Relaxamento muscular é requerido para facilitar alguns procedimentos cirúrgicos. Se não completamente revertido após a cirurgia, os efeitos do relaxamento muscular podem levar a fraqueza muscular residual, problemas respiratórios, infecção pulmonar e atraso na recuperação. A neostigmina e outros medicamentos da mesma família de fármacos são atualmente empregados para restaurar a função muscular após cirurgia. Estes medicamentos, no entanto, não são efetivos em todas as situações e também podem causar complicações. Complicações incluem mudanças nas funções cardíaca e pulmonar, e náuseas e vômitos após a cirurgia. O sugamadex é um novo medicamento que é usado após a cirurgia para reverter os efeitos dos medicamentos relaxantes musculares. Neste artigo de revisão, incluímos 18 estudos na eficácia e segurança do sugamadex. Os estudos incluíram um total de 1321 pacientes. Mostrou-se que o sugamadex é mais efetivo que o placebo (nenhuma medicação) ou a neostigmina na reversão do relaxamento muscular causado pelo bloqueador neuromuscular durante a cirurgia e que é relativamente seguro. Complicações graves ocorreram em menos de 1% dos pacientes que receberam sugamadex. Os resultados deste artigo de revisão (especialmente nos resultados da segurança) precisam ser confirmados por futuros estudos em uma população maior de pacientes.
Mostrou-se que o sugamadex é efetivo na reversão do bloqueio neuromuscular induzido pelo rocurônio. Esta revisão não encontrou evidência de uma diferença nos casos de efeitos indesejáveis entre o sugamadex, o placebo ou a neostigmina. Estes resultados precisam ser confirmados por ensaios futuros em uma população maior de pacientes e com mais foco nos desfechos relacionados aos pacientes.
O sugamadex é o primeiro agente seletivo ligante ao bloqueador neuromuscular que tem sido estudado para reverter o bloqueio neuromuscular induzido pelo rocurônio e outros agentes bloqueadores neuromusculares (BNMs) não-despolarizantes esteroides.
Avaliar a eficácia e a segurança do sugamadex na reversão do bloqueio neuromuscular induzido pelos BNMs não-despolarizantes esteroides e na prevenção do bloqueio neuromuscular residual pós-operatório.
Pesquisamos a Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (The Cochrane Library, 2008, fascículo 3), MEDLINE (1950 a agosto de 2008), e EMBASE (1980 a agosto de 2008). Adicionalmente, pesquisamos manualmente as listas de referências dos artigos relevantes e os resumos de congressos. Além disso, contatamos o fabricante da medicação para mais informações.
Todos os ensaios controlados randomizados (RCTs) em pacientes adultos (≥ 18 anos de idade) nos quais o sugamadex foi comparado com placebo ou outro medicamento, ou nos quais diferentes doses de sugamadex foram comparadas entre si. Excluímos ensaios não randomizados e estudos em voluntários sadios.
Nós realizamos independentemente a determinação da inclusão dos estudos, a avaliação da qualidade e a extração de dados. Aplicamos técnicas meta-analíticas padronizadas.
Incluímos 18 RCTs (n = 1321 pacientes). Sete ensaios foram publicados como manuscritos completos e 11 ensaios como resumos de congressos.Todos os ensaios incluídos tiveram método adequado de randomização e de ocultação da alocação. Os resultados sugerem que, comparado ao placebo ou à neostigmina, o sugamadex pode reverter mais rapidamente o bloqueio neuromuscular induzido pelo rocurônio, independentemente da profundidade do bloqueio. Identificamos doses de 2, 4, e 16 mg/kg de sugamadex para reversão do bloqueio neuromuscular induzido pelo rocurônio no reaparecimento de T2, uma ou duas contagens pós-tetânicas e três a cinco minutos após o rocurônio, respectivamente. O número de ensaios é bastante limitado considerando-se o vecurônio e o pancurônio. Eventos adversos graves ocorreram em < 1% de todos os pacientes que receberam a medicação. Não houve diferença significante entre o sugamadex e o placebo em termos de prevalência de eventos adversos relacionados ao fármaco (RR 1,20, 95% IC 0,61 a 2,37; P = 0,59,I2 = 0%, cinco RCTs). Também, não foram encontradas diferenças significantes entre o sugamadex e a neostigmina para eventos adversos (RR 0,98, 95% IC 0,48 a 1,98; P = 0,95, I2 = 43%, três RCTs).
Traduzido por: Paulo do Nascimento Jr, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato:portuguese.ebm.unit@gmail.com