Porque é que esta revisão é importante?
A doença bipolar é uma das doenças mentais graves mais comuns e tem impacto no humor, pensamento, comportamento, funcionamento e qualidade de vida. Cerca de 60 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela perturbação bipolar. A obesidade está normalmente associada a esta doença, e quando isto acontece, pode causar outras doenças orgânicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, levando à morte prematura. Muitas abordagens são utilizadas para gerir a obesidade na perturbação bipolar, mas ainda não temos a certeza se alguma ou uma combinação destas é eficaz.
Quem poderá estar interessado nesta revisão?
Psiquiatras e quaisquer membros da equipa multidisciplinar que cuidam de indivíduos com perturbação bipolar e obesidade comórbida. Os resultados desta análise serão também de interesse para investigadores e para pessoas com perturbação bipolar e as suas famílias.
Qual a questão a que esta revisão procura responder?
Esta revisão procurou avaliar a eficácia das intervenções utilizadas para abordar o problema da obesidade na doença bipolar.
Quais foram os estudos incluídos nesta revisão?
Procurámos artigos sobre intervenções utilizadas para gerir a problemática da obesidade em indivíduos com perturbação bipolar em bases de dados até fevereiro de 2019. Nenhum dos estudos revistos preencheram os critérios de inclusão.
O que é que a evidência desta revisão mostra?
Não existe evidência da eficácia das intervenções farmacológicas, não farmacológicas ou cirúrgicas para a gestão da obesidade em indivíduos com doença bipolar.
O que deve acontecer a seguir?
Há uma necessidade urgente de realizar ensaios controlados aleatorizados para avaliar a eficácia das abordagens não farmacológicas, farmacológicas e cirúrgicas para o tratamento da obesidade na população com perturbação bipolar. Estes ensaios devem incluir apenas pessoas com o diagnóstico clínico de perturbação bipolar e obesidade comórbida.
Conclusões dos autores
Implicações para a prática
Os resultados desta revisão sugerem que não existe evidencia que suporte o uso de abordagens não farmacológicas, farmacológicas, ou cirúrgicas para a gestão da obesidade na doença bipolar.
Implicações para a investigação
Há necessidade de criar ensaios controlados aleatorizados bem desenhados de intervenções não-farmacológicas, farmacológicas e/ou cirúrgicas para abordar a obesidade na doença bipolar. Os estudos devem concentrar-se apenas nos indivíduos com bipolaridade, por oposição às populações mistas com várias perturbações mentais graves; e todos os participantes no ensaio devem ter recebido um diagnóstico de obesidade comórbida. Identificámos vários estudos em curso que podem ser incluídos na atualização desta revisão.
Traduzido por: Joana Botelho Vieira e Maria João Lobarinhas, Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Cochrane Portugal.