Visitas aos serviços de emergência e a médicos da família têm aumentado. Uma forma possível de diminuir as demandas é fornecer linhas telefônicas para ajuda, linhas diretas ou consultas. As pessoas podem falar com profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, por telefone e receber orientação médica ou um encaminhamento para o serviço de saúde apropriado. Nove estudos foram identificados e analisados para determinar se a consulta por telefone foi segura e eficaz. Em geral, pelo menos metade das ligações foram realizadas somente por telefone (sem a necessidade de visitas presenciais). Foi identificado que a consulta por telefone parece diminuir o número de visitas imediatas a médicos e parece não aumentar as visitas aos departamentos de emergência. Ainda é incerto, porém, se essas visitas são apenas postergadas a um momento posterior. A consulta por telefone também parece ser segura e as pessoas tem se mostrado tão satisfeitas no atendimento por telefone quanto presencialmente. Ainda há dúvidas sobre sua efetividade e pesquisas são necessárias quanto ao uso, custo, segurança e satisfação da consulta por telefone.
A consulta por telefone parece reduzir o número de contatos cirúrgicos e visitas desnecessárias a médicos de clínica geral. Entretanto, ainda restam dúvidas sobre o efeito no uso do serviço e mais rigorosa avaliação com ênfase na utilização do serviço, segurança, custo e satisfação do paciente.
Consulta por telefone é o processo no qual as ligações telefônicas são recebidas, avaliadas e gerenciadas dando recomendações ou encaminhamento ao serviço mais adequado. Nos últimos anos houve um crescimento da consulta por telefone, em parte, como uma resposta ao aumento na procura pelo clínico geral (CG) e aos departamentos de cuidados a acidentes e emergência (A&E).
Avaliar os efeitos de segurança da consulta por telefone, uso de serviços e satisfação do paciente e comparar a consulta por telefone feita por diferentes profissionais da saúde.
Foram pesquisadas a the Cochrane Central Register of Controlled Trials, o registro especializado do grupo Cochrane Effective Practice and Organisation of Care (EPOC), PubMed, EMBASE, CINAHL, SIGLE e o Registro Nacional de Pesquisa. Foram checadas as listas de referências dos estudos localizados e artigos de revisão e contatado especialistas no assunto. Não houve restrição na pesquisa quanto ao idioma ou tipo de publicação. As buscas foram atualizados em 2007 e não foram encontrados novos estudos.
Ensaios clínicos randomizados (ECR), estudos controlados, estudos controlados antes e depois (ECAD) e séries de casos temporais interruptas (SCTI) de consulta ou triagem por telefone em um cenário geral de cuidados á saúde. Linhas telefônicas para doenças específicas foram excluídas.
Dois revisores independentemente rastrearam estudos para inclusão na revisão, extraíram os dados e avaliaram a qualidade dos estudos. Foram coletados dados sobre eventos adversos, uso do serviço, custo e satisfação do paciente. Devido à heterogeneidade não foi realizada meta-análise, sendo apresentada uma descrição narrativa dos achados.
Nove estudos preencheram os critérios de inclusão, cinco ECR, um ECAD e três STI. Seis estudos compararam a consulta por telefone versus o cuidado usual; quatro por um médico, um por um enfermeiro e, um por um funcionário administrativo de uma clínica. Três estudos compararam a consulta por telefone por diferentes tipos de profissionais de saúde; dois compararam enfermeiros com médicos e um comparou assistentes de saúde (auxiliar/técnico de enfermagem) com médicos ou enfermeiros. Três dos cinco estudos encontraram uma diminuição em visitas ao CG, mas apenas dois encontraram um aumento significativo nas consultas de retorno. Em geral, pelo menos 50% das ligações foram realizadas apenas por aconselhamento telefônico. Sete estudos analisaram visitas ao departamento de A&E, seis estudos não mostraram diferença entre os grupos e um estudo, de consultas por telefone realizadas pelo enfermeiro, encontrou um aumento de visitas. Dois estudos descreveram mortes e não foi encontrada diferença entre a triagem telefônica e o atendimento normal.
Traduzido por: Rodrigo Jensen, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com