Qual é o efeito de dar albumina humana comparada com solução salina para repor a perda de sangue em doentes críticos?

Traumas, queimaduras ou cirurgias podem levar as pessoas a perderem grandes quantidades de sangue. A reposição endovenosa de fluidos (injetando líquidos dentro da veia), é usada para ajudar a restabelecer o volume de sangue e reduzir o risco de morte. Derivados do sangue (incluindo a albumina humana), produtos que não são do sangue ou combinações desses dois podem ser usados. Esta revisão de 38 estudos não encontrou evidência de que a albumina reduz o risco de morte. Uma vez que a albumina é muito cara, pode ser melhor usar uma alternativa mais barata (como a solução salina) para reposição de fluidos.

Conclusão dos autores: 

Para pacientes com hipovolemia, não há evidência de que usar albumina reduza a mortalidade, em comparação com alternativas mais baratas, como soro fisiológico. Não há evidência de que usar albumina reduza a mortalidade em pacientes criticamente doentes com queimaduras e hipoalbuminemia. Ainda permanece em aberto a possibilidade de que a albumina possa ser indicada para populações altamente selecionadas de pacientes críticos. No entanto, tendo em vista a ausência de evidência de benefícios sobre a mortalidade e o alto custo de usar albumina em comparação com outras alternativas como soro fisiológico, é razoável propor que a albumina seja utilizada apenas dentro do contexto de pesquisas, em ECR mascarados e com poder adequado.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

As soluções de albumina humana são usadas para uma variedade de problemas médicos e cirúrgicos. Suas indicações incluem o tratamento de emergência de pacientes com choque e outras condições em que a restauração do volume sanguíneo é urgente, tais como queimaduras e hipoproteinemia. As soluções de albumina humana são mais caras que outros coloides e cristaloides.

Objetivos: 

Quantificar os efeitos da administração de albumina humana e da fração de proteína plasmática (FPP) sobre a taxa de mortalidade de pacientes criticamente enfermos.

Métodos de busca: 

Foi realizada uma busca nas seguintes bases de dados eletrônicas: Cochrane Injuries Group Specialised Register (31 de maio de 2011), Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2011, volume 2), MEDLINE (Ovid) (1948 à 3ª semana de maio de 2011), EMBASE (Ovid) (1980 à 21ª semana de 2011), CINAHL (EBSCO) (1982 a maio de 2011), ISI Web of Science: Science Citation Index Expanded (SCI-Expanded) (1970 a maio de 2011), ISI Web of Science: Conference Proceedings Citation Index - Science (CPCI-S) (1990 à maio de 2011), PubMed (www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez/) (10 de junho de 2011, limite: últimos 60 dias). As listas de referências dos ensaios clínicos e de artigos de revisão foram conferidas, e os autores dos ensaios clínicos foram contatados.

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECR) que compararam usar albumina ou FPP versus não usar albumina ou FPP ou versus usar uma solução cristaloide em pacientes críticos com hipovolemia, queimaduras ou hipoalbuminemia.

Coleta dos dados e análises: 

Colhemos dados sobre os participantes, a solução de albumina utilizada, a mortalidade no final do acompanhamento e a qualidade da ocultação da alocação. A análise foi estratificada de acordo com o tipo de paciente.

Principais resultados: 

Identificamos 38 ECR que preencheram os critérios de inclusão e que incluíam mortalidade como um dos seus desfechos. Esses estudos relatam 1.958 mortes entre 10.842 participantes.

Para hipovolemia, o risco relativo de morte após a administração de albumina foi de 1,02 (intervalo de confiança de 95%, IC 95%, de 0,92 a 1,13). Esta estimativa foi fortemente influenciada pelos resultados do estudo SAFE, que contribuiu com 75,2% das informações (peso na metanálise). Para queimaduras, o risco relativo foi de 2,93 (IC 95% 1,28 a 6,72) e para hipoalbuminemia o risco relativo foi de 1,26 (IC 95% 0,84 a 1,88). Não houve heterogeneidade significativa entre os estudos nas diversas categorias (Qui² = 26,66, df = 31, P = 0,69). O risco relativo combinado de morte com o uso da albumina foi de 1,05 (IC 95% 0,95 a 1,16).

Notas de tradução: 

Tradução do Cochrane Brazil (Antonio José Grande). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br.

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