Pergunta da revisão
A pergunta principal abordadas por essa revisão é quão efetivo são diferentes tratamentos e quais são os melhores momentos para tais tratamentos, por dano acidental, durante cirurgia, aos nervos que fornecem sensações à língua, lábio inferior e queixo.
Introdução
Os nervos (alveolar e lingual) que fornecem sensações à língua, lábio inferior e queixo, podem ser lesionados como resultado de tratamentos cirúrgicos na boca e face, incluindo cirurgia para remoção de dentes do siso inferior. A grande maioria (90%) dessas lesões são temporárias e melhoram dentro de oito semanas. No entanto, se durarem por mais do que seis meses, são consideradas permanentes. Dano a esses nervos pode levar a alegações de sensações na região do lábio inferior e queixo, língua ou ambos. Além disso, dano ao nervo que fornece sensações à língua pode causar alterações no paladar. Estas lesões podem afetar a qualidade de vida das pessoas, levando a problemas emocionais, problemas de socialização e incapacidade. Lesão acidental, durante cirurgia, também pode levar a ação judicial.
Há várias intervenções ou tratamentos disponíveis, cirúrgicos ou não-cirúrgicos, que podem melhorar a recuperação, incluíndo melhora na sensibilidade. Esses podem ser agrupados em:
1. Cirúrgicos - uma variedade de procedimentos.
2. Tratamento com laser - tratamento com laser de baixa intensidade tem sido usado para tratar perda parcial das sensações.
3. Médicos - tratamento com drogas, incluindo antiepilépticos, antidepressivos e analgésicos.
4. Aconselhamento - incluindo terapia cognitiva comportamental e terapia de relaxamento, mudança de comportamento e hipnose.
Características do estudo
O Cochrane Oral Health Group realizou esta revisão e as evidências são atuais até 9 de Outubro de 2013. Dois estudos foram incluídos, ambos publicados em 1996, os quais compararam tratamento com laser de baixa intensidade com placebo ou tratamento fictício, para perda parcial das sensações, após cirurgia na mandíbula. Havia 15 participantes em um estudo e 16, no outro, com as idades variando entre 17 e 55 anos. Todos haviam sofrido dano acidental aos nervos da mandíbula e da língua, causando alguma perda de sensação após cirurgia.
Principais resultados
Terapia com laser de baixa intensidade foi o único tratamento avaliado nos estudos incluídos e foi comparada tratamento fictício ou placebo. Nenhum estudo foi encontrado que avaliasse cirurgia, medicação ou aconselhamento como outros tratamentos.
Houve alguma evidência de melhoria, quando os participantes relataram se a sensação estava melhor ou não, nas áreas do queixo e lábio inferior, com terapia de laser de baixa intensidade.Isto é baseado nos resultados de um único e pequeno estudo, portanto, os resultados devem ser interpretados com cautela.
Nenhum estudo relatou os efeitos do tratamento em outros desfechos, tais como dor, dificuldades para comer ou falar e paladar. Nenhum estudo avaliou qualidade de vida ou prejuízo.
Qualidade da evidência
A qualidade geral da evidência é bem baixa, resultado das limitações na condução e relato dos dois estudos incluídos e do baixo número de participantes, e evidência de participantes com perda sensorial apenas parcial.
É evidente a necessidade de ensaios clínicos randomizados que investiguem a efetividade de intervenções cirúrgicas, medicamentosas e psicológicas para lesões iatrogênicas dos nervos alveolar inferior e lingual. O desfecho primário dessa pesquisa deve incluir: medidas de morbidade focadas no paciente, incluindo sensação alterada e dor, dor, teste sensorial quantitativo e efeitos de tratamento tardio.
Lesão iatrogência do nervo alveolar inferior ou lingual ou ambos é uma complicação conhecida de procedimentos de cirurgia bucal ou maxilofacial. Lesão nesses dois ramos da divisão mandibular do nervo trigêmeo pode resultar em sensação alterada ipsilateral no lábio inferior e/ou metade da língua ou ambos e pode incluir anestesia, parestesia, disestesia, hiperalgesia, alodinia, hipoestesia e hiperestesia. Lesão ao nervo lingual pode, também, afetar a percepção de paladar, no lado afetado da língua. A grande maioria (aproximadamente 90%) dessas injúrias é de natureza temporária e melhora dentro de oito semanas. Entretanto, caso o dano persista por mais de seis meses, essa é considerada permanente. Técnicas cirúrgicas, medicamentosas e psicológicas têm sido usadas no tratamento de tais lesões, embora não haja, atualmente, consenso quanto a intervenção preferencial ou momento de realização da intervenção.
Avaliar os efeitos de diferentes intervenções e momento de realização das intervenções, no tratamento de lesões iatrogências do nervo alveolar infeior ou lingual.
Pesquisamos nas seguintes bases de dados eletrônicas: Cochrane Oral Health Group's Trial Register (até 9 de Outubro de 2013), o Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2013, Volume 9), MEDLINE, via OVID (1946 até 9 de Outubro de 2013) e EMBASE, via OVID (1980 até 9 de Outubro de 2013). Nenhuma restrição foi imposta quanto língua ou data de publicação, quando pesquisada as bases de dados eletrônicas.
Ensaios clínicos randomisados (ECRs), envolvendo intervenções para o tratamento de pacientes com déficit neurossensorial do nervo alveolar inferior ou lingual ou ambos, como sequela de lesão iatrogênica.
Utilizamos os procedimentos metodológicos padrões esperados pela The Cochrane Collaboration. Realizamos a extração dos dados e a avaliação do risco de viés de forma independente e em duplicata. Contactamos os autores para o esclarecimento dos critérios de inclusão nos estudos.
Dois estudos avaliados como alto risco de viés, relatando dados de 26 participantes, foram incluídos nessa análise. A idade dos participantes variou entre 17 e 55 anos. Ambos os estudos analisaram a efetividade do tratamento com laser de baixa intensidade, comparado a terapia placebo, sobre o déficit sensorial do nervo alveolar inferior, como resultado de lesão iatrogênica.
Sensação alterada, relatada pelo paciente, foi reportada parcialmente em um estudo e completamente, em outro. Seguinte ao tratamento com terapia a laser, houve alguma evidência de melhora na avaliação subjetiva do déficit sensorial no lábio e queixo, comparado com o placebo, embora as estimativas fossem imprecisas: uma diferença na alteração média no déficit neurossensorial do queixo de 8,40 cm (intervalo de confiança (IC) 95% 3,67 a 13,13) e uma diferença na alteração média no déficit neurossensorial do lábio de 21,79 cm (intervalo de confiança (IC) 95% 5,29 a 38,29). A qualidade geral da evidência para esse desfecho foi muito baixa; os dados do desfecho foram completamente relatados em um pequeno estudo, com 13 pacientes, com abandono diferencial no grupo controle, e os pacientes sofreram apenas perda parcial das sensações. Nenhum estudo relatou os efeitos da intervenção nos desfechos primários remanescentes: dor, dificuldade ao comer ou falar e paladar. Nenhum estudo relatou qualidade de vida ou efeitos adversos.
A qualidade geral das evidências foi muito baixa, devido a limitações na condução e elaboração dos relatórios dos estudos, à evidência indireta e à imprecisão dos resultados.
Traduzido por: Leonardo A. R. Righesso, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com