Porque é que esta revisão é importante?
O ato de saltar de um lugar alto é um modo incomum mas letal de suicídio. Enquanto existe evidência de que restringir o acesso a meios para tentar o suicídio seja uma abordagem eficaz para prevenir suicídios, a evidência para a prevenção do suicídio através do ato de saltar não está bem estabelecida. Esta revisão procurou explorar o impacto que a restrição do acesso teria no suicídio através do ato de saltar de um lugar alto.
Pesquisa de evidência
Pesquisámos diversas bases de dados (a Cochrane Library, Embase, MEDLINE, PsycINFo, e Web of Science) para encontrar estudos que avaliassem o impacto da restrição do acesso a meios para o suicídio através do salto. Pesquisámos bases de dados até maio de 2019. Incluímos estudo que avaliassem intervenções (administradas em si mesmas) para a restrição de meios para o salto, tais como barreiras físicas, gradeamentos ou redes de segurança em pontes, ou intervenções administradas em combinação com outras intervenções para a prevenção do suicídio, tais como telefones de crise e câmaras CCTV (de closed-circuit television, televisão de circuito fechado). Também pesquisámos as listas de referências de todos os estudos incluídos e revisões sistemáticas relevantes para identificar estudos adicionais e contactámos os autores para obter informação em falta. Os nossos principais outcomes de interesse foram suicídio (consumado), tentativa de suicídio ou comportamento auto-lesivo e custo-efetividade das intervenções.
Principais resultados
Encontrámos 14 estudos relevantes. Três estudos eram da Suíça e três eram dos EUA, ao passo que dois estudos eram do reino Unido, dois do Canadá, dois da Nova Zelândia e dois da Austrália. A maioria dos estudos tinha um desenho de estudo antes-e-depois. Devido à natureza observacional dos estudos incluídos, nenhuns compararam outras intervenções ou condições de controlo. As intervenções para a restrição de meios para o salto administradas isoladamente ou em combinação com outras intervenções reduziram o número de suicídios através do ato de saltar. Dados sobre tentativas de suicídio foram limitados e nenhum estudo reportou comportamentos auto-lesivos. Uma análise de custo-efetividade sugeriu que a construção de uma barreira física numa ponte seria custo-eficaz a longo prazo. A evidência para estas determinações foi de baixa qualidade devido às vulnerabilidades no desenho dos estudos e às diferenças entre os resultados entre os estudos, consequentemente requerendo estudos adicionais de alta qualidade.
Traduzido por: Ricardo Manuel Delgado, Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal.