Questão de revisão
Como se comparam os slings tradicionais com outros tratamentos, cirúrgicos ou conservadores, em mulheres com incontinência urinária de esforço (IUE).
Contexto:
A cirurgia com um sling subureteral tradicional é umas das opções cirúrgicas para o tratamento de mulheres com Incontinência urinária de esforço. A IUE é a perda de urina aquando de episódios de tosse, riso, esternutos ou exercício físico. Pode estar relacionada com danos nos músculos que sustêm o colo da bexiga ou danos nos seus nervos, os quais ocorrem habitualmente durante do parto. Quando a IUE ocorre juntamente com uma necessidade urgente de esvaziamento da bexiga que não pode ser diferida (incontinência urinária de urgência (IUU)), estamos perante uma incontinência urinária mista (IUM). A ciruriga de colocação de sling subureteral tradicional tem como objectivo a suspensão do colo da bexiga com uma fita de um material que pode ser biológico (feito de tecidos humanos ou animais) ou de plástico sintético não absórvivel (malha/fita)
Quão atualizada é esta revisão?
As evidências estão atualizadas até fevereiro de 27. Uma pesquisa adicional a 23 de janeiro de 2019 não foi totalmente incorporada à revisão.
Características do estudo
Encontrámos 34 ensaios clínidos randomizados (ECR) que envolveram 3244 mulheres, que comparam os slings tradicionais com fármacos ou outros tipos de cirurgias (colposuspensão, slings na uretra média, suspensão por agulha do colo da bexiga, slings de incisão única - mini slings - , dois tipos de slings diferentes e slings tradicionais com fármacos injectáveis). Todos os estudos incluiram mulheres com Incontinência urinária de esforço (IUE), mas alguns envolveram mulheres com Incontinência Urinária de Urgência (IUU), descritas como tendo Incontinência urinária Mista (IUM)
Não foram encontrados estudos que comparassem slings suburetrais com placebo, tratamento conservador - como exercícios para o soalho pélvico- , correcção anterior ou colposuspensão laparoscópica.
Fontes de financiamento dos estudos
Alguns ensaios reportaram ter financiado os seus estudos.
Resultados principais
A cirurgia parece ter melhores resultados que os fármacos no tratamento da incontinência urinária. Alguma evidência sugere que as mulheres tiveram, (a médio-prazo - 1 a 5 anos) menos perdas e menores taxas de re-operação com os slings tradicionais, quando comparadas com as que foram submetidas a colposuspensão (uma cirurgia abdominal major). Contudo, falta informação sobre os efeitos adversos. Não está claro se os slings tradicionais foram melhores ou piores que os slings da uretra média (fita sintética) a médio prazo, mas um estudo pequeno mostrou que as mulheres que puserem um sling tradicional podem ter menos perdas 10 anos depois. Não está claro se os slings tradicionais foram melhores ou piores que o tratamente injectável, a suspensão do colo da bexiga por agulhas ou os mini-slings. Encontrámos informação insuficiente sobre os diferentes tipos de sling comparados entre si, com excepção de slings feitos de pele de suíno (Pelvicol) que tiveram uma maior probabilidade de falha quando comparados com outros materiais. Slings feitos de material não absorvível, sintético e impermeável envolveram mais complicações.
Qualidade da evidência:
Muitos ensaios foram pequenos e usaram modos diferentes de avaliar o sucesso do método, o que tornou a compilação da informação difícil. A qualidade da evidência para a maioria dos outcomes foi considerada de fraca a muito fraca. Isto significa que a maioria das nossas conclusões sobre os slings tradicionais são incertas.
Conclusões dos autores
Alguma evidência sugere que as mulheres tiveram, (a médio-prazo - 1 a 5 anos) menos perdas e menores taxas de re-operação com os slings tradicionais, quando comparadas com as que foram submetidas a colposuspensão (uma cirurgia abdominal major). As evidências na comparação de slings suburetrais tradicionais com outros tratamentos são insuficientes. Três avaliações económicas elegíveis reportaram resultados semelhantes, mas não diretamente comparáveis devido às diferenças nos métodos aplicados. Esta revisão é limitada a ensaios clínicos randomizados e controlados e por isso, pode não identificar todos os efeitos adversos que podem estar associados a estes procedimentos.
Traduzido por: Inês Tlemçani, Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal.