Testes Xpert MTB/RIF e Xpert Ultra para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e resistência à rifampicina em adultos

Essa tradução não está atualizada. Por favor clique aqui para ver a versão mais recente em inglês desta revisão.

Por que é importante melhorar o diagnóstico da tuberculose pulmonar?

A tuberculose causa mais mortes no mundo do que qualquer outra doença infecciosa. Quando detectada precocemente e tratada eficazmente, a maioria das pessoas com tuberculose é curada. Porém, em 2017, cerca de 1,6 milhões de pessoas morreram de tuberculose. Os testes Xpert MTB/RIF e Xpert Ultra (a versão mais recente do primeiro teste), são recomendados pela Organização Mundial de Saúde para detectar simultaneamente tuberculose e resistência à rifampicina em pessoas com sintomas de tuberculose. A rifampicina é um importante remédio usado para tratar a tuberculose. Se a tuberculose não for detectada precocemente, isso pode retardar o diagnóstico e tratamento do paciente, aumentar seu risco de ter doença grave e de morrer. Um diagnóstico errado de tuberculose pode causar ansiedade e tratamentos desnecessários.

Qual foi o objetivo desta revisão?

Avaliar a acurácia (precisão) dos testes Xpert MTB/RIF e Xpert Ultra no diagnóstico da tuberculose pulmonar (TBP) e da resistência à rifampicina em adultos. Esta é uma atualização de uma revisão Cochrane publicada originalmente em 2014.

O que foi estudado nesta revisão?

Comparamos o desempenho dos testes Xpert MTB/RIF e Xpert Ultra, contra os resultados obtidos em culturas (padrão ouro).

Quais foram os principais resultados desta revisão?

95 estudos: 86 estudos (42.091 participantes) avaliaram o Xpert MTB/RIF na detecção da tuberculose; 57 estudos (8287 participantes) na detecção da resistência à rifampicina. Um estudo comparou Xpert Ultra versus Xpert MTB/RIF.

Para TBP, o Xpert MTB/RIF foi sensível (85%), dando um resultado positivo nas pessoas que realmente tinham tuberculose, e específico (98%), ou seja, sem resultado positivo nas pessoas que realmente não tinham a doença. O Xpert Ultra teve maior sensibilidade do que o Xpert MTB/RIF (88% versus 83%) em um estudo.

Para a resistência à rifampicina, o Xpert MTB/RIF foi altamente sensível (96%) e específico (98%). O Xpert Ultra teve resultados semelhantes.

O Xpert MTB/RIF foi melhor para o diagnóstico da tuberculose em pessoas HIV-negativas do que em pessoas HIV-positivas.

Até que ponto estamos confiantes nos resultados desta revisão?

Estamos confiantes. Incluímos muitos estudos e utilizamos os melhores padrões de referência.

A quem se aplicam os resultados desta revisão?

Pessoas com possibilidade de ter TBP ou resistência à rifampicina.

Quais são as implicações desta revisão?

Em teoria, entre 1000 pessoas onde 100 têm tuberculose confirmada em exame de cultura, 103 teriam um resultado positivo no Xpert MTB/RIF e 18 (17%) não teriam tuberculose (falso-positivos); 897 teriam um resultado negativo no Xpert MTB/RIF e 15 (2%) teriam tuberculose (falso-negativo).

Entre 1000 pessoas onde 100 têm resistência à rifampicina, 114 teriam um resultado positivo para resistência à rifampicina e 18 (16%) não teriam resistência à rifampicina (falsos-positivos); 886 teriam um resultado negativo para a resistência à rifampicina e quatro (0,4%) teriam resistência à rifampicina (falsos-negativos).

Quão atualizada é esta revisão?

Incluímos todos estudos publicados até 11 de outubro de 2018.

Conclusão dos autores: 

Em consonância com os resultados da versão anterior desta revisão, confirmamos que o Xpert MTB/RIF é sensível e específico para o diagnóstico de TBP e resistência à rifampicina. O Xpert MTB/RIF foi mais sensível para detectar tuberculose nos participantes com esfregaços positivos do que nos participantes com esfregaços negativos, e nos participantes HIV negativos do que nos participantes HIV positivos. Em comparação com o Xpert MTB/RIF, o Xpert Ultra teve maior sensibilidade e menor especificidade para a tuberculose, e sensibilidade e especificidade semelhantes para resistência à rifampicina (1 estudo). O Xpert MTB/RIF e o Xpert Ultra fornecem resultados precisos e permitem iniciar precocemente o tratamento da tuberculose multirresistente.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Os testes Xpert MTB/RIF (Xpert MTB/RIF) e Xpert MTB/RIF Ultra (Xpert Ultra), a versão mais recente do primeiro exame, são os únicos testes rápidos recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para tuberculose. Eles detectam simultaneamente a tuberculose e a resistência à rifampicina em pessoas com sinais e sintomas de tuberculose, e devem ser usados nos níveis mais baixos do sistema de saúde. Uma Revisão Cochrane anterior concluiu que o Xpert MTB/RIF era sensível e específico para a tuberculoseSteingart 2014). Depois da revisão anterior, novos estudos foram publicados. Atualizamos a revisão para embasar uma revisão de políticas da OMS.

