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Não sabemos ao certo se existe uma diferença entre os dois medicamentos em termos de benefícios.
A olanzapina pode ter ligeiras vantagens em termos de melhoria do estado mental global (comportamento, humor, pensamentos, perceções, etc.) e pode ter algumas vantagens em termos de qualidade de vida.
As pessoas têm mais probabilidades de ganhar peso com a olanzapina e mais probabilidades de desenvolver problemas de movimento com o haloperidol. As pessoas que tomam haloperidol têm maior probabilidade de deixar de tomar a medicação.
Ao escolher entre haloperidol e olanzapina, os fatores a ter em conta são as preferências da pessoa, caraterísticas como a sua tendência para ganhar ou perder peso e a sua experiência prévia com medicamentos.
O que é a esquizofrenia?
As pessoas com esquizofrenia ouvem frequentemente vozes, vêem coisas e têm crenças que os outros não partilham. Podem também sentir-se muito cansadas, ter falta de interesse e ter dificuldade em sentir emoções. Esta revisão é importante porque a esquizofrenia é uma doença mental grave, com aproximadamente 1% de hipóteses de ser diagnosticada ao longo da vida de uma pessoa.
O que são o haloperidol e a olanzapina?
O haloperidol é utilizado no tratamento da esquizofrenia há décadas. Continua a ser um dos tratamentos mais frequentemente prescritos e tem benefícios bem definidos. Também tem alguns efeitos secundários, como inquietação, tremores incontroláveis, tremores e rigidez, especialmente em doses elevadas. A olanzapina é um medicamento mais recente. Foi também considerada útil no tratamento da esquizofrenia, embora tenha os seus próprios efeitos secundários, sendo o aumento de peso o mais comum. Queríamos compreender melhor as diferenças nos benefícios clínicos destes medicamentos e também ver qual deles pode ser mais adequado para utilização em países de baixo rendimento, bem como durante emergências humanitárias.
O que pretendíamos investigar?
O haloperidol é melhor do que a olanzapina no tratamento da esquizofrenia ou das perturbações do espectro da esquizofrenia?
O que fizemos?
Procurámos ensaios clínicos aleatórios realizados até 14 de janeiro de 2023. Procurámos estudos que distribuíram aleatoriamente pessoas com esquizofrenia e perturbações do espectro da esquizofrenia para receberem haloperidol ou olanzapina em comprimidos. Esta revisão inclui agora 68 estudos com 9.132 participantes.
O que descobrimos?
De acordo com os nossos resultados, não temos a certeza de que exista uma diferença entre os dois medicamentos na alteração geral clinicamente importante e na recaída. No entanto, a olanzapina pode resultar numa melhoria ligeiramente maior do estado mental (estado geral da mente, como comportamento, humor, pensamentos, perceções, etc.) e pode resultar em alguma melhoria da qualidade de vida. Noutras medidas, o haloperidol e a olanzapina foram semelhantes em termos de benefícios. Além disso, ambos os medicamentos apresentaram efeitos secundários: os participantes que tomavam haloperidol tinham maior probabilidade do que os que tomavam olanzapina de ter problemas de movimento, e os que tomavam olanzapina tinham maior probabilidade de ganhar peso. No entanto, é de notar que houve uma discrepância considerável entre alguns dos estudos. Além disso, um número crescente de pessoas a tomar haloperidol abandonou os estudos precocemente devido a efeitos secundários. Embora não exista informação suficiente para compreender a razão deste resultado, levantamos a hipótese de que este facto possa estar relacionado com a utilização de doses equivalentes mais elevadas de haloperidol em comparação com a olanzapina em alguns estudos.
Quais são as limitações desta evidência?
Os estudos devem centrar-se e incluir resultados que sejam relevantes para as pessoas com esquizofrenia e suas famílias. A maioria dos estudos centrou-se nos benefícios durante o primeiro ano de utilização e não teve em conta outros fatores que poderiam ser de interesse para as pessoas com experiência vivida de esquizofrenia, como a capacidade de trabalhar, o impacto na família, a função social e a aceitabilidade para o utilizador. Embora alguns estudos tenham medido a recaída como um resultado, a definição de recaída nem sempre deixou claro se esta resultou na hospitalização da pessoa. Isto é importante para as pessoas com esquizofrenia e para as suas famílias, uma vez que a recaída e o internamento hospitalar são contratempos dramáticos e significativos.
É importante compreender que muitos estudos não utilizaram doses equivalentes dos dois medicamentos quando foram comparados. A maioria dos estudos utilizou doses comparativamente mais elevadas de haloperidol do que de olanzapina, o que pode estar associado a mais efeitos secundários e a resultados clínicos relacionados com as pessoas que tomaram haloperidol nestes estudos.
É importante ter em conta que, após uma análise cuidadosa, a nossa confiança nos resultados prioritários é baixa ou muito baixa, uma vez que os estudos apresentam algumas fragilidades.
Quão atualizada se encontra a evidência?
A evidência encontra-se atualizada até 14 de janeiro de 2023.
Traduzido por: Eduarda Rodrigues Costa, Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e da Adolescência, Unidade Local de Saúde Santa Maria. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal. NOTA DO REVISOR: Na versão original surge referenciada a pronunciação fonética (em língua inglesa) de «haloperidol» e de «olanzapina», i.e. surge «Haloperidol (pronounced HAL-oh-PER-i-dol)...» e «Olanzapine (pronounced oh-LAN-za-peen)...»; por tal não ser aplicável, na língua portuguesa, optámos por suprimir tal referência.