Moduladores seletivos de recetores de estrogénio (SERMs) para mulheres com diagnóstico de endometriose por biopsia

Pergunta da revisão

Os autores desta Revisão Cochrane reviram as provas sobre a eficácia e segurança dos medicamentos chamados moduladores seletivos de recetores de estrogénio (SERMs) para mulheres com endometriose comprovada por biopsia.

Contexto

A endometriose é uma doença que afeta 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva. A endometriose pode causar dores abdominais e menstruais e infertilidade. A propagação e atividade da doença dependem do estrogénio hormonal. O tratamento médico consiste em medicação para aliviar os sintomas, pílula contracetiva oral para suprimir o ciclo menstrual, ou outros tratamentos hormonais tais como medicação progestagénica ou dispositivos hormonais intra-uterinos. Os SERMs visam bloquear os efeitos dos estrogénios e mostram promessa como tratamento médico para a endometriose. Comparámos os efeitos e segurança dos SERMs versus placebo ou outro tratamento para endometriose.

Caraterísticas do estudo

Nesta revisão foi incluído apenas um ensaio clínico randomizado (91 participantes). Este estudo comparou o SERM 'raloxifeno' com placebo em 93 mulheres que tinham sido submetidas a excisão cirúrgica completa de todas as lesões de endometriose. A evidência encontra-se atualizada até 28 de maio de 2020.

Resultados principais

O estudo incluído não relatou o resultado primário do alívio da dor. Eventos adversos tais como dor pélvica, quistos ováricos, dor de cabeça, enxaqueca e depressão não diferiram entre os grupos de estudo. Não sabemos se o raloxifeno melhora os resultados adversos quando comparado com o placebo (1 estudo, 93 mulheres; provas de muito baixa qualidade). Não sabemos se o raloxifeno melhora a taxa de recorrência da endometriose, diagnosticada por biopsia, quando comparado com placebo (1 estudo, 93 mulheres; evidência de muito baixa qualidade). Isto sugere que, se 28% das mulheres sob placebo têm uma recorrência comprovada por biópsia da dor pélvica por endometriose, entre 19% e 62% das que tomam raloxifeno terão também recorrência. Estes resultados são limitados, uma vez que nem todas as mulheres tiveram uma segunda laparoscopia real para recolher amostras de biopsia. Contudo, autores de estudos relataram que as mulheres do grupo do raloxifeno provavelmente sentirão a dor de volta mais cedo do que as mulheres do grupo do placebo. O estudo incluído relatou que as medições da qualidade de vida não diferiam entre os grupos raloxifeno e placebo, exceto no domínio da saúde mental. Em 12 meses, os resultados da qualidade de vida da saúde mental favoreceram o tratamento com placebo (diferença média 11,1, intervalo de confiança 95% (IC) 0,01 a 21,19). Não havia dados sobre a fertilidade nem sobre os resultados económicos.

Com base no estudo único incluído nesta revisão, os revisores não encontraram provas de um efeito benéfico dos SERMs como tratamento para o alívio da dor na endometriose tratada cirurgicamente. Pelo contrário, o estudo foi interrompido prematuramente porque as mulheres que utilizaram SERMs tiveram um retorno da dor mais cedo do que as mulheres que utilizaram placebo.

Qualidade da evidência

A qualidade da evidência foi muito baixa. As principais limitações foram a inclusão de apenas um estudo com um pequeno número de participantes e a falta de dados de resultados primários e secundários.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Catarina Reis de Carvalho, Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal.

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