Complicações respiratórias após cirurgias de revascularização do miocárdio estão associadas a aumento no tempo de internação e elevados custos na saúde. Esse tipo de cirurgia pode interferir com o funcionamento da respiração porque pode causar o colapso de algumas partes dos pulmões, o que pode levar o paciente a desenvolver pneumonia. A reabertura dessas áreas coalhadas ("coladas") pode ser feita com um dispositivo (o espirômetro de incentivo), que reforça um padrão de respiração que previne ou reverte esse processo. O dispositivo pode ser utilizado sozinho ou em associação com outras técnicas fisioterapêuticas.
Esta atualização incluiu 592 participantes que participaram de sete estudos (dois novos e um que tinha sido excluído em 2007, na primeira revisão). Encontramos evidências, de quatro pequenos estudos em pacientes submetidos a revascularização do miocárdio, de que a espirometria de incentivo não oferece vantagens adicionais sobre a fisioterapia padrão após a cirurgia ou a educação pré-operatória na prevenção de complicações respiratórias e pneumonia, melhora da função pulmonar ou redução do tempo de internação. São necessários ensaios clínicos maiores e mais bem conduzidos para se determinar se existe um papel da espirometria de incentivo.
Nossa atualização da revisão sugere que não há evidências de benefícios da espirometria de incentivo na redução de complicações pulmonares e na diminuição dos efeitos negativos sobre a função pulmonar em pacientes submetidos a revascularização do miocárdio. Tendo em vista o pequeno número de pacientes estudados, deficiências metodológicas e na descrição dos estudos incluídos, nossos resultados ainda devem ser interpretados com cautela. Um ensaio clínico randomizado com poder suficiente e alto rigor metodológico ainda é necessário para determinar se há pacientes que poderiam se beneficiar com a espirometria de incentivo após a revascularização do miocárdio.
A espirometria de incentivo (IS) é uma técnica de tratamento que utiliza um dispositivo mecânico para reduzir as complicações pulmonares durante o pós-operatório. Esta é uma atualização de uma revisão Cochrane publicada pela primeira vez em 2007.
Atualizar a revisão sistemática publicada anteriormente, para comparar os efeitos da espirometria de incentivo para a prevenção de complicações pulmonares pós-operatórias em adultos submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio.
Pesquisamos as bases: Biblioteca Central da Cochrane (Issue 2 de 4, 2011), MEDLINE via Ovid (1948 a maio de 2011), EMBASE (1980 à semana 20 de 2011), LILACS (1982 a julho de 2011), Banco de Dados de Evidências em Fisioterapia (PEDro; 1980 a julho de 2011), Allied & Complementary Medicine (AMED, 1985 a maio de 2011), CINAHL (1982 a maio de 2011).
Selecionamos ensaios clínicos randomizados comparando a espirometria de incentivo com qualquer outro tipo de fisioterapia respiratória para a prevenção de complicações pulmonares pós-operatórias em adultos submetidos a revascularização do miocárdio.
Dois revisores analisaram independentemente a qualidade dos estudos encontrados, utilizando as diretrizes do Manual Cochrane de Revisões Sistemáticas, e extraíram deles os dados. Para resultados contínuos, utilizamos o método de variância inversa genérico para metanálise e, para dados dicotômicos, o Peto Odds Ratio.
Esta atualização apresenta os resultados de 592 participantes incluídos em sete estudos (dois novos e um que tinha sido excluído na revisão anterior, em 2007). Não foram encontradas diferenças, entre os grupos de pacientes tratados com espirometria de incentivo versus fisioterapia, quanto à incidência de complicações pulmonares e capacidade funcional, pressão ventilatória positiva contínua (CPAP), pressão aérea positiva binível (PAPB) e respiração com pressão positiva intermitente (RPPI), ciclo ativo de técnicas respiratórias ou educação pré-operatória dos pacientes. Os pacientes tratados com IS tinham pior função pulmonar e oxigenação arterial do que os pacientes que receberam tratamento por RPPI. De acordo com esses estudos, não houve melhora na força muscular avaliada através da pressão inspiratória e expiratória máxima, na comparação entre os grupos.
Tradução do Centro Cochrane do Brasil (João Luís Caldeira Breijão)