Objetivos: 

Avaliar a acurácia diagnóstica do Xpert MTB/RIF e do Xpert Ultra para tuberculose em adultos com possibilidade de estar com tuberculose pulmonar (TBP) e para a resistência à rifampicina em adultos com tuberculose possivelmente resistente à rifampicina.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados, sem restrição de idiomas, em 11 de outubro do 2018: Cochrane Infectious Diseases Group Specialized Register, MEDLINE, Embase, Science Citation Index, Web of Science, Literatura Latino-Americana das Ciências da Saúde do Caribe e Scopus. Também fizemos buscas nas plataformas de registro de ensaios clínicos Clinical Trials, International Standard Randomized Controlled Trial Number Registry, e ProQuest.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECRs), estudos transversais e de coorte que compararam os resultados do Xpert MTB/RIF, Xpert Ultra, ou ambos contra o padrão de referência, cultura para tuberculose e testes de susceptibilidade a drogas baseadas em cultura ou MTBDRplus para resistência à rifampicina.

Coleta dos dados e análises: 

Quatro autores, trabalhando de forma independente, fizeram a extração dos dados usando um formulário padronizado. Quando possível, também extraímos dados conforme o resultado dos esfregaços e do exame de HIV. Avaliamos a qualidade dos estudos usando o QUADAS-2. Fizemos metanálises para estimar a sensibilidade e a especificidade combinada; fizemos análises separadas para os desfechos tuberculose e resistência à rifampicina. Investigamos possíveis fontes de heterogeneidade. A maioria das análises utilizou um modelo de efeitos randômico bivariado. Para a detecção da tuberculose, primeiro estimamos a acurácia usando todos os estudos incluídos. Depois avaliamos a acurácia dos testes apenas para os estudos cujos participantes não foram selecionados, ou seja, não haviam sido selecionados com base em testes microscópicos prévios.

Principais resultados: 

Identificamos 95 estudos (77 novos estudos desde a revisão anterior): 86 estudos (42.091 participantes) avaliaram o Xpert MTB/RIF para tuberculose e 57 estudos (8287 participantes) avaliaram o teste para resistência à rifampicina. Um estudo comparou Xpert MTB/RIF versus Xpert Ultra no mesmo espécime de cada participante.

Detecção de tuberculose

Do total de 86 estudos, 45 foram feitos em países com altas taxas de tuberculose e 50 em países com altas taxas de TB/HIV. A maioria dos estudos tinha baixo risco de viés.

A sensibilidade e especificidade combinadas do Xpert MTB/RIF e seus respectivos intervalos de confiança credíveis (Crl) de 95% foram 85% (82% a 88%) e 98% (97% a 98%), respectivamente (70 estudos, 37.237 participantes não selecionados; evidência de alta qualidade). A acurácia foi semelhante quando incluímos todos os estudos.

Para uma população de 1000 pessoas onde 100 têm tuberculose no exame de cultura, 103 teriam resultado positivo no Xpert MTB/RIF e 18 (17%) não teriam tuberculose (falso-positivos); 897 teriam resultado negativo no Xpert MTB/RIF e 15 (2%) teriam tuberculose (falso-negativos).

A sensibilidade do Xpert Ultra (intervalo de confiança (IC) de 95%) foi de 88% (85% a 91%) versus 83% (79% a 86%) para o Xpert MTB/RIF. A especificidade do Xpert Ultra foi de 96% (94% a 97%) versus 98% (97% a 99%) para o Xpert MTB/RIF. Esses dados foram provenientes de 1 estudo com 1439 participantes (evidência de qualidade moderada).

A sensibilidade combinada do Xpert MTB/RIF foi de 98% (97% a 98%) nos participantes com esfregaços positivos e 67% (62% a 72%) nos participantes com esfregaços negativos, com cultura positiva, (45 estudos). A sensibilidade combinada do Xpert MTB/RIF foi de 88% (83% a 92%) em participantes HIV negativos e 81% (75% a 86%) em participantes HIV positivos; as especificidades foram semelhantes 98% (97% a 99%), (14 estudos).

Detecção da resistência à rifampicina

A sensibilidade e especificidade combinadas do Xpert MTB/RIF (95% Crl) foram 96% (94% a 97%) e 98% (98% a 99%), respectivamente (48 estudos, 8020 participantes; evidência de alta qualidade).

Para uma população de 1000 pessoas onde 100 têm tuberculose resistente à rifampicina, 114 teriam um resultado positivo para tuberculose resistente à rifampicina e 18 (16%) não teriam resistência à rifampicina (falsos-positivos); 886 teriam um resultado negativo para tuberculose resistente à rifampicina e quatro (0,4%) teriam resistência à rifampicina (falsos-negativos).

A sensibilidade do Xpert Ultra (IC 95%) foi 95% (90% a 98%) versus 95% (91% a 98%) para o Xpert MTB/RIF. A especificidade do Xpert Ultra foi 98% (97% a 99%) versus 98% (96% a 99%) para o Xpert MTB/RIF. Esses dados foram provenientes se 1 estudo com 551 participantes (evidência de qualidade moderada).

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Maria Regina Torloni). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br