Oxigenioterapia hiperbárica para feridas cirúrgicas e traumáticas agudas

Feridas cirúrgicas e traumáticas agudas ocorrem como resultado de um trauma ou procedimentos cirúrgicos e enquanto muitos se curam sem intercorrências, às vezes suprimento sanguíneo local insuficiente, infecção, lesões nos vasos sanguíneos ou uma combinação de fatores fazem com que estas feridas agudas levem mais tempo para curar. A Oxigenioterapia hiperbárica (OTHB) envolve colocar a pessoa em uma câmara hermeticamente fechada e administrar oxigênio a 100% a uma pressão maior que 1 atmosfera e é às vezes utilizada com o objetivo de acelerar a cicatrização. O objetivo é banhar todos os fluidos, tecidos e células do corpo com uma alta concentração de oxigênio.

Esta revisão não encontrou nenhuma evidência de alta qualidade mostrando que a OTHB é benéfica para a cicatrização de feridas. Dois estudos de má qualidade sugeriram benefícios associados com a OTHB. O primeiro, em pacientes com lesões por esmagamento, mostrou melhora da cicatrização e menos resultados adversos. O segundo relatou melhora da sobrevida de enxertos de pele parciais em pessoas com feridas por queimaduras. Dois estudos não relataram nenhum benefício associado com a OTHB para enxerto de pele ou cirurgia com retalho livre.

São necessárias mais investigações de melhor qualidade para determinar os efeitos da OTHB na cicatrização de feridas.

Conclusão dos autores: 

Há uma falta de pesquisas válidas com alta qualidade de evidência sobre os efeitos da OTHB na cicatrização de feridas. Embora dois pequenos estudos tenham sugerido que a OTHB pode melhorar os desfechos de enxertos de pele e trauma, estes estudos tinham risco de viés. É necessária uma nova avaliação por meio de ensaios clínicos randomizados de alta qualidade.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A oxigenioterapia hiperbárica (OHB) é usada como um tratamento para feridas agudas (tais como as decorrentes de cirurgia e trauma). No entanto, os efeitos da OTHB na cicatrização de feridas não são claros.

Objetivos: 

Determinar os efeitos da OTHB sobre a cicatrização de feridas cirúrgicas e traumáticas agudas.

Métodos de busca: 

Pesquisamos as seguintes bases de dados: Cochrane Wounds Group Specialized Register (pesquisado até 9 de agosto de 2013); o Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (a Cochrane Library 2012, edição 12); Ovid MEDLINE (2010 até a quinta semana de julho de 2013); Ovid MEDLINE (em processo de publicação e outras citações não indexadas, 8 de agosto de 2013); Ovid EMBASE (2010 até 31 semana de 2013); EBSCO CINAHL (2010 até 8 de agosto de 2013).

Critério de seleção: 

Ensaios clínicos randomizados (ECRs), comparando a OTHB com outras intervenções como curativos, esteróides ou OTHB simulada (“sham”) ou comparações entre regimes alternativos de OTHB.

Coleta dos dados e análises: 

Dois revisores conduziram independentemente a seleção de ensaios, avaliação de riscos de viés, extração de dados e síntese de dados. Qualquer discordância foi discutida com um terceiro revisor.

Principais resultados: 

Quatro estudos envolvendo 229 participantes foram incluídos. Os estudos foram clinicamente heterogêneos, o que impossibilitou uma meta-análise.

Um estudo (48 participantes com feridas de queimadura submetidos a enxertos parciais de pele) comparou a OTHB com cuidados habituais e relatou uma sobrevivência completa do enxerto significativamente maior com OTHB (risco relativo de 95%, RR, de área saudável do enxerto 3,50; intervalo de confiança de 95%, IC, 1,35 a 9,11). Um segundo estudo (10 participantes submetidos a cirurgia com retalho livre) não relatou nenhuma diferença significativa entre a sobrevivência do enxerto ou não (dados não disponíveis). Um terceiro estudo (36 participantes com lesões por esmagamento) relatou significativamente mais feridas curadas (RR 1,70; IC 95% 1,11 a 2,61) e menos necrose tecidual (RR 0,13; IC 95% 0.02 a 0,90) com OTHB comparada com a OTHB simulada. O quarto estudo (135 pessoas submetidas a enxerto com retalhos) não relatou nenhuma diferença significativa na sobrevivência do enxerto completo com OTHB comparado com dexametasona (RR 1,14; IC 95% 0,95 a 1,38) ou heparina (RR 1,21; IC 95% 0,99 a 1,49).

Muitos dos desfechos secundários predefinidos da revisão não foram relatados. Todos os quatro estudos tinham risco de viés incerto ou alto.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Arnaldo Alves da Silva).

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