Quimioterapia após cirurgia para câncer de pulmão não-pequenas células em estágio inicial.

Pergunta de revisão

Pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células vivem mais se receberem quimioterapia após cirurgia?

Introdução

Câncer de pulmão não-pequenas células é o tipo mais comum de câncer de pulmão. Se o tumor está em fase inicial, não muito grande e não espalhado para outras partes do corpo, os médicos geralmente operam para removê-lo. Ao mesmo tempo, eles também irão remover um pedaço do pulmão, ou todo o pulmão que possui o tumor. Eles também podem oferecer radioterapia (tratamento com raios-x) após a operação, objetivando eliminar as células cancerosas remanescentes. Eles também podem oferecer quimioterapia (tratamento com drogas) após a cirurgia para diminuir o risco de recidiva do câncer. Este tratamento é chamado quimioterapia adjuvante.

Em 1995, nós fizemos uma revisão sistemática e meta-análise de dados individuais dos participantes observando quimioterapia adjuvante e cirurgia (com ou sem radioterapia). Elas trouxeram informações de todos os pacientes que participaram em ensaios clínicos semelhantes. Estes estudos compararam o que aconteceu com as pessoas com câncer de pulmão não-pequenas células que receberam quimioterapia após a cirurgia (com ou sem radioterapia) com aquelas que fizeram cirurgia sem quimioterapia (com ou sem radioterapia). Nós vimos que não estava claro se a quimioterapia ajudou pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células a viver mais tempo.

Desde que este estudo foi concluído, muitos novos ensaios foram feitos. Portanto, realizamos uma nova revisão sistemática e meta-análise de dados individuais dos participantes, que incluiu todos os ensaios, antigos e novos. Este estudo teve como objetivo verificar se dando quimioterapia após a cirurgia (com ou sem radioterapia) pode a) ajudar os pacientes a viver mais tempo, b) impedir a volta do câncer (recidiva), e c) impedir que o câncer se espalhe para outras partes do corpo (metástase).

Nós realizamos dois estudos chamados meta-análises que incluíram pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células que participaram de ensaios clínicos randomizados comparando:

a) cirurgia versus cirurgia mais quimioterapia adjuvante; e

b) cirurgia mais radioterapia versus cirurgia mais radioterapia mais quimioterapia adjuvante.

Os resultados foram publicados primeiramente no Lancet em 2010.

Características do estudo

Nós buscamos por ensaios clínicos relevantes até Dezembro de 2013. Os estudos reuniram dados de ensaios de todo o mundo com 26 ensaios (34 ensaios de comparações) e 8447 pacientes na primeira meta-análise (cirurgia versus cirurgia mais quimioterapia adjuvante); e 12 ensaios (13 ensaios de comparações) e 2660 pacientes na segunda meta-análise (cirurgia mais radioterapia versus cirurgia mais radioterapia mais quimioterapia adjuvante). Os ensaios clínicos foram realizados entre 1979 e 2003.

Resultados principais

Resultados encontraram que as pessoas com câncer de pulmão não-pequenas células que fizeram cirurgia seguida por quimioterapia (com ou sem radioterapia), viveram mais tempo do que aquelas que fizeram a cirurgia sem quimioterapia (com ou sem radioterapia).

Após cinco anos, 64 em cada 100 pacientes que receberam quimioterapia após a cirurgia estavam vivos comparado com 60 pacientes em cada 100 que fizeram apenas a cirurgia. Para aqueles que também receberam radioterapia, após cinco anos, 33 em cada 100 pacientes que receberam quimioterapia, cirurgia e radioterapia estavam vivos, comparado com 29 em cada 100 pacientes que receberam cirurgia e a radioterapia.

Informação sobre a qualidade de vida não foi rotineiramente coletada durante os ensaios, mas quando era avaliada a toxicidade e mencionadas nas publicações, ela foi pensada para ser gerenciável.

Em ambos os estudos, houve pouca variação no efeito da quimioterapia, de acordo com o tipo de quimioterapia dada, outras características do ensaio, ou pelo tipo de paciente incluído no ensaio.

Qualidade da evidência

Estas revisões sistemáticas e meta-análises usam dados individuais dos participantes, que é considerado o padrão ouro deste tipo de avaliação. Nós incluímos todos os estudos elegíveis possíveis, não importando o idioma em que foram publicados ou se eles foram ou não publicados. A primeira meta-análise (cirurgia versus cirurgia mais quimioterapia adjuvante) incluiu 92% de todos os pacientes em ensaios clínicos elegíveis e a segunda meta-análise (cirurgia mais radioterapia versus cirurgia mais radioterapia mais quimioterapia adjuvante) incluiu 86% de todos os pacientes em ensaios clínicos elegíveis.

