Uso de luvas, capote ou máscara no contato com pacientes internados no hospital com Staphylococcus aureus resistente a um antibiótico comum (MRSA)

O que significar MRSA e por que isso é um problema nos hospitais?

MRSA é uma sigla que significa (em inglês) Staphylococcus aureus resistente à meticilina. O Staphylococcus aureus é um tipo de germe que já não é mais erradicado por meticilina ou outros antibióticos que são frequentemente usados para tratar infecções. O MRSA pode se instalar nas pessoas sem que elas fiquem doentes ou tenham quaisquer sintomas. Porém, esse germe é perigoso quando infecta pessoas que já têm algum outro problema de saúde.

Nos hospitais, o MRSA é facilmente transmitido de um paciente para outro e pode causar infecções graves e até morte. Essa transmissão é feita principalmente pelos profissionais de saúde quando suas mãos, roupas ou equipamentos são contaminados com o MRSA enquanto eles cuidam dos pacientes que têm MRSA. Quando esses profissionais de saúde tocam (com suas mãos, roupas ou equipamentos contaminados) em outros pacientes, o MRSA se propaga no hospital.

Por que o uso de luvas, capotes ou máscaras pode ajudar a prevenir a transmissão do MRSA nos pacientes internados?

O uso de luvas descartáveis, aliado ou não ao uso de capotes descartáveis ou laváveis, poderia impedir a transmissão do MRSA. Isso ocorreria porque esses equipamentos evitariam que as mãos e as roupas dos profissionais de saúde fossem contaminadas pelo MRSA. Depois de atender cada paciente, os profissionais de saúde descartariam as luvas e capotes e colocariam novas luvas e capotes antes de atender o próximo paciente. O uso de máscaras também poderia impedir a propagação do MRSA pelo ar.

Não se sabe se o uso isolado de luvas, capotes ou máscaras reduziria a propagação do MRSA, ou se o uso de dois ou três desses equipamentos produziria melhores resultados.

Objetivo e achados desta revisão

Os autores dessa revisão queriam saber se o uso de luvas, capotes ou máscaras por profissionais de saúde (por exemplo médicos) que trabalham no hospital e que lidam com pacientes com MRSA impediria a transmissão da bactéria para outras pessoas do hospital.

Os autores fizeram uma ampla busca da literatura médica para identificar todos estudos que haviam sido publicados até junho de 2015. Não encontraram nenhum estudo rigoroso sobre este tema.

Atualmente não há evidências científicas de que o uso de luvas, capotes ou máscaras por pessoas que lidam com pacientes com MRSA reduz a transmissão de MRSA para outras pessoas no hospital. No entanto, isso não quer dizer que o uso de luvas, capotes ou máscaras não seja eficaz. Significa apenas que ainda não existem estudos que avaliaram esse tipo de intervenção.

Conclusão dos autores: 

Não encontramos nenhum estudo que tivesse avaliado o efeito do uso de luvas, capotes ou máscaras no contato com pacientes hospitalizados com MRSA, ou com seu ambiente imediato, sobre a transmissão do MRSA para outros pacientes, funcionários do hospital, cuidadores de pacientes ou visitantes. Esta falta de evidências não deve ser interpretada como evidência de ausência de efeito dessas intervenções. É necessário fazer estudos experimentais rigorosos para avaliar o efeito do uso de luvas, capotes e máscaras nestas circunstâncias. Esses futuros estudos poderiam ser ensaios clínicos randomizados em cluster envolvendo diferentes alas ou hospitais, ou estudos do tipo série temporal interrompida.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é um patógeno comum adquirido no hospital que aumenta a morbidade, a mortalidade e os custos dos cuidados de saúde. O controle do MRSA continua um problema sem solução em muitos hospitais do mundo. A evidência quanto aos efeitos do uso de luvas, capotes ou máscaras para controlar o MRSA não é clara.

Objetivos: 

Avaliar a efetividade do uso de luvas, capotes ou máscaras antes de ter contato com um paciente colonizado ou infectado por MRSA, ou com o ambiente imediato do paciente.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nos Specialised Registers de três Grupos Cochrane: Wounds Group (em 5 de junho de 2015), Effective Practice and Organisation of Care (EPOC) Group (em 9 de julho de 2013) e Infectious Diseases Group (em 5 de janeiro de 2009). Também fizemos buscas nas seguintes bases de dados: CENTRAL (The Cochrane Library 2015, Issue 6); DARE, HTA, NHS EED, e o Methodology Register(The Cochrane Library 2015, Issue 6); MEDLINE e MEDLINE In-Process & Other Non-Indexed Citations (1946 a 1 de junho de 2015); EMBASE (1974 a 4 de junho de 2015); Web of Science (WOS) Core Collection (desde o início até 7 de junho de 2015); CINAHL (1982 a 5 de junho de 2015); British Nursing Index (1985 a 6 de julho de 2010); e ProQuest Dissertations & Theses Database (1639 a 11 de junho de 2015). Também fizemos buscas em três plataformas de registros de ensaios clínicos (em 6 de junho de 2015), e pesquisamos listas de referências de artigos e anais de conferências. Finalmente contatamos pessoas relevantes para identificar estudos adicionais.

Critério de seleção: 

Incluímos estudos que avaliaram os efeitos do uso de luvas, capotes ou máscaras por qualquer profissional no ambiente hospitalar sobre a transmissão do MRSA. O uso deveria ser feito quando o profissional previa entrar em contato com um paciente colonizado ou infectado por MRSA, ou com o ambiente imediato do paciente. Não avaliamos os efeitos adversos ou questões económicas associados a estas intervenções.

Estudos com qualquer grupo de comparação foram elegíveis. Incluímos os seguintes desenhos de estudo: ensaios clínicos controlados randomizados (cluster ou não), ensaios clínicos controlados quasi-randomizados (cluster ou não), ensaios clínicos controlados não randomizados (cluster ou não), estudos controlados antes e depois, estudos de coorte controlados antes e depois, estudos de séries temporais interrompidas (controlados ou não) e estudos de medidas repetidas. Não houve restrições de idiomas ou data de publicação.

Coleta dos dados e análises: 

Dois autores, trabalhando de forma independente, avaliaram a elegibilidade dos estudos. Se algum estudo tivesse sido incluído, dois autores da revisão (trabalhando de forma independente) fariam a extração dos dados (pelo menos para os dados dos desfechos) e a avaliação do risco de viés. Planejávamos seguir os procedimentos metodológicos padrão sugeridos pela Cochrane e pelo Grupo Cochrane EPOC para avaliar o risco de viés e para analisar os dados.

Principais resultados: 

Não identificamos nenhum estudo elegível (concluído ou em andamento) que pudesse ser incluído na revisão.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Afiliado Rio de Janeiro / Faculdade de Medicina de Petrópolis, Cochrane Brazil (Luis Eduardo Fontes e Maria Regina Torloni). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br

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