As crianças e adolescentes refugiados que se instalaram em países de alto rendimento estão em risco de problemas de saúde mental devido aos muitos desafios que enfrentam antes, durante e depois da migração.
Mensagens-chave
A evidência até agora não é em quantidade ou qualidade suficiente para recomendar quais intervenções devem ser implementadas na prática. É necessário que os programas e intervenções existentes de apoio à saúde mental para crianças refugiadas e procuradoras de asilo sejam avaliados, de modo a que possam acrescentar à evidência sobre o que funciona em prol da saúde mental nesta população.
O que pretendíamos descobrir?
O nosso objetivo era avaliar a evidência para a promoção, prevenção e tratamento da saúde mental que têm lugar na comunidade para crianças e adolescentes refugiadas que vivem em países de alto rendimento. Alguns programas ou intervenções podem concentrar-se na promoção da saúde mental (para melhorar a saúde mental) através da construção comunitária e de apoio social, enquanto outros podem concentrar-se no tratamento de problemas de saúde mental com cuidados especializados individualizados.
O que fizemos?
Procurámos estudos em bases de dados e registos online a 23 de Fevereiro de 2021.
Os estudos de qualquer desenho foram elegíveis desde que incluíssem crianças ou adolescentes refugiados com 18 anos ou menos e avaliassem uma intervenção de saúde mental baseada na comunidade num país de alto rendimento.
O que encontrámos?
Incluímos 38 estudos com uma vasta gama de desenhos de estudo, de caraterísticas dos participantes e de intervenções. Três estudos utilizaram um desenho de ensaio controlado randomizado, onde os tratamentos que as pessoas receberam foram decididos aleatoriamente; estes geralmente fornecem a evidência mais fiável sobre os efeitos do tratamento. Utilizámos estes estudos para avaliar a eficácia das intervenções e a aceitabilidade, conforme a ocorrência de eventos adversos.
Quais eram as limitações da evidência?
Houve limitações importantes relacionadas com a qualidade dos ensaios incluídos. Não houve evidência sobre a aceitabilidade das intervenções. Os dados sobre a eficácia, relativos a sintomas de problemas de saúde mental, sofrimento psicológico e comportamento, não mostraram evidência de uma diferença na eficácia entre o grupo de intervenção e o grupo de controlo da lista de espera (onde a intervenção não foi entregue até os participantes no grupo de intervenção terem completado o tratamento) para qualquer um dos três estudos.
Traduzido por: Joana Botelho Vieira e Maria João Lobarinhas, Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Cochrane Portugal.