A nebulização com solução salina hipertônica é eficaz e segura para bebês com bronquiolite aguda?

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Pergunta da revisão

A nebulização com solução salina hipertônica, comparada com solução salina normal, é eficaz e segura para o tratamento de bebés com bronquiolite aguda?

Introdução

A bronquiolite aguda é a infecção mais comum das vias respiratórias inferiores em crianças com até dois anos de idade. A bronquiolite ocorre quando os pequenos tubos (bronquíolos) que levam o ar aos pulmões ficam infectados. Essa infecção leva à inflamação, inchaço da parte interna dos bronquíolos e produção de muco. Isto dificulta a respiração, especialmente em crianças muito pequenas, e elas apresentam tosse e chiado no peito (sibilo).

Como a bronquiolite é geralmente causada por um vírus, o tratamento medicamentoso geralmente não é eficaz. A inalação de soro fisiológico hipertônico (uma solução estéril de água e sal), na forma de uma fina névoa usando um nebulizador, pode ajudar a aliviar o chiado e a falta de ar da criança.

Comparamos a nebulização de uma solução salina hipertônica (≥ 3%) versus uma solução salina normal (0,9%) em lactentes com bronquiolite aguda.

Esta é uma atualização de uma revisão publicada anteriormente em 2008, 2010 e 2013.

Data da busca

11 de agosto de 2017

Características do estudo

Identificamos 26 novos estudos nesta atualização. Nove desses estudos aguardam avaliação e 17 (N = 3105) foram incluídos nesta versão atualizada da revisão. Incluímos um total de 28 ensaios clínicos randomizados (ECRs) envolvendo 4195 bebés com bronquiolite aguda.

Resultados principais

Nos bebês internados por bronquiolite aguda, a nebulização com solução salina hipertônica, em comparação com a nebulização com salina normal, pode reduzir a duração da internação em 10 horas. A nebulização com salina hipertônica, comparada com a salina normal, melhora os "escores de gravidade clínica". Esses escores são usados pelos médicos para avaliar a saúde de crianças tratadas em ambulatórios ou no hospital. A nebulização com solução salina hipertônica também pode reduzir em 14% o risco de internação de crianças tratadas nos ambulatórios ou nos serviços de urgência. O uso de nebulização com salina hipertônica junto com remédios para relaxar as vias aéreas (broncodilatadores) esteve associado a efeitos adversos menores e que desapareceram espontaneamente.

A redução do tempo de internação foi menor do que se pensava anteriormente. No entanto, uma redução média de 10 horas no tempo de internação dos bebês é significativa porque a duração da bronquiolite é geralmente pequena. A nebulização com solução salina hipertônica parece ser segura e amplamente disponível a um baixo custo.

Qualidade da evidência

A qualidade da evidência foi baixa a moderada devido à inconsistência nos resultados entre os estudos e ao risco de viés em alguns estudos. Por isso, é necessário fazer grandes ECRs para confirmar os benefícios da nebulização com solução salina hipertônica em bebês com bronquiolite atendidos em ambulatórios e hospitais.

Conclusão dos autores: 

A nebulização com solução salina hipertônica pode reduzir modestamente o tempo de internação e melhorar o escore de gravidade clínica dos bebês hospitalizados com bronquiolite aguda. A nebulização com salina hipertônica também pode reduzir o risco de hospitalização de crianças atendidas em ambulatórios e serviços de emergência. Porém, a qualidade da evidência é baixa a moderada.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

O edema e a obstrução das vias respiratórias são as principais características da bronquiolite viral aguda em bebês. A nebulização com solução salina hipertônica (≥ 3%) pode reduzir estas alterações e diminuir a obstrução das vias aéreas. Esta é uma atualização de uma revisão publicada pela primeira vez em 2008, e atualizada anteriormente em 2010 e 2013.

Objetivos: 

Avaliar os efeitos da nebulização com solução salina hipertônica (≥ 3%) em bebés com bronquiolite aguda.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados em 11 de agosto de 2017: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE, MEDLINE Epub Ahead of Print, In-Process & Other Non-Indexed Citations, Ovid MEDLINE Daily, Embase, CINAHL, LILACS, e Web of Science. Em 8 de abril de 2017 também fizemos buscas nas plataformas de registro de ensaios clínicos World Health Organization International Clinical Trials Registry Platform (WHO ICTRP) e ClinicalTrials.gov.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados controlados (ECRs) e quasi-randomizados que compararam nebulização com solução salina hipertônica sozinha ou associada com broncodilatadores versus nebulização com solução salina a 0,9%, ou tratamento padrão em crianças com menos de 24 meses com bronquiolite aguda. O desfecho primário para as crianças internadas foi o tempo de internação hospitalar. O desfecho primário para as crianças atendidas em ambulatórios ou pronto-socorros foi a taxa de hospitalização.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores da revisão, trabalhando de forma independente, fizeram a seleção dos estudos, extraíram os dados e avaliaram o risco de viés dos estudos incluídos. Fizemos meta-análises usando o modelo de efeitos randômicos com o programa Review Manager 5. Usamos a diferença média (MD), a razão de risco (RR) e seus intervalos de confiança (IC) de 95% para apresentar os tamanhos de efeito.

Principais resultados: 

Identificamos 26 novos ECRs nesta atualização. Nove estudos estão aguardando classificação devido à insuficiência de dados para avaliação da elegibilidade e 17 ECRs (N = 3105) preencheram os critérios de inclusão. Incluímos um total de 28 ECRs envolvendo 4195 bebés com bronquiolite aguda, dos quais 2222 receberam soro fisiológico hipertônico.

Os lactentes hospitalizados tratados com nebulização com solução hipertônica tiveram um tempo médio de internação significativamente menor do que os que receberam nebulização com soro a 0,9% (MD -0,41 dias, IC 95% -0,75 a -0,07; P = 0,02, I² = 79%; 17 ECRs; 1867 lactentes; evidência de baixa qualidade segundo o GRADE). Os lactentes que receberam nebulização com soro fisiológico hipertônico também tiveram escores clínicos pós-inalação significativamente menores do que os que receberam soro fisiológico a 0,9%, nos primeiros três dias de tratamento (dia 1): MD -0,77, IC 95% -1,18 a -0,36, P < 0,001; dia 2: MD -1,28, IC 95% -1,91 a -0,65, P < 0,001; dia 3: MD -1,43, IC 95% -1,82 a -1,04, P < 0,001) (evidência de baixa qualidade).

A nebulização com solução salina hipertônica, comparada com a nebulização com salina a 0,9%, reduziu em 14% o risco de hospitalização de lactentes atendidos em ambulatórios ou pronto-socorro (RR 0,86, IC 95% 0,76 a 0,98; P = 0,02, I² = 7%; 8 ECRs, 1723 lactentes, evidência de qualidade moderada).

Vinte e quatro estudos avaliaram a segurança da intervenção: 13 ECRs (1363 bebés, 703 tratados com soro hipertônico) não reportaram quaisquer eventos adversos. Onze ECRs (2360 bebés, 1265 tratados com soro hipertônico) reportaram pelo menos um evento adverso, sendo que a maioria foi leve e teve resolução espontânea.

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Maria Regina Torloni). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br