Infecções agudas e crônicas do ouvido (otite média aguda e otite média crônica com efusão ou “glue ear”) são ambas muito comuns em crianças. A adenoidectommia é um procedimento cirúrgico para a remoção das adenoides e é realizada com muita frequência nestas crianças, acreditando-se em prevenir estes problemas.
Esta revisão, tendo analisado 14 estudos e 2.712 crianças, mostra que a adenoidectomia é efetiva na resolução do fluído em ouvido médio (“glue”), mas não mostrou ter efeito sobre a otite média aguda ou sobre a audição da criança.
Esta revisão mostra um benefício significante da adenoidectomia no que se refere resolução da efusão em ouvido médio em crianças com OME. Entretanto, o ganho auditivo é pequeno e os efeitos sobre a membrana timpânica não são conhecidos. Os riscos da cirurgia devem ser pesados contra os benefícios potenciais.
A ausência de benefício significante da adenoidectomia sobre a OMA sugere que a cirurgia de rotina para esta indicação não deve ser recomendada.
A adenoidectomia, remoção cirúrgica da adenoide, é uma cirurgia otorrinolaringológica comum em crianças com otite média no mundo inteiro. Não foi realizada previamente uma revisão sistemática sobre a efetividade da adenoidectomia neste grupo específico.
Avaliar a efetividade da adenoidectomia versus tratamento não cirúrgico ou colocação de tubo de ventilação em crianças com otite média.
A busca foi realizada em the Cochrane Ear, Nose and Throat Disorders Group Trials Register; Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL); PubMed; EMBASE; CINAHL; Web of Science; BIOSIS Previews; Cambridge Scientific Abstracts; mRCT e outras fontes adicionais de estudos publicados e não publicados. A data da busca mais recente foi 30 de Março de 2009.
Foram analisados ensaios clínicos controlados randomizados comparando adenoidectomia com ou sem colocação de tubo de ventilação versus tratamento não cirúrgico ou colocação isolada de tubo de ventilação em crianças com otite média. O desfecho primário foi avaliar a proporção do tempo de persistência da otite média com efusão. Como desfecho secundário foram avaliados o número de episódios, número médio de dias por episódio e por ano, e as proporções de crianças com otite média aguda (OMA) ou otite média com efusão (OME), como também os níveis de audição. Os desfechos terciários incluíram atrofia da membrana timpânica, timpanosclerose, retração da parte tensa e da parte flácida, e colesteatoma.
Dois autores, de forma independente, avaliaram a qualidade dos estudos clínicos e extraíram os dados.
Foram avaliados 14 estudos clínicos controlados randomizados (2.712 crianças) que avaliaram a efetividade da adenoidectomia em crianças com otite média.Foram avaliados 14 estudos clínicos controlados randomizados (2.712 crianças) que avaliaram a efetividade da adenoidectomia em crianças com otite média. . A perda do seguimento após dois anos variou de 0% a 63%.
A adenoidectomia com colocação unilateral de tubo de ventilação tem efeito benéfico na resolução da OME (Diferença de Risco (DR) 22% (95% IC 12% a 32%) e 29% (95% IC 19 a 39%) para o ouvido não operado aos três e seis meses, respectivamente (três ensaios clínicos)) e um efeito muito pequeno na audição (<5 dB), comparado à colocação isolada de tubo de ventilação unilateral.Os resultados da comparação dos estudos de adenoidectomia com ou sem a miringotomia versus o tratamento não cirúrgico ou miringotomia isolada, e os dos estudos de adenoidectomia em combinação com colocação bilateral de tubo de ventilação versus colocação bilateral isolada de tubo de ventilação mostraram um pequeno efeito benéfico para a adenoidectomia sobre a resolução da efusão. Estes últimos resultados não puderam ser agrupados devido à grande heterogeneidade apesentadas nos ensaios clínicos.
Referente a OMA, os resultados de nenhum ensaio clínico que incluíram este desfecho mostraram algum efeito benéfico significante da adenoidectomia. Os estudos eram heterogêneos demais para serem agrupados em uma metanálise.
Os efeitos da adenoidectomia em relação ás alterações da membrana timpânica ou colesteatoma não foram estudados.
Traduzido por: Silke Anna Theresa Weber, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com