A hipotensão intradialítica (HID), um problema causado pela redução do volume de sangue que circula no corpo, é uma complicação comum da hemodiálise. A HID é caracterizada por uma queda repentina da pressão sanguínea (hipotensão) e pode trazer bastante desconforto para o paciente. Os sintomas da HID são náusea, suor, cólicas, ou tonturas. A HID é tratada com a administração de fluidos ao paciente. Estes incluem solução salina, albumina ou outros fluidos como gelatinas e amidos. A albumina é um produto extraído do sangue (de doadores). Por isso, a albumina é um produto relativamente escasso e caro. A pergunta dessa revisão foi saber se o uso da albumina para tratar pessoas com HID traria mais vantagens do que o tratamento com outros fluidos. Encontramos um estudo que comparou albumina versus solução salina. Não encontramos nenhum estudo comparando albumina versus outros fluidos usados para tratar hipotensão. O único ensaio clínico randomizado existente não mostrou nenhuma diferença entre dar albumina versus dar uma solução salina normal em nenhum dos desfechos, excepto na quantidade de solução salina adicional administrada, que foi menor no grupo tratado com albumina. Concluímos que a solução salina normal deve ser a primeira escolha para o tratamento da HID.
Não identificamos nenhum ensaio clínico randomizado ou controlado (estudo com grupo controle) que comparasse albumina versus cristaloides (que não fosse a solução salina normal) ou versus coloides não-proteicos, ou versus alguma combinação destes, para o tratamento de pacientes com hipotensão sintomática durante a diálise. Os resultados de um ECR duplo-cego do tipo crossover (com 45 pacientes avaliáveis) indicam que o uso de albumina a 5% não é melhor do que o uso de solução salina normal para tratar episódios de HID em pacientes em hemodialise de manutenção com história prévia de HID. Devido ao elevado custo e o uso relativamente raro da albumina em comparação com a solução salina, a solução salina deve ser a primeira linha de terapia para tratar a HID em pacientes estáveis em dialise .
A hipotensão intradialítica (HID) ocorre em 20 a 55% das sessões de hemodiálise e é mais frequente nos pacientes em hemodiálise a longo-prazo. A HID sintomática é geralmente definida como uma queda da pressão sistólica (PS) de pelo menos 10 mm Hg ou o achado de PS menor que 100 mm Hg, com sintomas como cólicas abdominais, náusea, vômitos e tonturas. Na fase aguda, a HID é tratada com expansão de volume através da administração intravenosa de fluidos.
Comparar os benefícios e danos da expansão de volume com albumina humana, sozinha ou em combinação com cristaloides ou coloides não-proteicos, para o tratamento da HID em pacientes em hemodiálise.
Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: Cochrane Renal Group's Specialised Register, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library 2010, Issue 9), MEDLINE (1966 a outubro de 2009) e EMBASE (1980 a outubro de 2009).
Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECRs), ensaios clínicos quasi-randomizados e estudos randomizados do tipo crossover.
Dois autores, trabalhando de forma independente, extraíram os dados e analisaram a qualidade dos ensaios clínicos. Iríamos usar o risco relativo (RR) para analisar as variáveis dicotômicas e a diferença média (DM) para analisar as variáveis contínuas.
Incluímos um ensaio clínico randomizado crossover duplo-cego que preenchia os critérios de inclusão. Esse estudo comparou administração de albumina a 5% versus solução salina normal em pacientes com história prévia de HID. Os resultados, provenientes de 45 participantes que puderam ser avaliados, não permitiram rejeitar a hipótese nula que administrar albumina a 5% ou solução salina normal não produz diferença no desfecho primário (alcançar a percentagem alvo da ultrafiltração) nem em 11 dos 12 desfechos secundários. O grupo que recebeu albumina a 5% precisou receber solução salina adicional (não-cego) menos vezes do que o grupo que recebeu solução salina (16% versus 36%, P=0,04). Porém, o volume de fluido adicional administrado foi semelhante em ambos grupos. Não houve diferença significativa entre os grupos na duração dos cuidados de enfermagem necessários para o tratamento da HID, nem no tempo necessário para restaurar a pressão arterial.
Tradução do Cochrane South Africa e Cochrane Africa em parceria com o Cochrane Brazil (Geoffrey Dama Caetano Madeira e Solange Durão). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br