Soluções doces para aliviar dor da agulha de injeção em crianças de um a 16 anos

Esta é uma versão atualizada da revisão Cochrane original publicada na Edição 10, 2011: Soluções doces para redução da dor de procedimentos relacionados com agulha em crianças de um a 16 anos. Nós refizemos a busca em Outubro de 2014.

Questão da revisão: Soluções doces reduzem a dor durante procedimentos com agulhas em crianças de um a 16 anos, comparado a não tratamento, água, outras soluções não doces, ou outras intervenções como sucção não-nutritiva (bebês) ou comidas doces ou goma de mascar (crianças), anestésicos tópicos, música e distração?

Introdução: Pequenas quantidades de soluções doces dadas oralmente aos bebês antes e durante agulhadas dolorosas reduz significativamente o desconforto. No entanto, não se sabe se os mesmos efeitos de redução de dor com soluções doces ocorreram em crianças com mais de um ano de idade. Examinamos, portanto, estudos que analisam os efeitos de redução de dor de soluções doces, como a sacarose ou glicose, para os procedimentos dolorosos com agulhas em crianças de um a 16 anos.

Data da pesquisa: Buscamos a literatura de estudos publicados e não publicados até Outubro de 2014.

Características do estudo: Encontramos seis estudos focados em crianças com idade entre um a quatro anos; dois destes estudos foram incluídos na revisão original e quatro eram novos estudos. Os dois estudos incluídos na avaliação original usaram uma baixa concentração de sacarose, apenas 12%, o que não é considerado doce suficiente para reduzir a dor. Três dos quatro novos estudos foram estudos-piloto pequenos, realizados para informar ensaios completos e apenas um estudo de soluções doces em crianças pequenas incluiu um grande número de crianças. Quando comparamos os resultados de todos os seis estudos, apenas dois mostraram que a água adocicada (sacarose) reduziu a dor durante as injeções. No entanto, os quatro estudos que mostraram nenhum efeito incluíram um pequeno número de crianças, portanto eles não foram considerados suficientemente grandes para detectar diferenças significativas na dor. Mais ensaios clínicos bem conduzidos, com um número suficientemente grande de crianças pequenas, são necessários para descobrir se soluções doces reduzem eficazmente a dor e desconforto durante agulhadas

Para as crianças mais velhas em idade escolar, houve dois estudos publicados pelo mesmo autor, os quais foram incluídos na revisão original. Nenhum dos estudos mostrou que soluções doces ajudaram a reduzir a dor. Como outros estudos mostram que estratégias como distração e anestésicos tópicos podem efetivamente reduzir a dor da agulhada em crianças em idade escolar, mais estudos de soluções adocicadas para controle da dor em crianças em idade escolar não são garantidos.

Fontes de financiamento do estudo:

Dos seis estudos incluindo crianças pequenas, dois acusam não recebimento de financiamento de pesquisa. Para os quatro restantes: um fundo de enfermagem estatal suportou dois dos estudos-piloto, um instituto de pesquisa interno forneceu suporte para um estudo-piloto restante e outro estudo foi apoiado em parte por uma doação de Saúde Materna e Infantil.

Os dois estudos, incluindo crianças em idade escolar, conduzidos pelo mesmo autor, foram apoiados por uma bolsa da Canadian Institutes of Health Research.

Conclusão dos autores: 

Baseado nos oito estudos incluídos nesta revisão sistemática atualizada, dois eram subgrupos de um pequeno número de crianças elegíveis a partir de estudos maiores, e três eram ECCRs-piloto com um pequeno número de participantes, não havendo evidências suficientes dos efeitos analgésicos de soluções ou substâncias doces durante os procedimentos agudamente dolorosos em crianças entre um e quatro anos de idade. Mais ECCRs rigorosamente conduzidos e adequadamente monitorados são garantidos nessa população. Baseado nos dois estudos do mesmo autor, não havia nenhuma evidência do efeito analgésicos de sabor doce em crianças em idade escolar. Como existem outras estratégias eficazes baseadas em evidências disponíveis para uso neste grupo etário, mais ensaios clínicos não são garantidos.

Apesar da adição de quatro estudos nesta revisão, as conclusões não mudaram desde a última versão da revisão.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Extensa evidência existe mostrando efeitos analgésicos de soluções doces para recém-nascidos e lactentes. É menos certo se existem os mesmos efeitos analgésicos para crianças entre um e 16 anos de idade Esta é uma versão atualizada da revisão original Cochrane publicado na Edição 10, 2011 (Harrison 2011), intitulada por Soluções doces para redução da dor de procedimentos relacionados com agulha em crianças de um a 16 anos.

Objetivos: 

Determinar a eficácia de soluções ou substâncias doces para reduzir a dor de procedimentos relacionados com agulha em crianças além de um ano de idade.

