A dor aguda frequentemente ocorre logo após uma lesão. A maioria das pessoas sente dor moderada ou forte após uma cirurgia. Os analgésicos são testados em pessoas com dor, muitas vezes depois de um procedimento doloroso como a extração do dente de siso. Em geral, essa dor é tratada com analgésicos tomados por via oral. Acreditamos que esses resultados podem ser aplicados a outras condições dolorosas agudas.
Uma série de revisões Cochrane avaliou a eficácia dos analgésicos. Sabemos que, em algumas circunstâncias, os analgésicos que têm rápida dissolução e absorção propiciam maior alívio da dor que outros cuja absorção é lenta. Esta revisão examinou a eficácia de diferentes formulações de diclofenaco no alívio da dor moderada ou intensa após uma cirurgia.
Esta é a atualização de uma revisão publicada pela primeira vez em 2009. Fizemos novas buscas em março de 2015 e encontramos três novos estudos. Portanto, essa atualização da revisão tem agora um total de 18 estudos envolvendo 3714 participantes, 1902 deles tratados com diclofenaco e 1007 com placebo. O diclofenaco potássico é uma formulação de absorção rápida. A maior parte das informações existentes sobre esse remédio se refere a dose de 50 mg. Mais de 6 em cada 10 participantes (64%) que receberam essa dose do remédio tiveram alívio efetivo da dor em comparação com menos de 2 em cada 10 (17%) dos que foram tratados com placebo (evidência de alta qualidade).
As taxas de eventos adversos foram semelhantes com diclofenaco e placebo nesses estudos com dose única (evidência de qualidade moderada). Houve poucos eventos adversos graves ou casos de desistência devido a eventos adversos.
O diclofenaco potássico é uma opção útil para controle da dor aguda.
O diclofenaco potássico propicia bom alívio da dor em doses de 25 mg, 50 mg e 100 mg. O diclofenaco sódico tem eficácia limitada e provavelmente não deve ser usado na dor aguda.
O diclofenaco é um anti-inflamatório não esteroide disponível como sal potássico (liberação imediata) ou sal sódico (com revestimento entérico para impedir sua dissolução no estômago). Esta revisão atualiza uma revisão anterior, publicada no Cochrane Database of Systematic Reviews (Issue 2, 2009), intitulada “Diclofenaco em dose única oral para tratamento da dor aguda pós-operatória em adultos”.
Avaliar a eficácia analgésica e os efeitos adversos de uma dose única oral de diclofenaco para tratamento da dor pós-operatória moderada a intensa com o auxílio de métodos que permitam a comparação com outros analgésicos avaliados por estudos padronizados com métodos e desfechos quase idênticos.
Fizemos buscas nas seguintes bases de dados eletrônicas: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE, EMBASE, Oxford Pain Relief Database e duas plataformas de registro de ensaios clínicos. Também fizemos buscas nas listas de referências dos artigos. A busca mais recente foi realizada em 9 de março de 2015.
Incluímos ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos e controlados com placebo que avaliaram o uso do diclofenaco (sódico ou potássico) em dose única oral para o tratamento da dor aguda pós-operatória em adultos.
Dois autores de revisão, trabalhando de forma independente, fizeram a seleção dos estudos a serem incluídos na revisão, avaliaram o risco de viés e extraíram os dados. Usamos a área sob a curva de alívio da dor versus tempo para inferir a proporção de participantes que tiveram alívio mínimo de 50% da dor durante seis horas com diclofenaco ou placebo. Calculamos o risco relativo (RR) e o número necessário para tratar (NNT) para haver benefício. Usamos informações sobre o uso de medicação de resgate para calcular a proporção de participantes que necessitaram de medicação de resgate e a média ponderada do tempo mediano transcorrido até seu uso. Extraímos também informações sobre efeitos adversos.
Esta atualização incluiu três novos estudos, o que resultou em um aumento de 26% no número de participantes nas comparações entre diclofenaco e placebo. Incluímos 18 estudos envolvendo um total de 3714 participantes (1902 tratados com diclofenaco e 1007 com placebo). Esta atualização também mudou o foco da revisão (em comparação com a versão anterior) pois avaliamos em mais detalhes os efeitos da formulação do medicamento. Isso é consequência da maior compreensão da importância da velocidade de início da ação para avaliar a eficácia analgésica na dor aguda.
O maior conjunto de informações, relativo à dose de 50 mg de diclofenaco potássico, em sete estudos, produziu um NNT para alívio mínimo de 50% da dor máxima, em comparação com o placebo, de 2,1, intervalo de confiança (IC) de 95% 1,9 a 2,5 (evidência de alta qualidade). Houve melhora gradativa da eficácia com a elevação das doses de 25 mg até 100 mg, tanto entre os participantes que alcançaram alívio mínimo de 50% da dor máxima quanto nos casos que precisaram de nova medicação em 6 a 8 horas. A eficácia das formulações de ação rápida na dose de 50 mg (produtos dispersíveis, soluções e cápsulas moles) foi semelhante, com NNT de 2,4 (2,0 a 3,0). Em um pequeno número de estudos, o diclofenaco sódico na dose de 50 mg produziu efeito menor, com NNT de 6,6 (4,1 a 17).
As taxas de eventos adversos foram baixas nesses estudos com dose única, e não houve diferença entre diclofenaco e placebo (evidência de qualidade moderada).
Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Claudia Lucia Caetano de Araujo) - contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br