Este resumo de uma revisão da Cochrane apresenta o que sabemos da pesquisa sobre o efeito dos IMAOs para fibromialgia (FM).
A revisão mostra que em pessoas com FM:
IMAOs podem melhorar um pouco a dor e os tender points no curto prazo, comparado com o placebo. Dos IMAOs estudados, o pirlindole parece mais eficaz do que a moclobemida.
Nós muitas vezes não temos informações precisas sobre os efeitos colaterais e complicações. Isto é particularmente verdadeiro para os efeitos colaterais raros, mas graves. Os efeitos colaterais mais frequentes vistos nos estudos incluíram náuseas e vômitos. No entanto, IMAOs são conhecidos por terem interações graves e potencialmente fatais com uma variedade de alimentos e outras medicações.
O que é fibromialgia e o que são IMAOs?
Fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dores generalizadas, juntamente com outros problemas, como distúrbios do sono, fadiga e disfunção cognitiva. IMAOs são um certo tipo de antidepressivos que são ocasionalmente usados para tratar os sintomas da fibromialgia. Outros antidepressivos, tais como agentes tricíclicos demonstraram que podem ajudar a aliviar a dor, tender points, fadiga e sono em pessoas com fibromialgia, mas há uma necessidade de saber se IMAOs também podem ajudar.
Melhor estimativa do que acontece com as pessoas com fibromialgia que tomam IMAOs:
Dor (pontuações mais altas significam dor pior ou mais grave)
- Pessoas que tomaram IMAOs classificaram a sua dor para ser 1,45 mais baixas em uma escala de 0 a 10 em comparação com pessoas que tomaram placebo.
Avaliação global (por paciente)
- Pessoas que tomaram IMAOs não demonstraram diferença na avaliação global comparado com pessoas que tomaram placebo.
Tender points
- Pessoas que tomaram IMAOs tinham uma pontuação de tender points mais baixa e um menor número de tender points (diferença -0,36) do que pessoas que tomaram placebo após quatro semanas.
Função física
- Não foram fornecidas informações sobre a função física.
Distúrbios do sono
- Nenhuma informação sobre distúrbios do sono foi fornecida .
Eventos adversos (náuseas e vômitos)
- Mais de 16 pessoas em cada 100 que tomaram IMAOs (pirlindole) tiveram náuseas e vômitos.
- 18 pessoas em cada 100 que tomaram IMAOs (pirlindole) tiveram náuseas e vômitos.
- 2 pessoas em cada 100 que tomaram placebo tiveram náuseas e vômitos.
- Nenhuma informação sobre as pessoas que tomaram moclobemide está disponível.
Descontinuação devido a eventos adversos
- Mais de 4 pessoas de 100 que tomaram IMAOs pararam a medicação devido a eventos adversos.
- 9 pessoas de 100 que tomaram IMAOs pararam a medicação devido a eventos adversos.
- 5 pessoas de 100 que tomaram placebo pararam a medicação devido a eventos adversos.
Os dados sugerem que a eficácia dos IMAOs para o tratamento de sintomas de FM é limitado. Embora tenhamos observado um efeito moderado sobre a dor e pequeno sobre os tender points, estes resultados devem ser tomados com cautela, pois eles são baseados apenas em dois estudos com um número pequeno de pacientes e risco inconsistente de viés.
Fibromialgia (FM) é uma condição crônica de etiologia desconhecida, caracterizada por dor músculo-esquelética que muitas vezes co-existe com distúrbios do sono, disfunção cognitiva e fadiga. Os pacientes frequentemente relatam altos níveis de deficiência e má qualidade de vida. Como não há tratamento específico que altera a patogênese da FM, a terapia medicamentosa centra-se na redução da dor e melhoria de outros sintomas incômodos.
O objetivo desta revisão foi avaliar a eficácia e segurança dos inibidores da monoamina oxidase (IMAOs) no tratamento da síndrome de FM.
Buscamos no Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2010, Edição 10), MEDLINE (1966 a Novembro de 2010), EMBASE (1980 a Novembro de 2010) e nas listas de referências dos artigos revisados.
Selecionamos todos os ensaios clínicos randomizados duplo-cegos do uso de IMAOs para o tratamento da dor da FM em participantes adultos.
Dois autores avaliaram o risco de viés e extraíram os dados, de forma independente, em um pró-forma especialmente desenvolvida e um terceiro autor checou os dados deles.
Incluímos dois estudos de risco inconsistente de viés com um total de 230 pacientes diagnosticados com FM. Avaliamos dois IMAOs: pirlindole e moclobemida. Pirlindole mostrou resultados estatisticamente significantes comparado com placebo em vários desfechos (dor, tender points e a avaliação global pelo paciente e o médico), enquanto moclobemide não mostrou diferenças estatisticamente significastes entre os grupos. Resultados combinados dos dois estudos exibiram um efeito modesto na dor (diferença média (DM) -1,45 (121 pacientes; intervalo de confiança 95% (IC) -2,71 a -0,20; número necessário para tratar (NNT) 2 (IC 95% 1 a 12); I2 = 59%)), o que implica uma diferença mínima clinicamente importante (DMCI) e um pequeno efeito sobre tender points (diferença média padronizada (DMP) -0,36 (121 pacientes; IC 95% -0,72 a -0,00; I2 = 31%)). Nenhum efeito foi observado na avaliação global pelo paciente. Função física e distúrbios do sono não foram avaliados. Os eventos adversos mais frequentes foram náuseas e vômitos, com diferenças estatisticamente significante entre os grupos (razão de risco (RR) 7,82 (89 pacientes; IC 95% 1,02 a 59,97; NNT 7 (IC 95% 4 a 33)).
Traduzido por: Vaniely Kaliny Pinheiro de Queiroz, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil. Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com