Utilizando-se de um sistema piloto, categorizamos esta revisão como: “Pergunta atual – sem atualizações pretendidas: é improvável que novas pesquisas mudem as conclusões” (ver notas).
A malária é um grave problema de saúde que afeta predominantemente as pessoas que moram na Africa subsariana e outras regiões tropicais do mundo. A doença é uma causa importante de morbidade e mortalidade, especialmente em crianças com até 5 anos de idade. A malária é transmitida por picadas de mosquitos fêmeas infectadas. Existem várias estratégias e abordagens, incluindo repelentes, para prevenir as picadas de mosquitos e a malária. Essas abordagens são usadas pelas pessoas que vivem nas áreas afetadas e pelos indivíduos que viajam para áreas de alto risco para malária. Os repelentes eletrônicos de mosquitos (REMs) foram desenhados com o intuito de repelir mosquitos fêmeas através da emissão de sons de alta frequência que são quase inaudíveis aos ouvidos humanos. Os fabricantes dos REMs alegam que esta é uma maneira efetiva de repelir mosquitos e prevenir doenças. Não encontramos nenhum ensaio clínico randomizado controlado que avaliasse os REMs. Porém, identificamos 10 estudos de campo que analisaram o número de mosquitos capturados em partes descobertas do corpo dos participantes. Incluímos esses 10 estudos na nossa revisão. Esses estudos foram conduzidos em várias partes do mundo, com diferentes espécies de mosquitos. Os estudos controlaram fatores como localização e horário. Um estudo utilizou somente um observador e fez sete observações. O estudo com maior número de avaliações incluiu 18 observadores com 324 observações. Não existe evidência proveniente dos estudos de campo que apoie qualquer efeito repelente dos REMs. Portanto, não há nenhuma evidência para apoiar ou promover o uso desses dispositivos. Não se recomenda realizar mais ensaios clínicos randomizados sobre os REMs, uma vez que os estudos de campo não encontraram quaisquer indícios que esses dispositivos sejam uma medida preventiva promissora contra a malária.
Estudos entomológicos de campo confirmam que os REMs não são efetivos para prevenir as picadas de mosquitos. Portanto não se justificativa sua comercialização para prevenir a infecção por malária.
Utilizando-se de um sistema piloto, categorizamos esta revisão como: “Pergunta atual – sem atualizações pretendidas: é improvável que novas pesquisas mudem as conclusões” (ver notas).
Os repelentes eletrônicos contra mosquitos (REMs) são comercializados para prevenir as picadas de mosquitos e a malária.
Avaliar se os REMs previnem as picadas de mosquitos e qualquer evidência de que tenham um efeito contra a infecção por malária.
Em março de 2009, fizemos buscas nas seguintes bases de dados: Cochrane Infectious Diseases Group Specialized Register, CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, LILACS, Cambridge Scientific Abstracts, e the Science Citation Index. Também entramos em contato com centros especializados internacionais e fabricantes de REMs, e revisamos anais de conferências e as listas de referências dos estudos.
Incluímos estudos de campo entomológicos que avaliaram o efeito dos REMs para prevenir as picadas de mosquitos. Esses estudos deveriam ser controlados por local geográfico, horário e atração dos participantes humanos. Também incluímos ensaios clínicos randomizados controlados e quasi-randomizados que avaliaram o uso dos REMs para prevenção de infecção por malária.
Dois autores fizeram a extração dos dados, a avaliação da qualidade dos estudos e as análises.
Dez estudos de campo entomológios preencheram os critérios de inclusão. Todos os 10 estudos mostraram que não houve diferença no número de mosquitos capturados nas partes descobertas do corpo dos participantes humanos que usaram ou não usaram um REM. Não encontramos nenhum ensaio clínico controlado randomizado ou quasi-randomizado sobre a eficácia dos REM na prevenção da infecção por malária.
Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Cláudia Batista Carraro). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br