A dor aguda é percebida logo após um trauma e é de curta duração. Muitos individuos que realizam cirúrgias apresentam dor moderada ou grave após este procedimento. Analgésicos são testados em pessoas com dor, geralmente, após a remoção do dente siso. Os participantes dos estudos devem apresentar, pelo menos, nível moderado de dor e a dor é geralmente tratada com analgésicos orais. Esta revisão é útil, principalmente, para casos de dor aguda com duração de alguns dias a semanas, e não para aqueles com dor crônica que duram por muitos meses. Para esta revisão não foram incluídas informações sobre migrânea, cefaléia tensional ou dismenorréia.
Em Maio de 2015, procuramos em sites de farmácias a variedade de analgésicos disponíveis no Reino Unido que poderiam ser usados por via oral, e disponíveis sem prescrição médica. Também procuramos em sites de farmácias na Austrália, Canadá e Estados Unidos da América. Buscamos então por revisões Cochrane que reportavam mecanismo de ação de tais analgésicos e seus efeitos colaterais. Usamos evidência de elevada qualidade de 10 revisões Cochrane suplementadas com informação de uma análise não-Cochrane.
O desfecho utilizado para o tratamento bem sucedido foi que pessoas com dor moderada ou grave tiveram pelo menos 50% do máximo possível de alivio da dor, num período de seis horas. Este é um desfecho em que pessoas com dor aguda e crônica, e cafeleia, pensam que é útil para eles.
Combinações de ibuprofeno com paracetamol funcionaram em 7 em 10 (70%) pessoas, e formulações de rápida ação do ibuprofeno de 200mg e 400mg, ibuprofeno de 200mg associado a cafeina de 100mg, e diclofenaco potássico de 50mg funcionaram em acima de 5 em 10 (50%) pessoas. A dipirona de 500mg, a qual está disponível sem necessidade de prescrição médica em várias partes do mundo, também funciona em 5 de 10 pessoas. O paracetamol associado a aspirina em diversas doses funciona em 1 de 10 (11%) a 4 de 10 (43%) pessoas. Um achado importante foi que doses baixas de alguns medicamentos em formulações de rápida ação foram os que apresentaram melhor resultado. Não foi encontrado nenhuma informação em várias das mais comumente disponíveis combinações contendo baixas doses de codeína. O uso de analgésicos com alimentos pode reduzir a eficácia da ação do medicamento.
Foi evidenciado poucos efeitos adversos em indivíduos tomando ibuprofeno associado a paracetamol do que naqueles tomando placebo. Os resultados para os efeitos adversos podem ser diferentes se os analgésicos forem usados por mais do que poucos dias.
Há um corpo de evidências confiáveis sobre a eficácia de alguns dos medicamentos mais comumente disponíveis e doses amplamente disponíveis sem receita médica. O modelo de dor pós-operatória é a dor que ocorre predominantemente após a extração do terceiro dente molar, que é usado como o modelo de indústria para a dor diária. A proporção de pessoas com dor aguda que recebem bom alívio da dor com qualquer um deles varia de cerca de 70% na melhor das hipóteses para menos de 20% na pior das hipóteses; doses baixas de algumas drogas na formulação de ação rápida foram entre os melhores. Os efeitos adversos não apresentaram, no geral, diferença em comparação ao placebo. Os consumidores podem fazer uma escolha informada baseada no conhecimento, juntamente com a disponibilidade e preço. A cefaléia e migrânea não foram incluídas nesta revisão.
Os analgésicos que não necessitam de prescrição são frequentemente usados. Estes estão disponíveis em diversas marcas, tamanhos do pacote, formulações e doses. Eles podem ser usados para uma ampla variedade de tipos de dor, mas esta revisão reporta o quão bem eles funcionam para dor aguda (dor de curta duração, usualmente de início rápido). Trinta e nove revisões Cochrane de ensaios clínicos randomizados examinaram a eficácia analgésica de intervenções individuais da droga na dor aguda pós-operatória.
Examinar revisões Cochrane publicadas para a informação sobre a eficácia de medicamentos disponíveis para a dor que não necessitem de prescrição utilizando dados de dor pós-operatória aguda.
Identificamos os analgésicos sem necessidade de prescrição disponíveis no Reino Unido, Austrália, Canadá e nos Estados Unidos examinando os site de farmácias online. Também incluímos alguns analgésicos (diclofenaco de potássio, dexcetoprofeno, dipirona) de importância em algumas partes do mundo, mas não atualmente disponível nestas jurisdições.
Identificamos revisões sistemáticas buscando no Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR) na The Cochrane Library através de uma simples estratégia de busca. Todas as revisões foram supervisionados por um único grupo de revisão, tinha um título padrão, e teve como seus desfechos primários o número de participantes com o alívio da dor em pelo menos 50% ao longo de quatro a seis horas comparado com placebo. Das revisões individuais extraímos o número necessário para tratar de um resultado benéfico adicional (NNT) para este desfecho para cada combinação de drogas/ dose, e também calculamos a taxa de sucesso para alcançar pelo menos 50% de alívio da dor máxima. Também examinamos um número de participantes experimentando quaisquer efeitos adversos, e se a incidência fosse diferente do placebo.
Foram encontrados informações de 21 diferentes drogas analgésicas que não necessitam de prescrição, doses e formulações, utilizando as informações de 10 revisões Cochrane, suplementadas a informações de revisões que não-Cochrane com adição de informação das formulações do ibuprofeno (alta qualidade de evidência). Os mais baixos (melhores) valores de NNT foram de combinações de ibuprofeno associado a paracetamol, com valores de NNT abaixo de 2. Os analgésico com valores próximos a 2 incluíam formulações de ação rápida de ibuprofeno de 200mg e 400mg, ibuprofeno de 200mg associado a cafeína de 100mg, e diclofenaco de potássio de 500mg. As combinações de ibuprofeno com paracetamol apresentaram taxas de sucesso de quase 70%; dipirona de 500mg, formulações de rápida ação de ibuprofeno de 200mg e 400mg, ibuprofeno de 200mg associado a cafeína de 100mg, e diclofenaco de potássio de 50mg apresentando taxas de sucesso em torno de 50%. O paracetamol e aspirina em diversas doses apresentaram valores de NNT de 3 ou mais, e taxas de sucesso de 11% a 43%. Não encontramos nenhuma informação sobre combinações de codeína em baixas doses comumente disponíveis.
A proporção de participantes que apresentaram efeitos adversos foram no geral não diferente do placebo, exceto para a aspirina e 1000mg e ibuprofeno de 200mg associado a cafeína de 100mg. Para o ibuprofeno associado ao paracetamol, as taxas de efeitos adversos foram baixos em relação ao placebo.
Tradução da Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil (Marcelo de Paula Mendes Castilho) Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com Translation notes: CD010794