Crianças com "incontinência fecal" não podem controlar seus movimentos evacuatórios e assim elas sujam suas roupas íntimas. Às vezes as pessoas usam a palavra "soiling" ou "encoprese" para significar a mesma coisa. Incontinência fecal pode ser causada por problemas físicos ou psicológicos. O termo "incontinência fecal orgânica" é usado quando a incontinência fecal ocorre devido a um dano físico ou alguma anormalidade enquanto "incontinência fecal funcional" é usada quando incontinência fecal é causada por fatores não-orgânicos/ psicológicos. Intervenções comportamentais (treinamente de toilete, uso de recompensas) são usadas para reduzir a ansiedade das crianças e para restaurar hábitos intestinais normais. O biofeedback é uma técnica que pode ser usada para ensinar as crianças a controlarem os músculos utilizados na defecação.
Esta avaliação identificou 21 estudos com um total de 1.371 crianças. Intervenções comportamentais, quando utilizadas em conjunto com a terapia laxativa, pode melhorar a continência em crianças com incontinência fecal não-orgânica e constipação, enquanto o biofeedback não acrescenta nenhum benefício a longo prazo. As crianças que receberam tratamento de biofeedback nem sempre haviam sido avaliadas anteriormente para a adequação ao tratamento.
Não houve evidências suficientes para avaliar os efeitos de biofeedback em crianças com incontinência fecal orgânica.
Não há evidências de que o treinamento de biofeedback adiciona qualquer benefício para o tratamento convencional no tratamento da incontinência fecal funcional em crianças. Não houve evidências suficientes para avaliar os efeitos do biofeedback para o tratamento da incontinência fecal orgânica. Há alguma evidência de que as intervenções comportamentais, além da terapia com laxantes, ao invés de terapia com laxante isolada, melhore a continência em crianças com incontinência fecal funcional associada com constipação.
Incontinência fecal é um distúrbio comum e potencialmente angustiante na infância.
Avaliar os efeitos de intervenções comportamentais e / ou cognitivas para o tratamento da incontinência fecal em crianças.
Nós procuramos na Cochrane Incontinence Group Specialised Trials Register (pesquisado em 28 de outubro de 2011), que contém estudos identificados a partir da Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE e CINAHL, e realizamos uma busca manual de periódicos e anais de conferências, e as listas de referência de artigos relevantes. Entramos em contato com os autores na área para identificar quaisquer estudos adicionais ou não publicados.
Ensaios clínicos randomizados e quasi-randomizado de intervenções comportamentais e / ou cognitivas, com ou sem outros tratamentos para o manejo da incontinência fecal em crianças.
Revisores selecionaram estudos da literatura, avaliaram a qualidade dos estudos, e extraíram os dados. Os dados foram combinados em uma metanálise, quando apropriados.
Vinte e um ensaios clínicos randomizados com um total de 1.371 crianças preencheram os critérios de inclusão. Os tamanhos das amostras eram geralmente pequenos. Todos os estudos, exceto um, investigaram crianças com incontinência fecal funcional. Intervenções variaram entre os ensaios clínicos e alguns resultados foram compartilhados por ensaios clínicos que abordavam as mesmas comparações.
Os resultados combinados de nove ensaios clínicos mostraram taxas maiores,ao invés de menores, de persistência de sintomas de incontinência fecal até 12 meses quando biofeedback foi adicionado ao tratamento convencional (OR 1,11 IC de 95% 0,78-1,58). Este resultado foi consistente com os de dois ensaios clínicos com maior tempo de seguimento (OR 1,31 IC 95% 0,80-2,15). Em um ensaio clínico a associação de manometria anorretal ao tratamento convencional não resultou em maiores taxas de sucesso, em crianças cronicamente constipadas (OR 1,40 IC 95% 0,72-2,73 em 24 meses).
Em um pequeno ensaio clínico, a associação de modificações de comportamento à terapia com laxantes, esteve associada a uma redução significativa em crianças com escapes fecais, tanto a três meses (OR 0,14 IC de 95% 0,04-0,51) como na avaliação de 12 meses (OR 0,20 IC de 95% de 0,06 a 0.65).
Traduzido por: Pedro Luiz Toledo de Arruda Lourencao, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com