Dentes perdidos podem ser substituídos por implantes dentários. Entretanto, manter as gengivas saudáveis em volta de implantes dentários é importante, já que elas podem ser afetadas negativamente pela placa dentária e a inflamação por ela induzida. A prevenção disso pode incluir técnicas de limpeza diária dos implantes pelos pacientes e limpeza periódica por profissionais. Enxaguantes antibacterianos podem ajudar a reduzir a placa e o sangramento ao redor de implantes dentários, mas não há evidências de que escovas elétricas são melhores do que as manuais ou que escovar com um certo gel ou dentifrício seja melhor do que outro. Entre os tratamentos administrados por profissionais, não há evidências de que o ácido fosfórico seja mais eficaz do que raspagem e polimento, que clorexidina incluída à parte interna dos implantes seja superior a solução fisiológica ou que antibiótico tópico inserido via submucosa seja melhor do que gel de clorexidina.
Houve apenas evidência de baixa qualidade para quais são as intervenções mais eficazes para manutenção ou recuperação da saúde dos tecidos moles periimplantares. Os ECRs incluídos tiveram curtos períodos de acompanhamento e poucos participantes e, apesar de, no geral, o risco de viés dos estudos ser baixo ou incerto, apenas estudos individuais estavam disponíveis para cada desfecho. Não houve evidência confiável quanto a quais regimes são mais efetivos para manutenção a longo prazo. Isso não quer dizer que os regimes atuais de manutenção sejam ineficazes. Houve evidência fraca que enxaguantes antibacterianos são efetivos na redução da placa e do sangramento marginal ao redor de implantes. Mais ECRs devem ser conduzidos nessa área. Em particular, há uma necessidade definida de ensaios com poder para encontrar possíveis diferenças, usando medidas de desfecho primário, com um acompanhamento muito mais longo. Tais estudos devem ser reportados de acordo com as diretrizes CONSORTwww.consort-statement.org/).
É importante instituir uma terapia de suporte efetiva para manter ou recuperar a saúde dos tecidos moles ao redor de implantes dentários. Diferentes regimes de manutenção têm sido sugeridos; entretanto, não é certo quais são mais efetivos.
Avaliar os efeitos de diferentes intervenções para 1) manutenção e 2) recuperação da saúde dos tecidos moles ao redor de implantes dentários osseointegrados.
Buscamos no Cochrane Oral Health Group's Trials Register, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), MEDLINE e EMBASE. Busca manual incluiu diversos periódicos odontológicos. Checamos na bibliografia dos ensaios clínicos randomizados (ECRs) identificados e artigos de revisão relevantes por estudos fora dos periódicos consultados manualmente. Escrevemos para os autores de todos os ECRs identificados, para mais de 55 fabricantes de implantes dentários e para um grupo de discussão na internet, à procura de de ECRs não publicados ou em andamento. Não foram aplicadas restrições quanto a idioma. A última busca eletrônica foi conduzida em 2 de Junho de 2010.
Todos ensaios clínicos randomizados comparando agentes ou intervenções para a manutenção ou recuperação de tecidos moles sadios ao redor de implantes dentários.
A seleção de estudos elegíveis, a avaliação da qualidade metodológica dos estudos e a extração de dados foram conduzidas em duplicata e independentemente por dois autores da revisão. Resultados foram expressados como modelos de efeitos aleatórios, usando-se diferenças médias padronizadas para variáveis contínuas e risco relativo para variáveis dicotômicas, com intervalo de confiança de 95%.
Cinco estudos compararam intervenções para a manutenção da saúde dos tecidos moles ao redor de implantes dentários e outros seis estudos compararam intervenções para a recuperação da saúde dos tecidos moles, onde havia evidência de mucosite periimplantar. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre a efetividade de escovas elétricas versus manuais na manutenção, nem na recuperação da saúde de tecidos moles. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre diferentes tipos de antimicrobianos auto aplicados para a manutenção da saúde dos tecidos moles (gel de ácido hialurônico comparado a gel de clorexidine, enxaguantes de amina fluoretados/estanoso fluoretados comparados com enxaguastes de clorexidina) e dentifrício de triclosan comparado com dentifrício de fluoreto de sódio não demonstrou diferença estatisticamente significante na recuperação da saúde dos tecidos moles. Entretanto, irrigação com clorexidina foi mais efetiva na redução da placa e índices de sangramento marginal, quando comparada a enxaguantes de clorexidina e o enxaguante Listerine mostrou-se estatisticamente superior a placebo, quanto à redução de índices de placa e de sangramento marginal. Quando intervenções aplicadas por profissionais foram comparadas, não houve diferença estatisticamente significante entre clorexidine e solução fisiológica como irrigantes no segundo estágio da cirurgia para a manutenção da saúde dos tecidos moles. Em pacientes com mucosite periimplantar, dois estudos avaliaram intervenções realizadas por profissionais dentistas. Não houve diferença estatisticamente significante entre debridamento mecânico seguido de minociclina ou gel de clorexidina, ou entre debridamento com cureta de titânio comparado a ferramenta de debridamento ultrassônico.
Notas de tradução CD003069.pub4