Terapia de exercício no tratamento da dor lombar aguda não específica

Questão de revisão

Realizámos uma revisão da evidência sobre o efeito da terapia de exercício em adultos com dor lombar com duração igual ou inferior a 6 semanas.

Contexto

A dor lombar é comum e incapacitante, tendo um impacto significativo nos indivíduos afetados e para a sociedade. A dor lombar contribui, frequentemente, para uma redução da qualidade de vida, absentismo laboral e despesas médicas substanciais.

A terapia de exercício consiste em atividade física planeada ou estruturada, destinada a melhorar ou manter um ou mais aspetos da aptidão física. Esta intervenção, frequentemente recomendada para pessoas com dores lombares, é efetuada por vários profissionais de saúde. A terapia de exercício tem como objetivo melhorar a aptidão física, flexibilidade, estabilidade e coordenação. Pode também centrar-se no treino de músculos específicos. No entanto, a eficácia da terapia de exercício em pessoas com dor lombar não é clara.

Nesta revisão, foram incluídos quadros de dor lombar que não foram causados por contextos subjacentes conhecidos, tais como infeções, cancro, ossos partidos ou gravidez. As pessoas que participaram nos estudos também podiam ter dores nas nádegas e pernas, mas esta tinha de ser maioritariamente referida ao nível da região lombar. Esta é uma atualização de uma Revisão Cochrane publicada pela primeira vez em 2005.

Data de pesquisa

Procurámos a evidência existente até 18 de novembro de 2021.

Caraterísticas dos estudos

Incluímos 23 estudos que envolveram um total de 2.674 pessoas e forneceram informações numéricas sobre 2.637 pessoas. 10 estudos eram novos e 13 foram incluídos na nossa revisão anterior. Os estudos foram efetuados na Europa, na região Ásia-Pacífico e na América do Norte. Na maioria dos estudos, a população era de meia-idade e incluía tanto homens como mulheres. Estávamos sobretudo interessados nos efeitos a curto prazo da terapia de exercício em comparação com tratamento simulado/placebo (tratamento fictício) e com a ausência de tratamento. Nesta revisão, "curto prazo" significou cerca de 6 semanas após o início do tratamento. 12 dos 23 estudos receberam financiamento de organizações governamentais ou sem fins lucrativos. 11 estudos não reportaram fontes de financiamento.

Resultados principais

A terapia de exercício pode não ser melhor do que o tratamento simulado/placebo no alívio da dor a curto prazo. Em média, a intensidade da dor foi 0,8 pontos mais baixa numa escala de 100 pontos (pontuações mais baixas significam menos dor) no grupo de exercício. Por outras palavras, o grupo sujeito a terapia de exercício teve menos 1% de dor do que o grupo com tratamento simulado/placebo. Estes resultados são muito incertos e devem ser interpretados com precaução, uma vez que provêm de um único estudo com apenas 299 participantes.

A terapia de exercício pode não ser melhor do que o tratamento simulado/placebo na melhoria do estado funcional a curto prazo. Em média, as pessoas incluídas no grupo de terapia de exercício obtiveram mais 2 pontos numa escala de incapacidade de 100 pontos (pontuações mais baixas significam menor grau de incapacidade). Por outras palavras, o grupo de terapia de exercício obteve um estado funcional 2% pior do que o grupo de tratamento simulado/placebo. Estes resultados são muito incertos e devem ser interpretados com precaução, uma vez que provêm de um único estudo com apenas 299 participantes.

A terapia de exercício pode não ser melhor do que a ausência de tratamento no alívio da dor e melhoria da função a curto prazo. Este resultado deve ser interpretado com precaução, uma vez que é baseado em 2 estudos pequenos, com um total de 157 participantes.

Poucos estudos avaliaram os efeitos indesejáveis, e nenhum relatou quaisquer efeitos indesejáveis relacionados com a terapia de exercício. Não foi possível chegar a conclusões sobre a segurança da terapia de exercício em pessoas com dor lombar.

Limitações da evidência

Temos muito pouca confiança na evidência porque os estudos foram mal concebidos e incluíram poucas pessoas.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Pedro Peixoto, Unidade de Saúde Familiar Eça de Queirós, ACES Grande Porto IV. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

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