Intervenções para aumentar a utilização de medidas para prevenir o desenvolvimento de coágulos sanguíneos em doentes médicos e cirúrgicos hospitalizados

Qual é o objetivo desta revisão?

O objetivo desta revisão sistemática Cochrane foi descobrir se as intervenções de todo o sistema aumentaram o uso de medidas para prevenir coágulos sanguíneos (tromboprofilaxia) e diminuíram a incidência de coágulos sanguíneos (tromboembolismo venoso) em doentes adultos, médicos e cirúrgicos, hospitalizados em risco para este problema.

Mensagens chave

Fornecer intervenções de todo o sistema, particularmente alertas para médicos e outros profissionais de saúde provavelmente melhora a utilização de tromboprofilaxia ou tromboprofilaxia apropriada e diminui o número de coágulos sanguíneos sintomáticos (coágulos acompanhados de sintomas) em três meses. No entanto, o grau de evidência científica foi avaliado como moderado ou baixo, pelo que mais estudos de alta qualidade que avaliem a eficácia das intervenções de todo o sistema são necessários para confirmar as conclusões desta revisão.

O que foi estudado nesta revisão?

Coágulos sanguíneos que ocorrem nas veias da perna (trombose venosa profunda) ou na circulação pulmonar (embolia pulmonar) são conhecidos como tromboembolismo venoso (TEV). TEV é uma complicação potencial para os doentes que tenham sido hospitalizados por motivos médicos ou cirúrgicos. Estas complicações prolongam o internamento hospitalar e são das principais causas de morte e invalidez a longo prazo. Fatores de risco para TEV incluem hospitalização por doença médica ou cirúrgica, cancro, trauma ou imobilização, medicamentos tais como contraceptivos orais ou terapia de substituição hormonal e gravidez ou pós-parto. Outros fatores de risco são a idade avançada, obesidade, coágulos de sangue anteriores e história familiar de coágulos de sangue.

Tromboprofilaxia envolve a administração de pequenas doses de medicamentos anticoagulantes, tais como heparina, heparina de baixo peso molecular ou anticoagulantes orais, ou a aplicação de medidas físicas, tais como meias de compressão graduadas ou dispositivos de compressão sequencial. Nos EUA, a tromboprofilaxia tem sido classificada como a primeira estratégia para melhorar a segurança do doente em hospitais e as intervenções para melhorar a implementação de tromboprofilaxia foram recentemente classificadas como as 10 principais estratégias de segurança do doente que exigem ação.

Apesar de atromboprofilaxia ser segura e poder prevenir o TEV em vários grupos de doentes em risco para essas complicações, continua a ser subutilizada ou usada inadequadamente. Olhámos de duas formas diferentes para a medição do uso de tromboprofilaxia: recebeu profilaxia (o doente recebeu qualquer tromboprofilaxia?), e recebeu profilaxia adequada (o doente recebeu profilaxia que era apropriada para ele?). Considerámos que a profilaxia era adequada se os autores do estudo concordaram ser adequada.

Quais são os principais resultados desta revisão?

Fizemos uma revisão sistemática de ensaios clínicos aleatorizados (ensaios em que as pessoas são aleatoriamente colocadas em um dos dois ou mais grupos de tratamento) que testaram várias intervenções de todo o sistema, visando aumentar o uso de tromboprofilaxia em doentes hospitalizados. Encontrámos 13 estudos relevantes; dois não puderam ser agrupados com os outros porque não reportaram dados em que estávamos interessados. Foram incluídos 11 estudos, com um total de 33.207 participantes na nossa análise. A nossa revisão mostrou que as intervenções que utilizaram alertas pareciam ser a maneira mais confiável de aumentar o uso de tromboprofilaxia.

Dados combinados mostraram que:

- Alertas enviados por computador ou por humanos aumentaram o número de participantes que receberam tromboprofilaxia em 21% (três estudos, 5057 participantes, grau de evidência baixo).
- Alertas aumentaram o número de participantes que receberam tromboprofilaxia apropriado em 16% (três estudos, 1820 participantes, grau de evidência moderado).
- Alertas diminuíram em 36% a taxa relativa de TEV sintomático aos três meses (três estudos, 5353 participantes, grau de evidência baixo).
- Intervenções multifacetadas foram apenas associadas a um modesto aumento de 4% na prescrição de tromboprofilaxia (cinco estudos, 9198 participantes, grau de evidência moderado).
- Apesar de não terem sido diretamente comparados entre si, os alertas por computador ou por humanos pareceram ser mais eficazes do que as intervenções multifacetadas.
- Apesar de não terem sido diretamente comparados entre si, os alertas por computador podem ter sido mais eficazes do que os alertas humanos a aumentar a tromboprofilaxia adequada e a reduzir o TEV sintomático.

Quão atual é esta revisão?

Procurámos todos os estudos publicados até 7 de janeiro de 2017.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Mariana Alves, Médica do Internato de Formação Específica de Medicina Interna do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Lisboa, Portugal. Com o apoio da Cochrane Portugal

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