O que é o tratamento antitabágico nos cuidados de saúde primários?

Os cuidados de saúde primários, também conhecidos como medicina geral e familiar ou clínica geral, é onde as pessoas vão para ver um profissional de saúde para questões de saúde principalmente do dia-a-dia. É um dos melhores locais para as pessoas que fumam poderem obter ajuda para deixarem de fumar. Quando as pessoas visitam os cuidados de saúde primários, pode ser-lhes perguntado se fumam. Se o fizerem, poderão então ser ajudados a deixar, normalmente através de aconselhamento e medicação.

Por que fizemos esta revisão Cochrane?

O apoio para deixar de fumar nos cuidados de saúde primários nem sempre é prestado bem ou de forma consistente. Os prestadores de cuidados de saúde podem não ter a certeza da melhor forma de prescrever o tratamento, podem ter pouco tempo para o fazer, ou não dispor dos recursos necessários. Foram sugeridas formas de melhorar a prestação e o sucesso do apoio à cessação tabágica nos cuidados de saúde primários. Alguns destes são concebidos para garantir que o tratamento já disponível é prescrito corretamente, por exemplo, prestadores de cuidados em formação sobre a melhor forma de ajudar as pessoas a cessarem, e alguns são concebidos para aumentar o apoio disponível para os envolvidos, por exemplo, fornecendo aconselhamento adicional e materiais impressos. O nosso objetivo era analisar qual destas abordagens funciona melhor por si só ou em conjunto.

O que fizemos?

Procurámos estudos que procuravam formas de melhorar o aconselhamento padrão para deixar de fumar dentro dos cuidados de saúde primários, e onde os tratamentos que as pessoas recebiam eram decididos ao acaso.

Queríamos descobrir:

- quantas pessoas foram questionadas sobre o seu consumo de tabaco e aconselhadas e apoiadas;

- quantas pessoas tentaram deixar de fumar; e

- quantas pessoas deixaram de fumar durante pelo menos seis meses.

Incluímos estudos publicados até 10 de setembro de 2020.

O que encontrámos

Encontrámos 81 estudos, incluindo 112.159 fumadores em pacientes de cuidados de saúde primários. Os estudos analisaram muitas formas de melhorar a prestação e o sucesso do apoio à cessação tabágica nos cuidados de saúde primários. Alguns olharam apenas para uma estratégia, e alguns olharam para duas ou mais em combinação. Mais de um estudo analisou cada uma das seguintes estratégias individuais: aconselhamento adicional; medicamentos gratuitos; feedback aos participantes sobre marcadores dos seus riscos de saúde individuais ligados ao tabagismo; materiais impressos adaptados aos participantes; formação de profissionais de saúde; e recompensas aos profissionais de saúde pela prestação de apoio.

A maioria dos estudos decorreu na Europa (39 estudos) e nos EUA (26 estudos).

Quais são os resultados desta revisão?

Mais pessoas provavelmente deixam de fumar durante pelo menos seis meses quando recebem aconselhamento adicional (22 estudos, 18.150 pessoas), medicamentos gratuitos para deixar de fumar (10 estudos, 7560 pessoas), ou materiais impressos adaptados a eles (6 estudos, 15.978 pessoas), como parte do apoio para deixar de fumar nos cuidados de saúde primários. Não sabemos se fornecer às pessoas feedback sobre os marcadores dos seus riscos de saúde individuais, dar formação aos prestadores de cuidados de saúde, ou recompensar a prestação de apoio para deixar de fumar, ajuda mais pessoas a deixarem de fumar.

Trinta e quatro estudos analisaram mais do que uma estratégia para melhorar o tratamento antitabágico nos cuidados de saúde primários. As combinações diferiram muito entre estudos, com diferentes níveis de sucesso, e não foi possível tirar conclusões sobre o que funcionava melhor.

Não havia informação suficiente para nos ajudar a compreender claramente se houve aumentos na quantidade de apoio para deixar de fumar ou aumentos no número de pessoas que fizeram uma tentativa de deixar de fumar.

Quão fiáveis são estes resultados?

Para alguns dos nossos resultados os dados variavam muito, para alguns não havia dados suficientes, e em alguns casos havia questões de qualidade com estudos incluídos.

Estamos moderadamente confiantes de que é mais provável que as pessoas deixem de fumar se alguém, para além do médico de família, também fornecer aconselhamento para deixar de fumar, se forem fornecidos medicamentos gratuitos para deixar de fumar, ou se forem fornecidos materiais impressos adaptados ao utente como parte do apoio para deixar de fumar oferecido nos cuidados de saúde primários. No entanto, os resultados podem mudar à medida que mais evidências esteja disponível.

Estamos menos confiantes na eficácia de fornecer às pessoas feedback sobre os marcadores dos seus riscos de saúde individuais, de dar formação aos prestadores de cuidados de saúde sobre os tratamentos para deixar de fumar, ou de dar recompensas aos prestadores de cuidados de saúde por darem apoio para deixar de fumar. É provável que estes resultados mudem quando mais evidência surgir.