Texto do resumo
O EED pode ser superior à CPM. No entanto, estudos adicionais comparando diretamente ambos os testes são necessários. A ausência de DAC significativa não está necessariamente correlacionada com sobrevida livre de eventos cardíacos pós-transplante. Pesquisas adicionais devem avaliar a capacidade dos testes funcionais em predizer o resultado pós-operatório.
Pacientes portadores de doença renal crônica apresentam maior risco de desenvolver doença arterial coronariana (DAC) e outros eventos cardíacos adversos. Portanto, no período pré-operatório, é importante fazer exames para detectar possível DAC nos candidatos a transplante renal. Há bastante interesse no papel dos exames cardíacos não invasivos e sua habilidade em identificar pacientes com alto risco para DAC.
Investigamos a acurácia dos testes de triagem não invasivos, comparados à angiografia coronariana, na detecção de DAC em candidatos a transplante renal.
Pesquisamos no MEDLINE e no EMBASE (início em novembro 2010) para identificar estudos que avaliassem a acurácia diagnóstica de testes de triagem cardiológicos não invasivos. A angiografia coronariana foi utilizada como padrão de referência. Também fizemos buscas no Web of Science e buscas manuais nas listas de referências dos estudos primários selecionados e de artigos de revisão.
Incluímos nesta revisão estudos diagnósticos transversais, de coorte e ensaios clínicos randomizados de avaliação de acurácia. Estes estudos deveriam comparar os resultados de qualquer teste cardíaco versus a angiografia coronariana (padrão de referência). Os pacientes deveriam ser candidatos a transplante renal ou a transplante de rim e pâncreas, na época em que os testes diagnósticos estavam sendo realizados.
Utilizamos uma estratégia de modelagem hierárquica para produzir sumários de curvas ROC (SROC) e estimativas agrupadas de sensibilidade e especificidade. Fizemos análises de sensibilidade para avaliar a acurácia do teste, incluindo apenas os estudos com verificação completa ou que tivessem usado um limiar de estenose ≥ 70% na angiografia coronária para o diagnóstico de DAC significativa.
Os testes de triagem incluídos na metanálise foram: 13 estudos de ecocardiografia sob estresse com dobutamina (EED), 9 estudos de cintilografia de perfusão miocárdica (CPM), 3 estudos de ecocardiograma, 2 estudos de teste ergométrico, 3 estudos com eletrocardiograma em repouso e 1 estudo cada de tomografia computadorizada de emissão de elétrons, ventriculografia de esforço, medida da espessura da camada íntima média das artérias carótidas e angiografia por subtração digital. Encontramos estudos suficientes de EED e CPM para permitir a análise de curva HSROC (hierarchical summary receiver operating characteristic curve). Tanto o EED quanto a CPM apresentaram sensibilidade e especificidade moderadas na detecção da estenose das artérias coronárias em pacientes candidatos a transplante renal: EED (13 estudos) – sensibilidade combinada 0,79, intervalo de confiança de 95% (IC) 0,67 a 0,88, especificidade combinada 0,89, IC 0,81 a 0,94; CPM (7 estudos) – sensibilidade combinada 0,74 , IC 0,54 a 0,87, especificidade combinada 0,70, IC 0,51 a 0,84. Nas análises incluindo apenas os estudos que definiam estenose coronariana como oclusão ≥ 70% na angiografia coronariana, as estimativas de acurácia permaneceram praticamente inalteradas: EED (9 estudos) – sensibilidade combinada 0,76 IC 0,60 a 0,87, especificidade combinada 0,88, IC 0,78 a 0,94, CPM (7 estudos) – sensibilidade combinada 0,67, IC 0,48 a 0,82, especificidade combinada 0,77, IC 0,61 a 0,88. Quando todos os estudos foram incluídos na análise, o EED teve maior acurácia do que a CPM. No entanto, essa diferença deixou de ser significativa quando excluímos os estudos que não evitaram a verificação parcial ou que não usaram um limiar de ≥ 70% para estenose (P = 0,09).
Tradução do Centro Cochrane do Brasil - Centro Afiliado João Pessoa (André Telis)