Os berçários e as unidades de cuidados intensivos neonatais frequentemente exigem que os profissionais de saúde e os visitantes usem batas para prevenir a propagação das infecções. Acredita-se que ter que vestir uma bata lembrará as pessoas de lavar as mãos, o que é muito relevante para prevenir infecções. Uma revisão da literatura médica identificou oito ensaios clínicos, envolvendo 3811 recém-nascidos, sobre o uso de roupas de proteção nestes ambientes. As taxas de infecção, as taxas de mortalidade ou o tempo de permanência dos bebês não foram significativamente afetados pelo uso das batas. Apenas dois dos estudos foram considerados de boa qualidade, e houve variação entre os estudos quanto às políticas de usar batas. O uso de batas não aumentou a taxa de lavagem das mãos. Não existe evidência para apoiar o uso de batas por profissionais de saúde para prevenir a propagação da infecção. Com base nestes estudos, o uso de roupas de proteção em berçários pode não ser uma política custo-efetiva.
Baseado nos resultados desta revisão sistemática e metanálise, não existe evidência de que o uso de roupas de proteção seja efetiva para reduzir a mortalidade, infecção ou colonização bacteriana de recém-nascidos internados em berçários.
O uso de aventais e capotes protetores é muito comum em berçários e em UTIs neonatais. Acredita-se que o uso dessas vestimentas pode ajudar a prevenir a propagação das infecções nosocomiais e poderia ajudar os funcionários e visitantes a lembrar que precisam lavar as mãos antes do contato com o bebé.
O objetivo desta revisão foi avaliar os efeitos do uso de batas de proteção por parte dos funcionários e visitantes sobre a incidência de infecção e morte de recém-nascidos internados em berçários.
Usamos os métodos padrão da Cochrane e Grupo de Revisões Neonatais. Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL, The Cochrane Library, Issue 1, 2009), MEDLINE (1950 - janeiro de 2009), Embase (1950 - janeiro de 2009) e CINAHL (1982 - janeiro de 2009).
A busca foi atualizada em dezembro de 2010.
A revisão inclui todos os ensaios clínicos randomizados ou quasi-randomizados que testaram o uso de batas por funcionários ou visitantes versus não usar batas em berçários.
Usamos os métodos padrão da Cochrane e Grupo de Revisões Neonatais. Dois autores da revisão, trabalhando de forma independente, fizeram a extração dos dados e avaliaram a qualidade dos estudos. Entramos em contato com os autores de três estudos primários para obter informações adicionais mas apenas um respondeu. Os resultados são expressos como risco relativo ou diferença de média com seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%.
A revisão incluiu 8 ensaios clínicos que traziam dados sobre 3811 bebês. A qualidade dos estudos variou; apenas dois estudos foram considerados como sendo de boa qualidade metodológica. Não usar batas, comparado a usar batas, foi associado a uma tendência de redução na taxa de mortalidade (RR 0,84, IC 95% 0,70 a 1,02). Porém, este resultado não alcançou significância estatística. O uso de batas não teve efeito estatisticamente significativo sobre a incidência de infecção sistêmica nosocomial (RR 1,24, IC 95% 0,90 a 1,71). A análise global dos resultados não mostrou efeitos significativos do uso de roupas de proteção sobre a incidência de colonização, tempo de internação hospitalar, ou frequência de lavagem das mãos. Não encontramos nenhum estudo sobre o uso de roupas de proteção por visitantes.
Tradução do Cochrane Brazil (Maria Regina Torloni). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br