Pergunta de revisão
Tentámos encontrar todos os ensaios clínicos controlados e aleatorizados publicados (RCT, um tipo de estudo que comprara uma opção de tratamento com outra) que investigaram qualquer tratamento para a hipertensão intracraniana idiopática (HII) em qualquer grupo de doentes. Analisámos vários resultados incluindo a redução da função visual, melhoria da cefaleia e qualidade de vida.
Introdução
A HII é uma doença na qual existe aumento da pressão dentro da cabeça sem causa detetável. A HII ocorre mais comummente em mulheres novas que são obesas. O aumento de pressão dentro da cabeça resulta geralmente em edema do disco óptico (a zona onde o nervo óptico entra no olho), causando papiledema. Este edema por sua vez pode ameaçar a visão. Várias formas de tratamento têm sido sugeridas para tratar pessoas com HII, tais como perda de peso, fármacos (ex: diuréticos) e cirurgia (ex: cirurgia do nervo ótico, cirurgia ao cérebro para reduzir a pressão ou cirurgia bariátrica). No entanto, não existe consenso na forma como a HII deve ser tratada.
Data da pesquisa
Pesquisámos ensaios disponíveis até 22 de Julho de 2015.
Resultados-chave
Incluímos 2 RCTs completados no Reino Unido e Estados Unidos da América, com um total de 211 participantes e dois estudo em curso. Ambos os ensaios completos comparam acetazolamida com placebo, juntamente com intervençãovde perda de peso nos dois grupos.
Nestes estudos, a alteração na visão central dos participantes foi semelhante no tratamento e grupos controlo, medida em escala LogMAR (um cartaz com várias filas de letras). O resultado avaliado nesta revisão foi a redução na pressão do LCR para valores normais, o que não foi reportado pelos dois ensaios. Num estudo, os participantes do grupo com acetazolamida experimentaram em média uma maior redução no papiledema, avaliado por fotografias do fundo do olho entre o início e seis meses decorridos do estudo. Os dois estudos reportaram cefaleia em escalas visuais analógicas mas os resultados foram inconclusivos. No estudo que reportou efeitos adversos, o grupo da acetazolamida tinha maior número de efeitos adversos comparado com os grupos controlos incluindo diarreia, náusea, tinitus e fadiga. Um dos estudo reportou que a qualidade de vida era melhor no grupo tratado com acetazolamida. Não foram reportados estudos em nenhum dos estudos.
Qualidade da evidência
Os dois estudos completos tinham problemas tais como grandes perdas de seguimento e num dos ensaios os participantes e os investigadores estavam ao corrente do tratamento a ser administrado. Desta forma, a evidência foi avaliada como de baixa qualidade.
Mais RCT de maior qualidade são necessários para avaliar corretamente o efeito da acetazolamida na HII.
Traduzido por: Inês Leal, Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal.