Podcast: Amantadina e Rimantadina para Influenza A em crianças e idosos

A Biblioteca Cochrane disponibiliza várias revisões sobre tratamento de pessoas com influenza. Uma dessas revisões, publicada em novembro de 2014, aborda as evidências sobre o uso de amantadina e rimantadina para influenza A em crianças e idosos. A investigadora principal, Márcia Galvão, Professora de Pediatria da Faculdade de Medicina Souza Marques, no Rio de Janeiro, Brasil, nos fala sobre os resultados dessa revisão.

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A Biblioteca Cochrane disponibiliza várias revisões sobre tratamento de pessoas com influenza. Uma dessas revisões, publicada em novembro de 2014, aborda as evidências sobre o uso de amantadina e rimantadina para influenza A em crianças e idosos. A investigadora principal, Márcia Galvão, Professora de Pediatria da Faculdade de Medicina Souza Marques, no Rio de Janeiro, Brasil, nos fala sobre os resultados dessa revisão.

A influenza A ou gripe A é uma infecção respiratória que cursa com sintomas como tosse, coriza e febre. Este quadro costuma desaparecer espontaneamente em três a sete dias, sem nenhum tratamento. Mais raramente, podem acorrer complicações como pneumonia, hospitalização e até morte, principalmente em crianças e idosos. As preocupações sobre esse fato crescem quando se considera o risco de pandemia e a possibilidade de que as medicações e as vacinas mais recentes podem não estar disponíveis para todos. Portanto, é importante saber se medicações mais antigas poderiam ser úteis. Nas pandemias anteriores, foram obtidos bom resultados com os antivirais amantadina e rimantadina no tratamento da influenza A. Se essas medicações tivessem os mesmos resultados contra os vírus mais recentes da Influenza A e, se essas medicações fossem seguras, elas poderiam ser um tratamento alternativo. Portanto, investigamos se a amantadina e a rimantadina poderiam prevenir ou tratar a influenza A em dois grupos vulneráveis: crianças e idosos.
Identificamos 12 estudos envolvendo um total de quase 1600 crianças e pouco mais de 900 idosos, que compararam amantadina ou rimantadina versus nenhum tratamento, placebo ou medicações para alívio dos sintomas da doença. Avaliamos os efeitos da intervenção sobre vários desfechos incluindo a prevenção da influenza A, a duração da febre, tosse, cefaleia, náuseas e vômitos, vertigem e a ocorrência de agitação ou insônia.
No que diz respeito à prevenção, embora a amantadina tenha se mostrado efetiva na prevenção da influenza A em crianças, em média, seria necessário tratar 17 crianças com esse remédio por 14 a 18 semanas para prevenir um único caso de influenza A. Além disso, a segurança da medicação não está bem estabelecida, embora a qualidade dessa evidência seja baixa. A qualidade da evidência para a eficácia da rimantadina na prevenção da influência A foi muito baixa e não se demonstrou efeito protetor em idosos.
As duas medicações também tiveram eficácia limitada no tratamento da doença.  Observou-se redução da febre no terceiro dia de uso de rimantadina em crianças. A qualidade dessa evidência foi moderada. Esse benefício não parece ser suficientemente significante para que se recomende seu uso em crianças com influenza A.
Em resumo, considerando-se a qualidade das evidências, a falta de dados sobre a segurança do uso da amantadina e os benefícios limitados da rimantadina, concluímos que não há indicação de que nenhum dos dois antivirais possa ser útil na prevenção, tratamento ou redução da duração dos sintomas da influenza A em crianças e idosos.

Se você quiser saber mais detalhes sobre as evidências disponíveis, essa revisão, de acesso livre, pode ser lida ou baixada. Acesse a Biblioteca Cochrane (Cochrane Library ponto com) e digite  “amantadine and rimantadine for influenza A”. Lá você encontrará um link de acesso. Basta seguí-lo.

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