O plasma fresco congelado é obtido a partir do sangue completo de doadores de sangue. Ele contém um número de fatores que ajudam na coagulação sanguínea. O risco de sangramento em cirurgia de coração aberto ou em cirurgia nos vasos sanguíneos principais é alta. Plasma fresco congelado é por vezes administrado nesses pacientes para reduzir sangramento. Ele pode ser administrado profilaticamente (para prevenir hemorragia) ou terapeuticamente (para tratar hemorragia). No entanto, existem riscos de efeitos colaterais do plasma fresco congelado, como reação alérgica severa ou problemas respiratórios.
Buscamos fontes científicas para identificar ensaios clínicos elegíveis e encontramos 15 estudos com 755 pacientes. A evidência é atual até Abril de 2015. Catorze estudos comparando PFC profilático contra nenhum PFC e um estudo comparando dois tipos de PFC, ambos usados terapeuticamente. Não há estudos informando sobre todos os desfechos. Não havia qualquer risco alto de viés, ou risco incerto, na maioria dos ensaios clínicos incluídos nesta revisão.
O nosso desfecho primário foi a morte dentro de 30 dias após a cirurgia. Seis ensaios clínicos (com 287 pacientes) observaram esse desfecho e não encontraram nenhuma diferença clara na mortalidade entre os grupos de tratamento mas a qualidade das evidências foi muito baixa. Também não houve diferença na quantidade de sangue perdida nas primeiras 24 horas após a cirurgia (medido em cinco ensaios clínicos; evidência de baixa qualidade), ou o risco de retornar ao centro cirúrgico para reoperação (medido em oito ensaios clínicos; evidência de moderada qualidade). Os pacientes que tinham PFC receberam significativamente mais glóbulos vermelhos, sugerindo que PFC pode não ser efetivo nesse cenário (evidência de moderada qualidade). Medição de um teste sanguíneo usado para avaliar a coagulação sanguínea (tempo de protrombina) foi relatado em oito ensaios clínicos e mostrou que a coagulação foi melhorada com o uso profilático de PFC (evidência de moderada qualidade). No entanto, a diferença era muito pequena para fazer diferença na prática clínica. Apenas um estudo incluiu os eventos adversos relatados como desfecho e não relatou eventos adversos devido a transfusão de PFC.
A revisão não encontrou nenhuma evidência para eficácia do PFC para a prevenção de sangramento em cirurgia cardíaca e encontrou algumas evidências de aumento da necessidade global de transfusão de glóbulos vermelhos naqueles tratados com PFC. Não houve eventos adversos relatados devido a transfusão de PFC. No geral, a evidência para a segurança e eficácia de PFC profilático para cirurgia cardíaca é insuficiente. Os ensaios clínicos focaram na prevenção de hemorragia e não abordaram a prevenção de hemorragia em pacientes com coagulação sanguínea anormal ou para o tratamento de pacientes com sangramento.
Esta revisão não encontrou nenhuma evidência para apoiar a administração profilática de PFC aos pacientes sem coagulopatia submetidos a cirurgia cardíaca eletiva. Não havia evidências suficientes sobre o tratamento de pacientes com coagulopatias ou aqueles que estão passando por uma cirurgia de emergência. Não foram relatados eventos adversos atribuíveis à transfusão de PFC, embora houvesse um aumento significativo no número de pacientes necessitando de transfusões de glóbulos vermelhos que foram randomizados para PFC. A variabilidade nos desfechos relatados entre ensaios clínicos impediu meta-análise para muitos desfechos entre todos os ensaios clínicos, e havia evidência de um elevado risco de viés na maioria dos estudos. Outros estudos adequadamente monitorizados de PFC, ou agentes pró-hemostático comparáveis, são necessários para avaliar se maiores reduções no tempo de protrombina se traduzem em benefícios clínicos. No geral, a evidência dos ensaios clínicos controlados randomizados para a segurança e eficácia da transfusão profilática de PFC para cirurgia cardíaca é insuficiente.
O plasma fresco congelado (PFC) é um componente do sangue contendo fatores pró-coagulantes, que é por vezes usado em cirurgia cardiovascular com o objetivo de reduzir o risco de sangramento. O objetivo desta revisão é avaliar o risco de mortalidade para pacientes submetidos a cirurgia cardiovascular que recebem FFP.