Métodos de busca: 

Buscas foram executadas até o final de Junho de 2014. Buscamos nos seguintes bancos de dados: o Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), Cochrane Database of Systematic Reviews, Database of Abstracts of Reviews of Effects (DARE), Cochrane Methodology Register, Health Technology Assessment, the NHS Economic Evaluation Database, MEDLINE, EMBASE, PsycINFO e ACP Journal Club (todos via OvidSP), e CINAH (via EBSCOhost). Não aplicamos restrição de idioma.

Critério de seleção: 

Publicados ou não publicados ensaios clínicos controlados randomizados (ECCRs), em que crianças de um a 16 anos receberam solução ou substância doces para dor de procedimentos relacionados com agulha. Condições controle incluíam água, substância não adocicadas, chupeta, distração, posicionamento/ contenção, amamentação ou nenhum tratamento.

Coleta dos dados e análises: 

Os desfechos incluíram duração do choro, escalas de dor compostas, indicadores fisiológicos ou comportamentais de dor, auto-relato de dor ou relato dos pais ou profissionais de saúde para a dor da criança. Relatamos diferenças médias (DM), diferença de média ponderada (DMP) ou a diferença média padronizada (DMP), com intervalos de confiança de 95% (IC), utilizando efeito-fixo ou modelos de efeito-randomizado apropriado para medidas de desfechos contínuos. Relatamos relação de risco (RR), diferença de risco (DR), e o número necessário para tratar ou beneficiar (NNTB) para variáveis dicotômicas. Usamos o I2 para avaliar estatisticamente a heterogeneidade entre os estudos.

Principais resultados: 

Nós incluímos um estudo não-publicado e sete estudos publicados (total de 808 participantes); quatro estudos e 478 participantes a mais do que na revisão de 2011. Seis ensaios clínicos incluíram crianças com idades entre um a quatro anos recebendo sacarose ou pirulitos doces para a dor de imunização comparado com água ou nenhum tratamento. Cuidados habituais incluíram anestésicos tópicos, participação dos pais em posição vertical e distração. Todos os estudos foram bem desenhados, ECCRs cegos, no entanto, cinco dos seis estudos tinham um alto risco de viés baseado em amostras pequenas.

Dois estudos incluíram crianças em idade escolar recebendo goma de mascar doce ou sem açúcar antes, ou antes e durante a imunização e coleta de sangue. Ambos os estudos, conduzidos pelo mesmo autor, tiveram um alto risco de viés baseado em amostras pequenas.

Resultados para as crianças/ pré-escolares foram conflitantes. Duração do choro, utilizando modelo de efeito-rabdomizado, não foi significantemente reduzida pelo sabor doce (seis ensaios, 520 crianças, DMP -15 segundos, IC 95% -54 a 24, I2 = 94%).

A composição do escore de dor no momento da primeira agulhada foi relatada em quatro estudos (n = 121 crianças). Os escores não foram significantemente diferentes entre o grupo de sacarose e controle (DMP -0.26, IC 95% -1.27 a 0.75, I2 = 86%).

A escala de dor do Children's Hospital of Eastern Ontario > 4 foi significantemente menos comum no grupo de sacarose comparado com o grupo controle em um estudo (n = 472, RR 0.55, IC 95% 0.45 a 0.67; DR -0.29, IC 95% - 0.37 a -0.20; NNTB 3, IC 95% 3 a 5; testes de heterogeneidade não aplicáveis).

Para as crianças em idade escolar, chiclete doce antes de procedimentos dolorosos relacionados à agulha (dois estudos, n = 111 crianças) ou durante os procedimentos (dois estudos, n = 103 crianças) não reduziu significantemente os escores de dor. Uma comparação da escala de faces de dor em crianças que mascaram goma doce antes dos procedimentos em comparação com crianças que mascaram goma sem açúcar revelou DMP de -0.15 (IC 95% -0.61 a 0.30). Resultados semelhantes foram encontrados quando se comparou a mastigação de goma doce a goma sem açúcar durante o procedimento (DMP 0.23, IC 95% -0.28 a 0.74). A Escala Colorida Analógica para crianças mostrou que as que marcaram goma doce em comparação com goma sem açúcar antes do procedimento não teve diferença significante (DMP 0.24 (-0.69 a 1.18)), nem foi diferente quando as crianças mastigaram a goma durante o procedimento (DMP 0.86 (IC 95% -0.12 to 1.83)). Não houve heterogeneidade para qualquer dessas análises em crianças em idade escolar (I2 = 0%).

Notas de tradução: 

Tradução da Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil (Esther Angélica Luiz Ferreira) Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com Translation notes: CD008408

Tools
Information