O trauma é uma das principais causas de morte em todas as idades. Alguns pacientes com trauma abdominal grave desenvolvem a chamada “tríade letal”: dificuldade na coagulação do sangue, acidose metabólica e hipotermia, uma situação de emergência que contribui significativamente para a piora da doença e morte. Para prevenir a tríade letal, os médicos devem controlar a hemorragia e evitar a perda adicional de calor.
O manejo tradicional do trauma abdominal grave inclui a cirurgia de reparo de órgãos ou do tecido abdominal lacerados. Para pacientes traumatizados, a cirurgia imediata pode representar um risco, pois o paciente pode estar instável devido à perda de sangue.
A cirurgia de controle de danos (DCS) é uma abordagem alternativa. Ela consiste em três etapas para ajudar o paciente. Primeiro, o cirurgião repara os ferimentos principais e o paciente fica sob cuidados na unidade de tratamento intensivo (UTI). Assim que o paciente se estabiliza, os cirurgiões realizam uma operação para reparar quaisquer ferimentos menores restantes. A vantagem da DCS é que o cirurgião faz a cirurgia definitiva, e, portanto, a mais demorada, somente após o paciente estar estável. Logo, a chance de desfechos adversos, como morte e hemorragia grave, pode ser menor.
Os autores não encontraram ensaios clínicos randomizados publicados ou em andamento que comparavam a DCS com a cirurgia definitiva imediata em pacientes com trauma abdominal grave. É limitada a evidência da eficácia da DCS comparada com a laparotomia tradicional em pacientes com trauma abdominal grave.
É limitada a evidência da eficácia da cirurgia para controle de danos em comparação à laparotomia tradicional em pacientes com trauma abdominal grave.
O trauma é uma das principais causas de morte em qualquer faixa etária. A “tríade letal” de acidose, hipotermia e coagulopatia tem sido reconhecida como causa importante de morte em pacientes com lesões traumáticas. Com o objetivo de prevenir a tríade letal, dois fatores são essenciais: o controle precoce da hemorragia e a prevenção da perda adicional de calor. Em pacientes com trauma abdominal grave, a cirurgia de controle de danos (DCS) evita procedimentos extensos em pacientes instáveis, estabiliza problemas potencialmente fatais na cirurgia inicial e permite a cirurgia programada após o sucesso na ressuscitação inicial. Ainda não está claro se a DCS seria melhor do que o procedimento cirúrgico imediato em pacientes com trauma abdominal grave.
Avaliar os efeitos da cirurgia de controle de danos, comparada ao tratamento tradicional cirúrgico imediato e definitivo, para pacientes com trauma abdominal grave.
Nós pesquisamos, no Cochrane Injuries Group Specialised Register, CENTRAL (The Cochrane Library 2012, Issue 12 of 12), MEDLINE, EMBASE, Web of Science: Science Citation Index & ISI Proceedings, Current Controlled Trials MetaRegister, Clinicaltrials.gov, Zetoc, e CINAHL, todos os ensaios clínicos randomizados publicados e não publicados. Não restringimos as pesquisas quanto ao idioma, à data ou ao tipo de publicação. A pesquisa foi realizada até dezembro de 2012.
Incluímos nesta revisão ensaios clínicos randomizados sobre cirurgia para controle de danos versus reparo cirúrgico tradicional imediato. Incluímos pacientes com trauma abdominal grave (Abbreviated Injury Scale > 3) que foram submetidos a cirurgia. A seleção de pacientes foi crucial, pois pacientes com lesão abdominal relativamente simples não devem ser submetidos a procedimentos desnecessários.
Dois autores, de modo independente, avaliaram os resultados das buscas.
Foram identificados 2.551 estudos. Não foi encontrado nenhum ensaio clínico randomizado comparando a DCS com reparo definitivo e imediato em pacientes com trauma abdominal grave. Foram excluídos 2.551 estudos, pois não eram relevantes para o tópico da revisão, e dois estudos foram excluídos após a avaliação do texto na íntegra.
Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Isnard Elman Litvin)