As úlceras nos pés (feridas abertas) são comuns em pessoas com diabetes mellitus (tipo 1 e tipo 2), especialmente naqueles que têm problemas nos nervos (neuropatia periférica) ou na circulação do sangue nas pernas (doença vascular periférica) ou ambos. Algumas pessoas com úlceras por diabetes podem precisar de amputação (cirurgia para retirar parte do membro). As úlceras nos pés podem levar a incapacidade física, piora da qualidade de vida e a impacto econômico (custos com saúde, invalidez). Portanto, o objetivo é evitar que os pacientes com diabetes desenvolvam úlceras nos pés. Isso pode ser feito, por exemplo, mostrando aos pacientes com diabetes como cuidar dos seus pés ou incentivando os médicos a verificaram mais frequentemente como estão os pés dos seus pacientes. Os resultados das estratégias de prevenção com apenas um componente têm sido insatisfatórios. Portanto, na prática clínica, é frequente o uso de intervenções preventivas complexas, que envolvem não só os pacientes mas também os profissionais de saúde e/ou a estrutura dos cuidados assistenciais. Esta revisão de estudos com intervenções complexas para prevenir esse tipo de úlcera encontrou evidências insuficientes para afirmar que esse tipo de intervenção é efetiva na redução dos problemas nos pés.
Não há evidência científica de alta qualidade sobre intervenções complexas para prevenir úlceras nos pés dos diabéticos. A evidência sobre os benefícios dessas intervenções é insuficiente.
As úlceras nos pés dos diabéticos são um grande problema que pode levar a amputação dos pés e pernas, além de trazer impacto econômico significativo. As estratégias com apenas um tipo de intervenção para prevenir esse tipo de úlcera não reduzem significativamente a incidência desse problema. Portanto, na prática clínica, é frequente o uso de intervenções preventivas complexas, que envolvem pacientes, assim como profissionais de saúde e/ou a estrutura dos cuidados assistenciais.
Avaliar a efetividade de intervenções complexas na prevenção das úlceras nos pés dos diabéticos em comparação com intervenções com apenas um componente, cuidado habitual ou outras intervenções complexas. Uma intervenção complexa é definida como uma abordagem de cuidados integrados que combina duas ou mais estratégias de prevenção em pelo menos dois níveis diferentes de cuidado (o paciente, o profissional de saúde e a estrutura da assistência à saúde).
Para a segunda atualização desta revisão, fizemos buscas nas seguintes bases de dados: Cochrane Wounds Group Specialised Register (em 22 de maio 2015), Cochrane Central Register of Controlled Trials, CENTRAL; The Cochrane Library 2015, Issue 4), Database of Abstracts of Reviews of Effects, DARE; The Cochrane Library 2015, Issue 4), Health Technology Assessment Database, HTA; The Cochrane Library 2015, Issue 4), NHS Economic Evaluation Database, NHS EED; The Cochrane Library 2015, Issue 4), Ovid MEDLINE (1946 até 22 de maio 2015), Ovid MEDLINE (In-Process & Other Non-Indexed Citations, 21 de maio 2015), Ovid EMBASE (1974 até 21 de maio 2015) e EBSCO CINAHL (1982 até 22 de maio 2015).
Incluímos ensaios clínicos randomizados (ECRs) prospectivos que compararam a efetividade de estratégias preventivas combinadas (não apenas educação do paciente) para prevenir úlceras nos pés dos diabéticos versus intervenções isoladas, cuidado habitual ou outras intervenções complexas.
Dois autores da revisão, trabalhando de forma independente e usando critérios preestabelecidos, selecionaram os estudos, extraíram os dados e avaliaram o risco de viés dos estudos incluídos.
Apenas seis ECRs preencheram os critérios de inclusão. As características dos estudos diferiram consideravelmente quanto aos locais, à natureza das intervenções estudadas e às medidas dos desfechos. Houve pouca evidência de benefício em favor da intervenção em três estudos que compararam o efeito de uma intervenção educativa complexa versus cuidado habitual ou instruções escritas. Três estudos compararam o efeito de intervenções complexas mais intensivas e abrangentes versus cuidado habitual. Um estudo encontrou uma redução significante e custo-efetiva, sobre amputação dos membros inferiores (RR 0,30, IC 95% 0,31 a 0,71). Outro estudo encontrou uma redução significante das amputações e das úlceras nos pés. O último estudo encontrou melhora nos autocuidados dos pacientes. Todos os seis ECRs incluídos nesta revisão tinham alto risco de viés e quase nenhum dos critérios de qualidade predefinidos foram preenchidos.
Traduzido por Cochrane Brazil (Nicole Dittrich Hosni). Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br