Incontinência fecal (incapacidade de controlar os movimentos intestinais ou escapes de fezes) é um problema de saúde comum que afeta até um em cada 10 dos adultos que moram em casa. Isso afeta as atividades diárias em cerca de uma ou duas a cada 100 pessoas. É mais comum em pessoas que vivam em instituições (lares). Perda de urina ocorre muitas vezes também. Incontinência fecal pode ser debilitante e embaraçosa. Os tratamentos incluem o treinamento dos músculos do assoalho pélvico, estimulação elétrica, cirurgia e uso de medicamentos. Esta revisão avaliou os medicamentos utilizados para o tratamento da incontinência fecal. Isto incluíu drogas anti-diarreicas ou laxantes para regular hábito intestinal e drogas utilizadas para tentar melhorar o tênus do músculo ao redor do ânus que ajuda a mantê-lo fechado. Dezesseis pequenos ensaios clínicos foram encontrados, incluindo 558 participantes. A revisão desses ensaios clínicos encontrou alguma evidência de que as drogas anti-diarréicas possam reduzir a incontinência fecal para pessoas com fezes líquidas. No entanto, estas drogas foram associadas com alguns efeitos adversos. Houve alguma evidência de que drogas para melhorar o tônus do músculo ao redor do ânus possam ajudar, mas são necessárias mais investigações.
O pequeno número de ensaios clínicos identificados para esta revisão avaliaram alguns medicamentos diferentes em uma variedade de populações de pacientes. O foco da maior parte dos ensaios clínicos incluídos foi no tratamento de diarreia, ao invés da incontinência fecal. Há pouca evidência para guiar a prática clínica na seleção de terapias medicamentosas para incontinência fecal. Ensaios clínicos controlados maiores, bem desenhados, que usem as recomendações e os princípios enunciados na declaração CONSORT, e incluam medidas de resultados clinicamente importantes, são necessários.
Incontinência fecal (escape de evacuações ou perdas fecais) é um sintoma comum que causa sofrimento significativo e reduz a qualidade de vida.
Avaliar os efeitos da terapia medicamentosa para o tratamento de incontinência fecal. Em particular, avaliar os efeitos de drogas individualmente em relação ao placebo ou a outras drogas, e comparar a terapia medicamentosa com outras modalidades de tratamento.
Nós procuramos na Cochrane Incontinence Group Specialised Register of Trials, , que contém estudos identificados a partir da Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE e MEDLINE em processamento, e realizamos uma busca manual de revistas e congressos (data de busca 21 de junho de 2012) e nas listas de referência artigos relevantes.
Todos os ensaios clínicos randomizados ou quase-randomizados foram incluídos nesta revisão sistemática.
Dois revisores ,de forma independente, selecionaram resumos, extraíram os dados e avaliaram o risco de viés dos ensaios clínicos incluídos.
Foram identificadas dezesseis ensaios clínicos, incluindo 558 participantes. Onze ensaios clínicos tinham de desenho cross-over. Onze ensaios clínicos incluíram apenas as pessoas com incontinência fecal relacionadas com fezes líquidas (ou diarreia crônica, após bolsa ileoanal ou cirurgia retal, ou devido ao uso de um medicamento para redução de peso). Dois ensaios clínicos foram entre pessoas com fraqueza dos esfíncteres anais, um em participantes com impactação fecal e extravasamento de fezes, e um em pacientes geriátricos. Em um ensaio clínico não houve nenhuma causa específica para a incontinência fecal.
Sete ensaios clínicos testaram medicamentos anti-diarreicos para reduzir incontinência fecal e outros sintomas intestinais (loperamida, difenoxilato com atropina, e codeína). Seis ensaios clínicos testaram drogas que aumentam a função do esfíncter anal (gel phenylepinefrina e valproato de sódio). Dois ensaios clínicos avaliaram laxativos osmóticos (lactulose) para o tratamento da incontinência fecal associada com obstipação em pacientes geriátricos. Um ensaio clínico avaliou o uso de pomada de zinco e alumínio para incontinência fecal. Não foram identificados estudos que comparam medicamentos com outras modalidades de tratamento.
Houve evidência limitada de que as drogas antidiarréicas e as drogas que aumentam o tônus do esfíncter anal possam reduzir a incontinência fecal em pacientes com fezes líquidas. A loperamida foi associada com efeitos mais adversos (tais como constipação intestinal, dor abdominal, diarréia, dor de cabeça e náusea) do que o placebo. No entanto, a dose pode ser ajustada para os sintomas do paciente para minimizar os efeitos adversos enquanto se obtém a continência. Os fármacos que atuam sobre o esfíncter, por vezes, levaram à dermatite local, dor abdominal ou náuseas. O uso de laxantes em pacientes geriátricos reduziu as perdas fecias fecal e a necessidade de ajuda de enfermeiros.
Pomada de zinco-alumínio foi associada com melhora da qualidade de vida, sem efeitos adversos relatados. No entanto, a melhoria observada na a qualidade de vida foi observada no grupo placebo assim como no grupo de tratamento.
Deve ser notado que todos os ensaios clínicos incluídos nesta revisão tiveram amostras de pequenas dimensões e curta duração de acompanhamento. 'Risco de viés " da avaliação foi claro para a maioria dos domínios já que não existiam informações suficientes. Não existiam dados adequados para uma metanálise.
Traduzido por: Pedro Luiz Toledo de Arruda Lourencao, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com