Estamos confiantes de que pesquisa futura é improvável que mude os resultados. Os estudos foram bem desenhados e conduzidos, abordam a questão de revisão, e os efeitos são consistentes em todos os ensaios. O impacto de qualquer dado que não fomos capazes de incluir em nossas análises é pequena.

Conclusão dos autores: 

Os resultados de 47 ensaios de comparações e 11107 pacientes demonstram o claro benefício da quimioterapia adjuvante para esses pacientes, independentemente da quimioterapia dada em adição à cirurgia ou cirurgia mais radioterapia. Este é a revisão sistemática e meta-análise mais completas de dados individuais de participantes que tem sido realizado.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Para avaliar os efeitos da administração de quimioterapia após a cirurgia, ou após a cirurgia mais radioterapia (conhecido como quimioterapia adjuvante) em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) em estágio inicial, foram realizadas duas revisões sistemáticas e meta-análises de todos os ensaios clínicos randomizados utilizando dados individuais dos participantes. Os resultados foram publicados primeiramente no The Lancet em 2010.

Objetivos: 

Para comparar, em termos de sobrevida global, tempo de recidiva loco-regional, tempo de recidiva a distância e sobrevida livre de recidiva:

A. Cirurgia versus cirurgia mais quimioterapia adjuvante
B. Cirurgia mais radioterapia versus cirurgia mais radioterapia mais quimioterapia adjuvante

em pacientes com diagnóstico histológico de CPNPC em estágio inicial

(2) Investigar se os subgrupos de pacientes predefinidos se beneficiaram mais ou menos a partir de quimioterapia com cisplatina, em termos de sobrevivência.

Métodos de busca: 

Nós complementamos as pesquisas MEDLINE e CANCERLIT (1995 a Dezembro de 2013) com informações dos registros de ensaios clínicos, busca manual de procedimentos de reuniões relevantes e pela discussão com listas de estudos e organizações.

Critério de seleção: 

Nós incluímos ensaios de a) cirurgia versus cirurgia mais quimioterapia adjuvante; e b) cirurgia mais radioterapia versus cirurgia mais radioterapia mais quimioterapia adjuvante, desde que eles tivessem randomizado os pacientes com CPNPC utilizando um método que implica o não conhecimento prévio do tratamento atribuído.

Coleta dos dados e análises: 

Nós realizamos uma meta-análise quantitativa utilizando informações atualizadas individuais dos participantes de todos os ensaios clínicos randomizados. Os dados de todos os pacientes foram solicitados aos responsáveis pelos ensaios. Obtivemos dados atualizados individuais dos participantes sobre sobrevivência, e data do último seguimento, bem como detalhes do tratamento alocado, data da randomização, idade, sexo, tipo histológico celular, estágio e status de performance. Para evitar potencial vieses, nós solicitamos informações de todos os pacientes randomizados, incluindo aqueles excluídos das análises originais dos investigadores. Nós conduzimos todas as análises na intenção de tratar no desfecho de sobrevivência. Para ensaios utilizando regimes baseados em cisplatina, foram realizadas análises de subgrupo por idade, sexo, tipo histológico celular, estágio do tumor, e status de performance.

Principais resultados: 

Nós identificamos 35 ensaios clínicos avaliando cirurgia mais quimioterapia adjuvante versus apenas cirurgia. Informações individuais dos pacientes estavam disponíveis para 26 destes ensaios e nossas análises basearam-se em 8447 participantes (3323 mortes) em 34 ensaios de comparações. Houve clara evidência do benefício da adição de quimioterapia após a cirurgia (hazard ratio (HR) = 0,86, intervalo de confiança de 95% (IC) = 0,81-0,92, p <0,0001), com um aumento absoluto na sobrevida de 4% em cinco anos.

Identificamos 15 estudos avaliando cirurgia mais radioterapia mais quimioterapia versus cirurgia mais radioterapia. Informações individuais dos pacientes estavam disponíveis para 12 desses ensaios e nossas análises basearam-se em 2660 participantes (1909 mortes) em 13 ensaios de comparações. Houve também evidência de benefício da adição de quimioterapia para cirurgia mais radioterapia (HR = 0,88, IC 95% = 0,81-0,97, p = 0,009). Isto representa uma melhoria na sobrevida absoluta de 4% em cinco anos.

Para ambas as meta-análises, encontramos benefícios similares para os desfechos de recorrência e houve pouca variação em efeito de acordo com o tipo de quimioterapia, outras características experimentais ou subgrupo de paciente.

Não assumimos a análise dos efeitos da quimioterapia adjuvante na qualidade de vida e nos eventos adversos. Informação sobre a qualidade de vida não era rotineiramente coletada durante os ensaios, mas onde foi avaliada a toxicidade e mencionadas nas publicações, ela foi pensada para ser gerenciável. Nós consideramos baixo o risco de viés nos estudos incluídos.

Notas de tradução: 

Notas de tradução CD011430

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