Esta revisão comparou a eficácia, taxas de desistência e efeitos colaterais de diferentes classes de antidepressivos em idosos. 32 estudos forneceram dados para a revisão. Nossos achados principais indicam que antidepressivos tricíclicos - AT (clássicos e afins) e inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) são igualmente eficazes. Entretanto, na comparação de dois grupos de tricíclicos com ISRS, verificamos que AT eram similares aos ISRS em termos de taxa de desistência, e os AT clássicos foram associados com uma taxa de desistência maior devido aos efeitos colaterais. Esses achados estão refletidos nos diferentes perfis dos efeitos colaterais quando comparamos ambos os grupos. Os achados da revisão devem ser interpretados com precaução em vista dos números relativamente baixos de pacientes e falta de dados sobre os efeitos colaterais.
Nossos achados sugerem que os antidepressivos tricíclicos (AT) e os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) apresentaram a mesma eficácia. Entretanto, encontramos evidências que sugerem que os AT clássicos e afins possuem diferentes perfis de efeitos colaterais e estão associados com taxas de desistência diferentes quando comparados com ISRS. Esta revisão sugere que os AT clássicos estão associados com uma maior taxa de desistência devido à experiência de efeitos colaterais. Contudo, esses resultados devem ser interpretados com precaução devido à heterogeneidade dos medicamentos e população de pacientes.
Depressão é uma experiência relativamente comum em idosos. A síndrome está associada com angústia, morbidade e compromisso com o serviço. Aproximadamente dois terços dos pacientes que apresentam formas severas responderão ao tratamento antidepressivo e nos últimos vinte anos tem atestado um grande aumento no número desses medicamentos. Pessoas mais idosas, frágeis são particularmente vulneráveis a efeitos colaterais.
Os objetivos desta revisão foram examinar a eficácia das classes de antidepressivos, comparar as taxas de desistência associadas com cada classe e descrever o perfil do efeito colateral de drogas antidepressivas para o tratamento da depressão em pacientes descritos como idosos, geriátricos, senis ou mais velhos, acima de 55 anos.
Foram pesquisados no the Cochrane Collaboration Depression, Anxiety and Neurosis Controlled Trials Register CCDAN-CTR (Registro da Central Cochrane de Estudos Controlados sobre Depressão Ansiedade e Neurose – Registro Cochrane de estudos clínicos) (2003-08-13). Listas de referências de trabalhos relevantes e revisões anteriores sistemáticas foram pesquisadas manualmente na procura de relatórios publicados e citações de estudos não publicados.
Somente ensaios clínicos randomizados foram incluídos. Os estudos tinham que comparar pelo menos dois medicamentos antidepressivos ativos no tratamento da depressão.
Revisores extraíram os dados independentemente. Ao examinar a eficácia, os pesquisadores presumiram que pessoas que faleceram ou desistiram não tiveram melhoria. Taxas de desistência, independentemente da causa e especificamente devido aos efeitos colaterais foram comparadas entre as classes de medicamentos. O risco relativo (RR) para dados de dicotômicos e a diferença de média padronizada para dados contínuos foram calculados com intervalos de confiança (IC) de 95%. Dados de efeitos colaterais qualitativos foram relatados em termos de proporção de efeitos colaterais e percentagem de pacientes que sofreram efeitos colaterais específicos.
Um total de 32 estudos forneceram dados para inclusão na revisão em termos de eficácia, desistência e análise de efeitos colaterais. Não pudemos encontrar quaisquer diferenças na eficácia quando comparamos as classes de antidepressivos. Na comparação, os antidepressivos tricíclicos (AT) se apresentaram menos favoráveis do que inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) em termos de números de desistência de pacientes independente da razão (RR 1,23 IC: 1,05 a 1,43) e número de desistência devido a efeitos colaterais (RR 1,36 IC 1,09 a 1,70). Análises anteriores demonstraram que antidepressivos tricíclicos tiveram taxas de desistência similares aos inibidores seletivos da recaptação da serotonina, independente da razão da desistência (RR 1,49 IC 0,74 a 2,98) ou desistência devido aos efeitos colaterais (RR: 1,07, IC 0,43 a 2,70). A análise qualitativa dos efeitos colaterais mostrou um perfil ligeiramente maior de efeitos colaterais gastrointestinais e neuropsiquiátricos associados com antidepressivos tricíclicos clássicos.
Traduzido por: Cristiane de Cássia Bergamaschi, Universidade de Sorocaba- Uniso; Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com