Recém-nascidos pré-termos ou doentes podem necessitar de alimentação intravenosa, incluindo a administração intravenosa de soluções contendo aminoácidos. Recém-nascidos necessitam de cisteína (um aminoácido) para o crescimento sob certas condições. Cisteína pode diminuir a chance de doenças hepáticas e ossos frágeis. Essa revisão sistemática foi feita para analisar se a adição de cisteína (ou compostos relacionados) à nutrição intravenosa afeta o crescimento e outros resultados em recém-nascidos. Cinco ensaios clínicos estudaram os efeitos da adição de cisteína à nutrição intravenosa que não continha cisteína. A adição de cisteína melhorou significativamente a habilidade dos bebês em produzir proteínas para o corpo (analisado em quatro estudos); entretanto, não melhorou o crescimento (analisado em um estudo); não houve outros desfechos avaliados. Um grande ensaio clínico randomizado estudou o efeito da adição de outro produto químico, N-acetilcisteína, à nutrição intravenosa que já continha cisteína. Este estudo não mostrou nenhum beneífcio ou toxicidade dessa intervenção. Concluímos que os dados atuais são insuficientes para justificar a adição habitual de cisteína à nutrição intravenosa de recém-nascidos que não contém cisteína. As evidências disponíveis não apoiam a adição habitual de N-acetilcisteína à nutrição intravenosa de recém-nascidos contendo cisteína.
Os dados disponíveis dos ECRs mostram, que a curto prazo, a suplementação habitual de cloreto de cisteína em NP livre de cisteína em prematuros melhora o balanço de nitrogênio. No entanto, não há evidências suficientes para avaliar os riscos da suplementação com cisteína, especialmente em relação a acidose metabólica, o que tem sido relatado durante as duas primeiras semanas de administração de cloreto de cisteína. As evidências disponíveis de um grande ECR não apoia a suplementação habitual de N-acetilcisteína na NP contendo cisteína em crianças de peso extremamente baixo.
A cisteína é um precursor da glutationa, um antioxidante que pode reduzir lesões por oxidação. A adição de cisteína à nutrição parenteral (NP) permite a redução da quantidade de metionina à NP, limitando assim a hepatotoxicidade, e acidifica a solução, aumentando a solubilidade de cálcio e fosfato e potencialmente melhorando a mineralização óssea.
Determinar os efeitos da suplementação de NP com cisteína, cistina ou seu precursor M-acetilcisteína no crescimento neonatal e resultados a curto e longo prazo.
Foi utilizado o método padrão do Cochrane Neonatal Review Group. MEDLINE, EMBASE, e Cochrane Central Register of Controlled Trials (The Cochrane Library) e resumos recentes da Society for Pediatric Research/ American Pediatric Society, Eastern Society for Pediatric Research, e Society for Parenteral and Enteral Nutrition foram originalmente buscados em 2005. Em agosto de 2009 foram realizadas pesquisas atualizadas na The Cochrane Library, MEDLINE (busca via PubMed), CINAHL e EMBASE de 2006 a 2009.
Todos os ensaios clínicos randomizados (ECR) e parcialmente randomizados que examinavam os efeitos da suplementação de cisteína, cistina ou N-acetilcisteína em NP neonatal foram revisados.
Os métodos padrão da Cochrane Collaboration e sua Neonatal Review Group foram usados. A análise estatística incluiu risco relativo, diferença de risco e diferença de média ponderada (DMP).
Seis ensaios clínicos preencheram os critérios de inclusão. A maioria dos pacientes nesses ensaios clínicos eram pré-termos. Cinco ensaios pequenos avaliaram a curto prazo a suplementação de cisteína na NP livre de cisteína. Um grande ECR multicêntrico avaliou a curto prazo a suplementação de N-acetilcisteína na NP contendo cisteína de crianças de peso extremamente baixo (≤ 1000 gramas).
O crescimento não foi significativamente afetado pela suplementação de cisteína (um ensaio clínico) ou pela suplementação de N-acetilcisteína (um ensaio clínico). Retenção de nitrogênio foi significativamente aumentada pela suplementação de cisteína (quatro ensaios clínicos) (DMP 31.8 mg/kg/dia, 95% intervalo de confiança +8.2, +55.4, n = 95, incluindo 73 crianças pré-termo).
Os níveis plasmáticos de cisteína foram significativamente aumentados pela suplementação de cisteína, mas não pela suplementaçao de N-acetilcisteína. Suplementação de N-acetilcisteína não afetou significativamente os riscos de morte com 36 semanas de idade gestacional, displasia broncopulmonar (DBP), morte ou DBP, retinopatia da prematuridade (ROP), ROP grave, enterocolite necrosante exigindo cirurgia, leucomalácia periventricular, hemorragia intraventricular (HIV), ou HIV grave.
Notas de tradução CD004869.pub2.Maressa Maria de Medeirtos Moreira