculos que controlam as defecações. Exercícios para fortalecer esses músculos e 'biofeedback', onde um equipamento é usado para mostrar às pessoas como usar estes músculos corretamente, muitas vezes são recomendados. Houve alguma evidências de ensaios clínicos, sugerindo que estes tratamentos são úteis. Se os pacientes que já tentaram e falharam outros tratamentos mais simples, como alterações dietéticas ou uso de medicamentos, são selecionados e iniciam biofeedback, utilizando equipamentos computadorizados ou balão retal, isto é mais benéfico do que realizar os exercícios isoladamente. Exercícios e estimulação elétrica usados no ânus podem ser mais uteis do que exercícios vaginais para as mulheres com incontinência fecal após o parto. Cerca de metade dos 21 ensaios clínicos eram de baixo risco de viés. Eles compararam diferentes combinações de tratamentos e diferentes medidas de resultados, tornando difícil a comparação entre eles. No entanto, um pequeno número de ensaios clínicos maiores recentes fornecem melhores evidências.

Conclusão dos autores: 

O número limitado de ensaios clínicos identificados, juntamente com as deficiências metodológicas de muitos, não permitem uma avaliação definitiva do papel dos exercícios do esfíncter anal e da terapia de biofeedback no manejo de pessoas com incontinência fecal. Nós encontramos alguma evidência de que biofeedback e a estimulação elétrica pode melhorar o resultado do tratamento em comparação com a estimulação elétrica isaolada ou os exercícios isolados. Exercícios parecem ser menos efetivos do que um estimulador de nervo sacral implantado. Embora exista uma sugestão de que alguns elementos da terapia de biofeedback e os exercícios esfincterianos possam ter um efeito terapêutico, isso não é claro. Ensaios clínicos bem planejados e maiores são necessários para permitir conclusões seguras.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Incontinência fecal é uma condição particularmente constrangedora e angustiante com implicações médicas, sociais e económicas significativas. Os exercícios de esfíncter anal (treinamento muscular do assoalho pélvico) e a terapia de biofeedback têm sido usados para tratar os sintomas de pessoas com incontinência fecal. No entanto, os padrões de tratamento ainda são escassos e a magnitude dos supostos benefícios ainda não foi estabelecida.

Objetivos: 

Determinar os efeitos do biofeedback e / ou dos exercícios esfincterianos/ treinamento muscular do assoalho pélvico para o tratamento da incontinência fecal em adultos.

Métodos de busca: 

Nós procuramos na Cochrane Incontinence Group Specialised Trials (pesquisado em 24 de janeiro de 2012), que contém artigos de busca CENTRAL, MEDLINE e realizamos uma busca manual de resultados de conferências e as listas de referências de artigos relevantes.

Critério de seleção: 

Todos os ensaios clínicos randomizados ou quasi-randomizados avaliando biofeedback e / ou os exercícios de esfíncter anal em adultos com incontinência fecal.

Coleta dos dados e análises: 

Dois revisores avaliaram o risco de viés de ensaios clínicos elegíveis e dois revisores independentemente extraíram os dados dos ensaios clínicos incluídos. Uma ampla gama de medidas de resultados foram consideradas.

Principais resultados: 

Vinte e um estudos elegíveis foram identificados com um total de 1.525 participantes. Cerca de metade dos ensaios clínicos tinham baixo risco de viés para randomização e alocação sigilosa.

Um pequeno ensaio clínico mostrou que o biofeedback associado aos exercícios foi melhor do que exercícios isolados (RR para não conseguirem atingir a continência completa 0,70, 95% IC 0,52-0,94).

Um pequeno ensaio clínico mostrou que a adição de biofeedback à estimulação elétrica foi melhor do que a estimulação elétrica isolada (RR para conseguirem atingir a continência completa 0,47, 95% IC 0,33-0,65).

Os dados combinados de dois ensaios clínicos mostraram que o número de pessoas que não conseguem obter continência fecal completa foi significativamente menor quando a estimulação eléctrica foi adicionado ao biofeedback, comparada com o biofeedback sozinho (RR de 0,60, IC de 95% 0,46-0,78).

Estimulação nervosa sacral foi melhor do que o tratamento conservador que incluiu biofeedback e treinamento muscular do assoalho pélvico (aos 12 meses os episódios de incontinência foram significativamente menores com a estimulação do nervo sacral (MD 6,30, IC 95% 2,26-10,34).

Não houve evidências suficientes para saber se existe diferença nos resultados entre os métodos de biofeedback ou exercícios. Há sugestões de que o treino de discriminação do volume retal melhore a continência mais do que treinamento simulado. Outras conclusões não são garantidas a partir dos dados disponíveis.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Pedro Luiz Toledo de Arruda Lourencao, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com

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