Métodos para aumentar a resposta a questionários postais e eletrônicos

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Os questionários postais e eletrônicos são uma forma relativamente barata de coletar informações das pessoas para fins de pesquisa. Se as pessoas não responderem (os chamados “não respondentes”), os resultados da investigação tenderão a ser menos precisos. Esta revisão sistemática encontrou várias maneiras de aumentar a resposta aos questionários de pesquisas. As pessoas podem ser contatadas antes de receberem um questionário postal. Os questionários postais podem ser enviados por correio de primeira classe ou com entrega registrada, e um envelope selado para devolução pode ser fornecido. Questionários, cartas e e-mails podem ser mais pessoais e, de preferência, curtos. Os incentivos podem ser oferecidos, por exemplo, uma pequena quantia em dinheiro com um questionário postal. Um ou mais lembretes podem ser enviados com uma cópia do questionário para as pessoas que não responderem.

Conclusão dos autores: 

Pesquisadores de saúde que utilizam questionários postais e eletrônicos podem aumentar a resposta com o uso de estratégias que se mostraram eficazes nesta revisão sistemática.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Os questionários postais e eletrônicos são amplamente utilizados para coletar dados em estudos epidemiológicos. Entretanto, a ausência de resposta reduz o tamanho efetivo da amostra e pode introduzir vieses. Encontrar formas de aumentar a resposta a estes questionários melhoraria a qualidade da pesquisa em saúde.

Objetivos: 

Identificar estratégias eficazes para aumentar a resposta a questionários postais e eletrônicos.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas em 14 bases de dados eletrônicas até fevereiro de 2008 e checamos manualmente as listas de referências de ensaios clínicos e revisões relevantes, e todas as edições de dois periódicos. Entramos em contato com os autores de todos os estudos ou revisões para perguntar sobre estudos não publicados. Sempre que necessário, também contatamos os autores para confirmar os métodos de alocação utilizados e para esclarecer os resultados apresentados. Usamos critérios pré-definidos para avaliar a elegibilidade de cada estudo.

Critério de seleção: 

Ensaios clínicos randomizados sobre métodos para aumentar a resposta a questionários postais e eletrônicos.

Coleta dos dados e análises: 

Extraímos dados sobre os participantes do estudo, a intervenção, o número de participantes randomizados para os grupos de intervenção e de comparação e sobre a ocultação da alocação. Para cada estratégia, estimamos odds ratios (OR) agrupados e intervalos de confiança (IC) de 95% em um modelo de efeitos aleatórios. Avaliamos evidências de viés de seleção com o uso do método de regressão ponderada de Egger e o teste de correlação de postos de Begg e gráfico de funil. Usamos o teste Chi 2 para avaliar a heterogeneidade entre os OR e a estatística I 2 para quantificar o grau de inconsistência entre os resultados dos estudos.

Principais resultados: 

Postal

Encontramos 481 estudos elegíveis. Os estudos avaliaram 110 formas diferentes de aumentar a resposta aos questionários postais. Encontramos heterogeneidade substancial entre os resultados dos estudos em metade das estratégias. As chances de resposta foram pelo menos duplicadas com o uso de incentivos monetários (OR 1,87; IC 95% 1,73 a 2,04; heterogeneidade P < 0,00001, I 2 = 84%), entrega registrada (1,76; IC 95% 1,43 a 2,18; P = 0,0001 , I 2 = 71%), um teaser no envelope - por exemplo, um comentário sugerindo aos participantes que eles podem se beneficiar se o abrirem (3,08; IC 95% 1,27 a 7,44) e um tópico de questionário mais interessante (2,00; IC 95% 1,32 a 3,04; P = 0,06, I 2 = 80%). As chances de resposta foram substancialmente maiores com pré-notificação (1,45; IC 95% 1,29 a 1,63; P < 0,00001, I 2 = 89%), contato de acompanhamento (1,35; IC 95% 1,18 a 1,55; P < 0,00001, I 2 = 76%), incentivos incondicionais (1,61; 1,36 a 1,89; P < 0,00001, I 2 = 88%), questionários mais curtos (1,64; IC 95% 1,43 a 1,87; P < 0,00001, I 2 = 91%), fornecer uma segunda cópia do questionário no período de acompanhamento (1,46; IC 95% 1,13 a 1,90; P < 0,00001, I 2 = 82%), com a menção de que há obrigação de responder (1,61; IC 95% 1,16 a 2,22; P = 0,98, I 2 = 0%) e com patrocínio universitário (1,32; IC 95% 1,13 a 1,54; P < 0,00001, I 2 = 83%). As chances de resposta também aumentaram com incentivos não monetários (1,15; IC 95% 1,08 a 1,22; P < 0,00001, I 2 = 79%), questionários personalizados (1,14; IC 95% 1,07 a 1,22; P < 0,00001, I 2 = 63%), uso de endereços escritos à mão (1,25; IC 95% 1,08 a 1,45; P = 0,32, I 2 = 14%), uso de envelopes de devolução selados em vez de envelopes de devolução franqueados (1,24; IC 95% 1,14 a 1,35; P < 0,00001, I 2 = 69%), garantia de confidencialidade (1,33; IC 95% 1,24 a 1,42) e correspondência externa de primeira classe (1,11; IC 95% 1,02 a 1,21; P = 0,78, I 2 = 0%). As chances de resposta foram reduzidas com o uso de questões de natureza sensível no questionário (0,94; IC 95% 0,88 a 1,00; P = 0,51, I 2 = 0%).

Eletrônico

Encontramos 32 estudos elegíveis. Os estudos avaliaram 27 maneiras diferentes de aumentar a resposta a questionários eletrônicos. Encontramos heterogeneidade substancial entre os resultados dos estudos em metade das estratégias. As chances de resposta aumentaram em mais da metade com o uso de incentivos não monetários (1,72; IC 95% 1,09 a 2,72; heterogeneidade P < 0,00001, I 2 = 95%), questionários eletrônicos mais curtos (1,73; 1,40 a 2,13; P = 0,08, I 2 = 68%), com uma afirmação que outras pessoas responderam (1,52; IC 95% 1,36 a 1,70) e com um tópico mais interessante (1,85; IC 95% 1,52 a 2,26). As chances de resposta aumentaram em um terço com o uso de sorteio com notificação imediata dos resultados (1,37; IC 95% 1,13 a 1,65), oferta de resultados de pesquisa (1,36; IC 95% 1,15 a 1,61) e uso de fundo branco (1,31). ; IC 95% 1,10 a 1,56). As chances de resposta também aumentaram com o uso de questionários eletrônicos personalizados (1,24; IC 95% 1,17 a 1,32; P = 0,07, I 2 = 41%), com um cabeçalho simples (1,23; IC 95% 1,03 a 1,48), com representação textual das categorias de resposta (1,19; IC 95% 1,05 a 1,36) e com a determinação de um prazo para resposta (1,18; IC 95% 1,03 a 1,34) . As chances de resposta triplicaram coma inclusão de uma imagem em um e-mail (3,05; IC 95% 1,84 a 5,06; P = 0,27, I 2 = 19%). As chances de resposta foram reduzidas com o uso da palavra "Pesquisa" na linha de assunto do e-mail (0,81; IC 95% 0,67 a 0,97; P = 0,33, I 2 = 0%) e com o uso de uma assinatura masculina no e-mail (0,55; IC 95% 0,38 a 0,80; P = 0,96, I 2 = 0%).

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Ana Carolina Pereira Nunes Pinto). Contato: tradutores.cochrane.br@gmail.com