Cerca de metade das fraturas de quadril ocorrem internamente à cápsula articular do quadril (intracapsular) e as demais ocorrem fora da capsula (extracapsular). Atualmente, a maioria destas fraturas são corrigidas cirurgicamente ou estabilizadas utilizando implantes metálicos. Entretanto, alguns pacientes recebem tratamento conservador que pode ser tração, repouso no leito ou mobilização restrita.
Os cinco estudos randomizados incluídos nesta revisão envolvem somente 428 pacientes idosos. Um pequeno e potencialmente tendencioso estudo de 23 pacientes com fraturas intracapsulares não luxadas, que forneceu evidencias limitadas de que fixação cirúrgica aumentava as chances de resolução da fratura. Os quatro estudos de fraturas extracapsulares testaram a variedade de técnicas cirúrgicas e implantes e somente um estudo envolvendo 106 pacientes pode ser considerado como teste da técnica vigente. Este ensaio clínico não encontrou diferenças relevantes entre cirurgia e tração em casos de fraturas extracapsulares. Contudo, pessoas submetidas à cirurgia apresentaram melhores resultados anatômicos, levados a receber alta mais cedo e pareciam menos propensos a perder sua independência.
A revisão concluiu, no geral, que houve evidencias insuficientes para determinar se cirurgia é melhor que repouso no leito e tração, no caso das duas categorias de fraturas avaliadas em ensaios clínicos randomizados. Contudo, atualmente mais pessoas com fraturas de quadril são submetidas ao tratamento cirúrgico, nos casos que são seguros de serem realizados. Isto reflete em avanços na cirurgia e na anestesia e uma maior clareza no entendimento dos benefícios da mobilização precoce e nos riscos de hospitalização prolongada.
Embora haja baixa disponibilidade de evidencias para aprimorar a pratica em casos de fratura intracapsular sem luxação, a variação na pratica tem reduzido e mais fraturas são tratadas cirurgicamente. A disponibilidade limitada de evidencias a partir de ensaios clínicos randomizados não sugere maior diferença nos resultados entre tratamento conservador e cirurgia de fraturas extracapsulares femorais, mas tratamento cirúrgico está associado com a redução do tempo de hospitalização e evolução da reabilitação. Tratamento conservador será aceito quando as modernas facilidades cirúrgicas forem inviáveis, e resultará na redução de complicações associadas à cirurgia, mas a reabilitação será provavelmente mais lenta e deformidade do membro mais comum. Atualmente, é difícil determinar circunstâncias em que ensaios clínicos futuros seriam praticáveis ou viáveis.
Até o momento em que tratamentos cirúrgicos envolvendo a utilização de várias próteses foram introduzidos em 1950, fraturas de quadril eram tratadas utilizando métodos conservadores baseados em tração e repouso no leito.
Comparar tratamento conservador com cirúrgico para fraturas de fêmur proximal (quadril) em adultos.
Nós buscamos em Cochrane Bone, Joint and Muscle Trauma Group Specialised Register (Maio 2008), Cochrane Central Register of Controlled Trials(The Cochrane Library 2008, Issue 1), MEDLINE (1966 a 2008), EMBASE (1988 a 2008), Current Controlled Trials, periódicos ortopédicos, anais de eventos e listas de referências de artigos.
Ensaios clínicos randomizados e parcialmente randomizados comparando dois métodos de tratamento em adultos com fratura de quadril.
Dois autores de revisões independentes avaliaram a qualidade dos ensaios clínicos e extraíram os dados. Informações adicionais foram obtidas dos ensaios clínicos. Após agrupar por tipo de fratura, grupos semelhantes dos ensaios clínicos foram sub agrupados por tipo de implante e os dados foram agrupados quando adequado, utilizando o modelo de efeito fixo.
Os cinco ensaios clínicos randomizados incluídos na revisão envolvem somente 428 pacientes idosos. Um pequeno e potencialmente tendencioso ensaio clínico de 23 pacientes com fraturas intracapsulares não luxadas mostrou redução do risco de não calcificação para as fraturas tratadas com cirurgia. Os quatro ensaios clínicos de fraturas extracapsulares testaram a variedade de técnicas cirúrgicas e próteses e somente um ensaio clínico envolvendo 106 pacientes pode ser considerado adequado à pratica usual. Neste ensaio clínico, não foram encontradas diferenças quanto às complicações médicas, mortalidade e duração da dor. Contudo, tratamento cirúrgico apresentou mais resultados na consolidação de fraturas sem encurtamento de perna, uma redução no tempo de hospitalização e em um aumento não significante estatisticamente no retorno dos pacientes a suas residências.
Traduzido por: Marcelo Zerbetto Fabricio, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com