Pergunta de revisão
Investigámos se mulheres com síndrome dos ovários poliquísticos (SOP) com dificuldades em engravidar beneficiam em tomar suplementos com inositol.
Contexto
Mulheres com SOP que estão a tentar engravidar são mais prováveis de ter dificuldade a consegui-lo, tendo em conta a sua condição. Podem ser oferecidos diferentes tratamentos a estas mulheres. Um dos tratamentos que pode ser oferecido são os suplementos alimentares. O Inositol é um dos suplementos que se pensa que aumenta a probabilidade de engravidar. Neste momento, não há certezas se o Inositol realmente ajuda as mulheres a ficar grávidas, nem sobre o risco associado à toma destes suplementos.
Data da pesquisa
Pesquisámos artigos publicados até Julho de 2018.
Características do estudo
No total, identificámos 13 estudos controlados e aleatorizados que incluíram 1472 mulheres subferteis com SOP. Todos os estudos incluíram mulheres com SOP com dificuldades em conceber. Todas as mulheres incluídas nestes estudos estão a ser submetidas aos cuidados prenatais de rotina. Para além destes, a um grupo de mulheres foi dado mio-inositol (uma forma de inositol). Estas foram depois comparadas com as mulheres que não estavam a receber tratamento, ou que estavam a receber tratamento com melatonina, metformina, clomifeno, citrato, ou D-chiro-inositol (outra forma de inositol). Em 11 estudos, as mulheres foram submetidas a fertilização in vitro (FIV) ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), nos restantes dois estudos, foram sujeitas a indução da ovulação.
Resultados principais
Mio-inositol associado a ácido fólico versus ácido fólico (tratamento padrão) como pré tratamento para FIV (qualidade da evidência baixa ou muito baixa)
Esta comparação estava disponível em poucos estudos, e a qualidade destes era baixa ou muito baixa. Baseados na evidência atualmente disponível, não foi possível demonstrar que o mio-inositol aumenta a probabilidade de engravidar ou de ter um parto de um feto-vivo entre as mulheres com SOP. Os nossos achados sugerem que a probabilidade das mulheres submetidas a FIV terem um parto de um feto vivo com o tratamento padrão (ácido fólico apenas) foi de 12%, e a probabilidade entre as mulheres que usaram mio-inositol variou entre os 9% e os 51%. Não estamos certos de que o mio-inositol pode diminuir as taxas de aborto espontâneos, uma vez que estes resultados se baseiam em apenas dois estudos, um dos quais reportou taxas anormalmente altas de aborto entre mulheres que não estavam a receber o mio-inositol. Assim, não estamos confiantes de que este é um efeito verdadeiro deste tratamento. O mio-inositol pode levar a diferenças ligeiras ou nulas na taxa de gravidez múltipla.
Não nos foi possível identificar os benefícios e riscos do mio-inositol nas mulheres com SOP que realizaram indução da ovulação, uma vez que identificámos apenas dois estudos nestas condições, e cada um realizou uma comparação diferente.
Qualidade da evidência
Nós qualificámos a evidência como variando de baixa a muito baixa, tendo em conta o défice de informação sobre a metodologia dos estudos e o baixo número de estudos que foi possível incluir. Para além disso, as conclusões sobre os temas importantes para os casais sub-ferteis foram pobres. Estes temas incluíam a probabilidade de ter um filho quando sob suplementação com mio-inositol, e se este tem efeitos prejudiciais.
Traduzido por: Catarina Reis de Carvalho, Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal.