O transtorno do pânico é caracterizado pela ocorrência repetida de ataques de pânico inesperados, durante os quais o indivíduo experimenta um forte medo de antecipação da morte. Esses ataques são frequentemente acompanhados por sintomas somáticos como palpitações, dispneia ou desmaio. Aqueles que sofrem de transtorno do pânico têm persistente medo antecipatório de ataques recorrentes e se sentem ansiosos mesmo quando não tiveram nenhuma ocorrência por certo tempo. O transtorno do pânico é fortemente associado com um risco crescente de agorafobia e depressão. A prevalência de distúrbio de pânico é relatada como estando presente em por volta de dois a três por cento da população geral. Duas categorias de tratamento têm se mostrado efetivas no tratamento, sendo uma delas a farmacoterapia com antidepressivos ou os benzodiazepínicos e, a outra, a psicoterapia. Esses tratamentos são frequentemente combinados, ainda que a eficácia da combinação de psicoterapia e benzodiazepínicos para o transtorno do pânico não seja clara. Esta revisão incluiu ensaios clínicos randomizados comparando a combinação de psicoterapia e benzodiazepínicos com psicoterapia ou benzodiazepínicos isolados para pessoas com distúrbio do pânico. Foi possível incluir apenas três ensaios clínicos nesta revisão. Dois estudos compararam a combinação de psicoterapia e benzodiazepínicos com o uso de psicoterapia isolada, e outro avaliou a combinação com o uso de benzodiazepínicos. Essas comparações envolveram apenas 166 pacientes e 77 pacientes, respectivamente. Esses pequenos números tornam difícil detectar quaisquer diferenças entre os tratamentos combinados e cada tratamento isolado. Os ensaios clínicos que compararam a combinação dos tratamentos com a psicoterapia isolada (ambos usando terapia comportamental) não indicaram diferenças em resposta entre as duas abordagens, tanto durante a intervenção, quanto no final da intervenção, ou no momento do último acompanhamento. O ensaio clínico que comparou a combinação de tratamentos com benzodiazepínico isolado não demonstrou diferenças em resposta durante a intervenção. . Apesar da combinação de psicoterapia e benzodiazepínicos parecer ter sido mais efetiva do que benzodiazepínico isolado no final do tratamento, nenhum diferença significativa foi observada no acompanhamento de sete meses. Antes que recomendações de tratamento sejam feitas com base nas evidências, outros ensaios clínicos randomizados são necessários, comparando a combinação de psicoterapia e benzodiazepínicos para o transtorno do pânico, combinação de psicoterapia e benzodiazepínicos com cada tratamento isolado, e envolvendo pessoas suficientes para se permitir que se detecte uma verdadeira diferença entre os tratamentos, caso ela exista.
A revisão estabeleceu a escassez de evidências de alta qualidade investigando a eficácia da psicoterapia combinada com benzodiazepínico para o transtorno do pânico. No momento, há evidências inadequadas para avaliar os efeitos clínicos da psicoterapia combinada com benzodiazepínicos para pacientes diagnosticados com o transtorno do pânico.
A eficácia da psicoterapia e benzodiazepínicos combinados para o transtorno do pânico não é clara, apesar do seu amplo uso.
Examinar a eficácia da combinação comparada com o tratamento isolado.
Ensaios clínicos randomizados que comparam a combinação de psicoterapia e benzodiazepínico com a terapia isolada para o tratamento de transtorno do pânico foram identificados. Foi pesquisado o the Cochrane Depression, Anxiety and Neurosis Group Studies and References Registers. Referências de ensaios clínicos relevantes foram verificadas. Especialistas da área foram contatados. Dados adicionais não publicados foram investigados com os autores dos ensaios clínicos.
Dois autores verificaram independentemente os registros recuperados pela pesquisa para identificar ensaios clínicos randomizados comparando a terapia combinada com as terapias isoladas, entre adultos com transtorno do pânico.
Dois autores independentemente verificam a elegibilidade, avaliaram a qualidade e extraíram os dados dos ensaios clínicos elegíveis utilizando um formulário de extração de dados padronizado O desfecho primário foi a “resposta” baseada no julgamento global. Metanálises de efeito randômico foram conduzidas, combinando dados dos ensaios clínicos incluídos.
Três ensaios clínicos preencheram os critérios de elegibilidade. Uma intervenção terapêutica comportamental de 16 semanas foi utilizada em dois ensaios clínicos e uma intervenção terapêutica cognitiva de 12 semanas foi utilizada no terceiro. Duração do segmento variou de 0 a 12 meses.Dois ensaios clínicos (total de 166 participantes) forneceram dados comparando a combinação com a psicoterapia isolada (ambos utilizando terapia comportamental). Nenhuma diferença estatisticamente significante foi observada em resposta durante a intervenção (risco relativo (RR)) para a combinação de 1,25, Intervalo de Confiança (IC) 0,78 a 2,03, p=0,35), no final da intervenção (RR 0,78 IC 0,45 a 1,35, p=0,37), ou na última visita de acompanhamento, apesar dos dados de acompanhamento terem sugerido que a combinação possa ser inferior à terapia comportamental isolada (RR 0,62 IC 0,36 a 1,07, p=0,08).Um estudo (77 participantes) comparou a combinação com um benzodiazepínico isolado. Nenhuma diferença foi encontrada em resposta durante a intervenção (RR 1,57 IC 0,83 a 2,98, p=0,17). Apesar da combinação ter parecido ser superior do que o benzodiazepínico isolado no final do tratamento (RR 3,39 IC 1,03 a 11,21, p=0,05), o achado foi apenas estatisticamente significante no limite dos dados, e nenhuma diferença significante foi observada no acompanhamento de sete meses (RR 2,31 IC 0,79 a 6,74, p=0,12).
Traduzido por: Cristiane de Cássia Bergamaschi, Universidade de Sorocaba- Uniso; Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com