A eficácia e segurança dos tratamentos para a candidíase vulvovaginal recorrente

Pergunta de revisão

Os autores da Cochrane propuseram-se a investigar a eficácia e segurança dos tratamentos medicamentosos ou não-medicamentosos (tais como medicamentos complementares e alternativos) para mulheres com candidíase vulvovaginal recorrente.

Contexto

A candidíase da área vaginal/vulvar é causada por uma levedura, a Candida, que se encontra em condições normais na vagina como parte da flora normal, sem causar sintomas. Por motivos desconhecidos, a Candida pode crescer e causar sintomas de candidíase vulvovaginal. Os sintomas incluem prurido, edema e irritação das áreas vaginais e vulvares. Estima-se que a candidíase vulvovaginal não-complicada afeta até 75% das mulheres em alguma fase da sua vida reprodutiva. A candidíase vulvovaginal recorrente ocorre quando uma mulher tem quatro ou mais infeções fúngicas durante um período de 12 meses. Pode afetar até 5% das mulheres. A toma de anti-fúngicos de forma profilática é por vezes recomendada, mas não existem guidelines claras baseadas na evidência.

Caraterísticas do estudo

Foram identificados 23 estudos que envolveram 2.212 participantes entre os 17 e os 67 anos de idade com diagnóstico de candidíase vulvovaginal recorrente confirmada por um teste positivo. Os estudos compararam vários fármacos antifúngicos (administrados por via oral ou vaginal) e alguns fármacos complementares e alternativos (como vacina de Lactobacillus, probióticos e roupa íntima especial). Os estudos reportaram os efeitos na recorrência de candidíase após 6 e após 12 meses. Apenas um estudo reportou o número de recorrências aos 12 meses. Nove estudos foram financiados pela indústria, três foram financiados por fontes independentes e nove estudos não reportaram a fonte de financiamento. A evidência encontra-se atualizada até outubro de 2021.

Principais resultados

Seis estudos (607 participantes) compararam fármacos antifúngicos com placebo ou ausência tratamento. Baseado num baixo grau de evidência, os tratamentos antifúngicos podem levar a uma redução na recorrência clínica aos 6 e aos 12 meses. Não estamos certos sobre se os tratamentos orais são melhores do que os tratamentos tópicos (muito baixo grau de certeza da evidência para a ausência de diferença).

Os efeitos adversos da toma de medicação antifúngica para prevenir a recorrência de candidíase não foram comuns. Os estudos reportaram os efeitos adversos de forma distinta, o que dificulta as comparações. É necessária mais evidência para determinar as medicação, dose e frequência ideais. Não foi possível determinar os efeitos em mulheres grávidas ou com diabetes.

Grau de certeza da evidência

A nossa confiança na evidência foi baixa a muito baixa devido a graves preocupações acerca do risco de viés, a reportagem não clara e ao número limitado de estudos que pôde ser combinado. Isto significa que novos estudos poderão modificar a nossa confiança nos efeitos dos tratamentos e as nossas conclusões.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Ana Dagge, Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Cochrane Portugal.

Tools
Information