Intervenções para prevenir doença mineral óssea em doentes transplantados renais

Qual é o problema?
As pessoas transplantadas renais podem ter ossos mais frágeis devido a alterações no modo como os ossos são formados na doença renal e devido aos medicamentos imunossupressores, incluindo prednisolona, os quais podem enfraquecer os ossos. As fraturas ósseas podem causar dificuldade a andar e a realizar as atividades da vida diária tais como trabalho e vida familiar. Há várias opções terapêuticas para prevenir fraturas em pessoas com ossos mais finos mas não é claro se estas opções são úteis para doentes transplantados renais. Uma versão anterior desta revisão Cochrane de 2004 (e atualizada em 2007) não detetou que nenhum destes tratamentos prevenisse fraturas.

O que realizámos?

Pesquisámos novos estudos disponíveis desde a última revisão publicada em 2007 para detetar se existe nova informação sobre tratamentos disponíveis para a doença óssea em doentes que foram transplantados renais.

O que descobrimos?
À data de 2019, há 65 estudos (incluindo 3598 pessoas) que avaliaram se os medicamentos podem prevenir fraturas ósseas após a transplantação renal. O medicamento mais frequentemente utilizado nos estudos foram os bifosfonatos, os quais atrasam a degradação óssea. Os bifosfonatos foram administrados perto do momento da transplantação renal (geralmente imediatamente antes ou no período de algumas semanas) e continuados em média durante um ano. Outras opções de tratamento nos estudos foram a vitamina D, calcitonina, denosumab, teriparatide ou cinacalcet. O tratamento com bifosfonatos administrado após um transplante possivelmente previne fraturas e dor óssea. No entanto, o intervalo no qual o efeito real do tratamento se poderá encontrar (a “margem de erro”) indica que o tratamento pode fazer pouca ou nenhuma diferença. Os bifosfonatos possivelmente reduzem as hipóteses de uma rejeição do rim transplantado mas devido a problemas com os estudos, é incerto que tal seja verdade. Os bifosfonatos originaram níveis de cálcio no sangue reduzidos em algumas pessoas. Houve confiança reduzida ou muito reduzida na informação sobre todos os outros tratamentos possíveis para dores ósseas após o transplante renal, dado que frequentemente os estudos foram muito pequenos. Houve apenas um estudo com medicamentos em crianças de modo que não sabemos se estes medicamentos serão úteis e seguros em pessoas jovens.

Conclusões
Ainda não é certo se o tratamento com bifosfonatos fará alguma diferença nas fraturas ósseas ou se é seguro em crianças e adultos transplantados renais.

Notas de tradução: 

Tradução por Miguel Bigotte Vieira, Serviço de Nefrologia, Hospital Curry Cabral, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, com o apoio da Cochrane Portugal

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