Terapias sistémicas para prevenir ou tratar sintomas músculo-esqueléticos induzidos pelos inibidores da aromatase no tratamento do cancro da mama

Qual foi o objetivo desta revisão?

A terapia hormonal com inibidores de aromatase é utilizada para tratar um tipo de cancro da mama precoce (positivo para receptores hormonais) nas mulheres após a menopausa. Os inibidores da aromatase causam efeitos secundários, incluindo dores articulares, dores musculares e rigidez, que podem fazer com que algumas mulheres deixem de tomar os seus inibidores da aromatase, e potencialmente piorar a sobrevivência. O objectivo desta revisão da Cochrane era examinar se as terapias sistémicas (tratamentos que chegam às células em todo o corpo através da corrente sanguínea) podem prevenir ou tratar os sintomas músculo-esqueléticos dos inibidores da aromatase. Procurámos por todos os estudos relevantes sobre esta questão existentes até 22 de janeiro de 2018 e avaliámos seus resultados.

Mensagens-chave

Não é muito claro se as terapias sistémicas melhoram, pioram ou não fazem diferença na dor ou qualidade de vida das mulheres que tomam inibidores de aromatase. As evidências encontradas eram de muito baixa certeza (qualidade). Não estava muito claro se as terapias sistémicas eram seguras.

O que a revisão estudou?

Analisámos estudos de investigação de terapias sistémicas, que incluíram medicamentos, vitaminas, e medicamentos complementares e alternativos, para ver se estes poderiam prevenir ou tratar as dores articulares e musculares e a rigidez das mulheres que tomam inibidores da aromatase. Incluímos ensaios de terapias sistémicas em comparação com placebo (tratamento fictício), ou com tratamentos padrão. Foram incluídas mulheres tratadas com inibidores de aromatase para cancro da mama que expressa receptores hormonais, em fase inicial. A maioria dos estudos foram dirigidos ao tratamento dos sintomas músculo-esqueléticos.

Os resultados que foram estudados incluíram alterações na dor, rigidez, força das mãos (força de preensão), segurança e efeitos secundários dos tratamentos do estudo, número de mulheres que continuam a tomar os seus inibidores de aromatase, qualidade de vida para as mulheres, quantas mulheres desenvolveram dores musculares e articulares devido aos seus inibidores de aromatase, e sobrevivência.

Quais foram os principais resultados desta revisão?

Após a recolha e análise de todos os estudos relevantes, encontrámos 17 estudos com 2034 mulheres incluídas. Diferentes números de mulheres estiveram envolvidas nestes estudos, variando de 37 a 299. Quatro estudos analisaram terapias sistémicas para prevenir as dores articulares e musculares dos inibidores da aromatase; 13 estudos investigaram terapias sistémicas para tratar estes sintomas. Foram realizados dez estudos nos EUA, três na China, dois na Austrália, um na Itália e um no Brasil. Muitos dos estudos tinham um baixo número de mulheres e isto pode ter tornado difícil encontrar pequenas diferenças. Houve problemas com o facto de alguns estudos estarem em risco de enviesamento. Outros problemas prendiam-se com o facto de vários estudos não terem publicado informação completa sobre os seus agentes de tratamento ou os seus resultados, de modo que alguns dados não estavam disponíveis para revisão ou análise. Além disso, os estudos utilizaram muitos tipos diferentes de tratamento e não foi apropriado combinar os seus resultados em análises.

Estudos de prevenção

Não é claro se algum destes estudos encontrou um efeito positivo ou negativo na dor e no número de mulheres que desenvolveram sintomas músculo-esqueléticos, devido à baixa qualidade da evidência. As terapias sistémicas podem ter pouco ou nenhum efeito sobre a força de aderência, qualidade de vida ou sobre as mulheres que continuam a tomar os seus inibidores de aromatase (provas de baixa qualidade). Nenhum dos estudos se debruçou sobre a rigidez.

Estudos de tratamento

Não é claro se algum destes estudos encontrou um efeito positivo ou negativo na dor e no número de mulheres que desenvolveram sintomas músculo-esqueléticos, devido à baixa qualidade da evidência. As terapias sistémicas provavelmente resultam em pouca ou nenhuma mudança na força de preensão das mulheres com sintomas músculo-esqueléticos (provas de baixa qualidade). Nenhum dos estudos analisou o número de mulheres que continuam a tomar inibidores de aromatase ou a sua sobrevivência.

Segurança

Não sabemos se as terapias sistémicas para o AIMSS são seguras, uma vez que a evidênica é muito incerta. Não houve efeitos adversos graves. Um tratamento, a duloxetina, resultou num aumento dos efeitos secundários para as mulheres, e um tratamento, o etoricoxib, teve um alerta de segurança durante o ensaio. A duração do acompanhamento das mulheres para muitos estudos foi curta. As conclusões devem ser interpretadas com cuidado.

Quão atualizada se encontra esta revisão?

A última pesquisa de estudos (publicados e em curso) nesta revisão foi em Setembro de 2020 nas bases de dados especificadas e em Março de 2021 no Registo Especializado de Cancro da Mama da Cochrane.

Notas de tradução: 

Traduzido por: João Pedro Bandovas, Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

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