Avaliar a relação risco benefício na transfusão de PFC em cirurgia cardiovascular para o tratamento de pacientes hemorrágicos ou para a profilaxia do sangramento.
Buscamos 11 bases de dados bibliográficas e quatro bancos de dados de ensaios clínicos em andamento, incluindo o Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL, Edição 3, 2015), MEDLINE (OvidSP, de 1946 a 21 de Abril de 2015), EMBASE (OvidSP, de 1974 a 21 de Abril de 2015), PubMed (e-publicações apenas: buscado em 21 de Abril de 2015), ClinicalTrials.gov, Organização Mundial da Saúde (OMS) ICTRP e o ISRCTN Register (buscado em 21 de Abril de 2015). Também buscamos as referências de todos os ensaios clínicos identificados e artigos de revisão pertinentes. Nós não limitamos as buscas pelo idioma ou pela categoria da publicação.
Incluímos ensaios clínicos controlados randomizados em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca ou vascular maiores que foram alocados a um grupo PFC ou um controle (sem plasma ou um controle ativo, quer plasma clínico (qualquer tipo) ou um produto de sangue derivado do plasma). Incluímos participantes de qualquer idade (recém-nascidos, crianças e adultos). Foram excluídos os estudos de plasmaferese e troca de plasma.
Dois autores selecionaram eletronicamente todas as citações e resumos dos artigos identificados pela estratégia de avaliação da revisão Dois autores avaliaram o risco de viés nos estudos incluídos e extraíram os dados independentemente. Tivemos o cuidado de observar se PFC foi usada terapeuticamente ou profilaticamente dentro de cada ensaio clínico.
Incluímos 15 ensaios clínicos, com um total de 755 participantes para análise na revisão. Catorze ensaios clínicos compararam o uso profilático de PFC contra nenhum PFC. Um estudo comparou o uso terapêutico de dois tipos de plasma. O momento da intervenção variou, incluindo transfusão de PFC no momento da neutralização da heparina e parada da circulação extracorpórea (CEC) (sete ensaios clínicos), com priming na CEC (quatro ensaios clínicos), após a indução da anestesia (um ensaio clínicos) e pós-operatório (dois ensaios clínicos). Doze ensaios clínicos foram excluídos devido pacientes submetidos a cirurgia de emergência e nove pacientes excluídos com coagulopatias.
No geral os ensaios clínicos eram pequenos, com apenas quatro relatando a priori um cálculo do tamanho da amostra. Nenhum ensaio clínicos foi desenhado para determinar mudanças na mortalidade como desfecho primário. Não havia qualquer alto risco de viés ou risco incerto, na maioria dos ensaios clínicos incluídos nesta revisão.
Não houve diferença no número de mortes entre os braços da intervenção nos seis ensaios clínicos (com 287 pacientes) relatando mortalidade (evidência de muito baixa qualidade). Também não houve diferença na perda de sangue nas primeiras 24 horas para pacientes neonatais / pediátricos (quatro ensaios clínicos com 138 pacientes; evidência de baixa qualidade): diferença média (MD) -1,46 ml/kg (intervalo de confiança de 95% (IC) -4,7 para 1,78 ml/kg); ou pacientes adultos (um ensaio clínico com 120 pacientes): DM -12,00 ml (IC 95% -101,16 a 77,16 ml).
A transfusão com PFC foi inferior no controle para prevenção nos pacientes recebendo qualquer transfusão de glóbulos vermelhos: Peto odds ratio (OR) 2,57 (IC 95% 1,30 a 5,08; evidência de qualidade moderada). Houve uma diferença no tempo de protrombina dentro de duas horas da transfusão de PFC em oito ensaios clínico (com 210 pacientes; evidências de qualidade moderada) favorecendo o braço do PFC: -0,71 segundos (IC 95% -1,28 a -0,13 segundos). Não houve diferença no risco de voltar ao centro cirúrgico para reoperação (oito ensaios clínicos com 398 pacientes; evidência de qualidade moderada): Peto OR 0,81 (IC 95% 0,26 a 2,57). Apenas um estudo incluiu os eventos adversos relatados como desfecho e não relataram eventos adversos significativos seguintes a transfusão de PFC.
Tradução CD007614. Traduzido por: Joyce Mendes Soares, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil. Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com