Drogas antiepilépticas para prevenção de convulsões em pacientes com tumor cerebral

Até 60% das pessoas com tumor cerebral podem apresentar crises convulsivas ou ter alguma crise, pela primeira vez, após o diagnóstico ou neurocirurgia. O risco de uma crise convulsiva varia de acordo com o tipo do tumor e sua localização no cérebro. Convulsões são um fardo de impacto negativo na qualidade de vida, afetando as atividades diárias, independência, trabalho e habilidade de dirigir. Muitos médicos acreditam que dorgas antiepilépticas são efetivas e necessárias na prevenção de crises convulsivas (profilaxia de convulsões), porém esta prática tem sido questionada. Drogas antiepilépticas pode ter efeitos adversos e interagir com corticoesteróides e quimioterápicos.

Os cinco ensaios clínicos controlados randomizados, identificados pelos autores dessa revisão a partir da literatura médica, olharam para as drogas anti-epiléticas: fenitoína, fenobarbital e divalproato de sódio. Não houve diferenças entre os tratamentos com estas drogas e placebo, ou observação clínica, na prevenção de uma primeira crise convulsiva em 404 pacientes com tumores cerebrais. O risco de efeitos adversos foi maior naqueles em uso de drogas antiepilépticas (número necessário para dano em uma pessoa (NND) 3). Os tipos de eventos adversos quando reportados nos ensaios clínicos foram náusea, rash cutâneo, gengivas doloridas, mielosupressão, vertigem, visão turva, tremores e instabilidade de marcha.
A duração de seguimento foi curta em um estudo. Nenhum estudo identificou alguma das novas drogas epilépticas.

Conclusão dos autores: 

A evidência é neutra, tanto para uso como não uso da profilaxia de convulsões, em pacientes com tumor cerebral. Estas conclusões se aplicam apenas para a profilaxia com as drogas fenitoína, fenobarbital e divalproato de sódio. A decisão de iniciar uma droga antiepiléptica para profilaxia convusliva deve ser, em última análise, guiada pela avaliação de fatores de risco individuais e discussão cuidadosa com os pacientes.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Convulsões pode estar presentes em qualquer momento, antes ou após o diagnóstico de um tumor cerebral. O risco de crises convulsivas variam de acordo com o tipo e localização do tumor no cérebro. Por um longo período acreditava-se que a prevenção de crises convulsivas com drogas antiepilépticas (profilaxia epiléptica) era efetiva e necessária, a evidência suportando era pequena e mista. Tal evidência era base para que revisões prévias concluíssem que a profilaxia de crise convulsiva era ineficaz em pessoas com tumor cerebral.

Objetivos: 

Estimar a efetividade da profilaxia de convulsão em pessoas com tumor cerebral, e estimar taxas de eventos adversos nos ensaios clínicos identificados.

Métodos de busca: 

Uma estratégia de busca que incluiu textos livre e MeSH termos no LILACS, EMBASE, PubMed, CENTRAL, e The Cochrane Library (1966 a 2007).

Critério de seleção: 

Ensaios clínicos controlados com alocação randômica, cegos ou não cegos, e com placebo ou observação clínica no grupo controle.

Coleta dos dados e análises: 

Avaliamos os artigos, extraímos os dados e verificamos a validade de cada ensaio clínico para avaliar o risco de viés. Nosso desfecho primário foi a ocorrência da primeira crise convulsiva. O desfecho secundário foram eventos adversos. Reunimos todos os dados de cada desfecho no modelo de efeito aleatório na meta-análise utilizando o risco relativo (RR). Para os eventos adversos, nós incluímos o número necessário para dano (NND) utilizando o aumento de risco absoluto para cálculo do NND.

Principais resultados: 

Não existiu diferenças entre o tratamento intervencionista e os grupos controles na prevenção da primeira crise convulsiva em pacientes com tumor cerebral. O risco de eventos adversos foi maior naqueles em uso de drogas antiepilépticas do que nos paciente que não utilizavam drogas anti-epiléticas (NND 3; RR 6,10, IC 95% 1,10 a 34,63, p= 0.046).

Notas de tradução: 

Traduzido por: Roberto Bezerra Vital, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da UNESP, Brasil. Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com

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