Terapia cognitivo-comportamental mais cuidados padrão em comparação com cuidados padrão para comportamento agressivo persistente ou agitação em pessoas com esquizofrenia

É melhor a terapia cognitivo-comportamental do que o tratamento convencional para tratar a agressividade ou a agitação em pessoas com esquizofrenia?

Mensagens-chave

• Não encontrámos evidência com suficiente qualidade sobre os benefícios da terapia cognitivo-comportamental para a agressividade em pessoas com esquizofrenia. Apenas foram encontrados dois estudos sem participantes suficientes para resultados fiáveis.

• São necessários estudos maiores e melhor concebidos para poder obter uma melhor estimativa sobre os benefícios ou potenciais danos da intervenção cognitivo-comportamental

Quão importante é a agressividade nas pessoas com esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma perturbação mental caracterizada por perturbações em processos de pensamento, perceções, resposta emocional, e outras interações sociais. Normalmente é persistente e pode ser severa e incapacitante. Apesar de ser raro o risco de agressão (própria e aos outros) em pessoas com esquizofrenia e estar circunscrito a uma pequena minoria de indivíduos, quando a agressão está presente aumenta a dificuldade da doença, provocando maior risco de lesões e morte. A terapia cognitivo-comportamental tem como objetivo desafiar os pensamentos disfuncionais e é utilizada para melhorar a saúde mental e as perturbações emocionais; demonstrou efeitos benéficos nos sintomas persistentes da esquizofrenia e a sua utilização como terapia complementar à medicação no tratamento da esquizofrenia é apoiada por diretrizes de tratamento. No entanto, nenhuma conclusão pode ser feita atualmente sobre a eficácia de incluir a terapia cognitivo-comportamental no tratamento padrão para pessoas com esquizofrenia e comportamentos agressivos. Apesar da terapia cognitivo-comportamental não ser uma intervenção de emergência ou crise que atue de forma imediata sobre os fatores desencadeantes conhecidos ou desconhecidos do comportamento agressivo, pode ser um tratamento adequado para lidar com agressão persistente ou episódios agressivos repetidos em pessoas com esquizofrenia.

Como é tratada a agressividade nas pessoas com esquizofrenia?

Os tratamentos para esta perturbação incluem:

- tratamentos farmacológico;

- tratamentos não farmacológicos;

- tratamentos físicos (contenção e isolamento).

O que queríamos descobrir?

Queríamos investigar se a terapia cognitivo-comportamental seria melhor do que o tratamento padrão para reduzir:

• comportamentos agressivos;

• agitação;

• auto-mutilação;

• desistências do tratamento.

Queríamos investigar se a terapia cognitivo-comportamental seria melhor do que o tratamento padrão para melhorar:

• estado mental geral;

• bem-estar.

Também pretendíamos descobrir se a terapia cognitivo-comportamental estaria associada com efeitos indesejáveis.

O que realizámos?
Procurámos estudos que investigassem a comparação de terapia cognitivo-comportamental com o tratamento padrão para tratar a agressão em pessoas com esquizofrenia

Comparámos e resumimos os resultados dos estudos elegíveis e classificámos a confiança da evidencia com base em fatores como os métodos ou a dimensão dos estudos.

O que encontrámos?

Encontrámos dois estudos que envolveram 184 pessoas com esquizofrenia e agressividade e que duraram entre três e seis meses. Um estudo foi efetuado no Reino Unido e o outro nos Estados Unidos. Os principais resultados da revisão foram os seguintes:

• a terapia cognitivo-comportamental pode resultar em pouca ou nenhuma diferença na frequência dos atos de violência física;

• a terapia cognitivo-comportamental pode reduzir ligeiramente a frequência de atos de agressão verbal;

• a terapia cognitivo-comportamental não altera a pontuação media nas escalas de agressão autorrelatadas;

• a terapia cognitivo-comportamental não provoca diferença nenhuma ou quase nenhuma no abandono do estudo por qualquer razão;

Quais são as limitações da evidência?

Temos pouca confiança na evidência porque:

• os participantes tinham conhecimento de qual dos tratamentos é que estavam a receber;

• nem todos os estudos forneceram dados sobre tudo o que nos era relevante;

• os estudos foram poucos e muito pequenos e a hipótese nula não pode ser excluída para a maioria dos resultados.

Existe incerteza quanto aos resultados dos outcomes.

Quão atualizada se encontra esta evidência?

Esta evidência encontra-se atualizada até 18 de janeiro de 2023.

Notas de tradução: 

Traduzido por: Rosário Ribeiro da Cunha, Universidade CEU San Pablo. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Knowledge Translation Team, Cochrane Portugal.

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